sexta-feira, 15 de maio de 2015

O CORINTHIANS E SEUS FANTASMAS


"As coisas que o Corinthians conseguiu prepararam o terreno para um crescimento contínuo. Estou confiante de que em quatro ou cinco anos o Corinthians vai ser um dos três clubes mais poderosos do mundo."
(Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, em entrevista à revista norte-americana "Forbes" em setembro de 2013)

O atacante Santander bate a falta, um chute fraco, rasteiro. O goleiro Cássio falha bisonhamente ao não segurar a bola que, caprichosa, faz uma curva e entra no canto direito do gol. Guaraní-PAR 1 x 0 Corinthians. Tite não muda a forma da equipe jogar e, aos 37 minutos, em jogada rápida de contra-ataque, o paraguaio Contrera invade a área corintiana e toca para o gol na saída de Cássio. 2 x 0.
Sim, o fantasma Tolima voltava a assombrar as noites dos corintianos. Como um pesadelo de mau gosto depois de tanto tempo dormindo de barriga cheia, pela soberba de quem um dia acreditou que viria a ser um dos clubes mais poderosos do planeta. Dessa vez, o fantasma foi ainda mais assombroso do que há quatro anos. O Guaraní era a reencarnação do Tolima dentro do Itaquerão lotado, jogando um futebol feio, sem riscos, sem brilho, vencendo por um insuportável placar de 1 x 0, exatamente como era o Corinthians de Tite que ganhou tudo em 2012 (porque jogar feio também dá resultados, como também mostrou o inexpressivo time paraguaio do atacante com nome de banco).
O Corinthians volta a enfrentar agora outro velho conhecido indigesto depois de muito tempo: a crise. Uma crise que já se instalou dentro de campo desde a eliminação no Campeonato Paulista para o Palmeiras em Itaquera, que poderia ter vindo uma semana antes, não fosse aquele gol mal anulado pelo árbitro diante da Ponte Preta. E muita gente anda dizendo por aí que a razão pelos recentes resultados negativos é decorrente de outra crise que há tempos acontece fora de campo: o atraso dos salários dos jogadores. Sim, até o mais otimista dos corintianos não consegue entender como um clube que quase ontem conquistou uma Libertadores, um Mundial e ganhou um estádio novinho em folha que foi palco de Copa de Mundo, pode estar devendo salários. Será que o elenco entrou em greve e por isso foi eliminado da Libertadores e do Paulista dentro de sua casa? Ou será que o time que "jogava o melhor futebol do país", segundo o técnico Tite, acelerou e subiu a rampa de produtividade numa velocidade maior que os demais times e, ao atingir um certo patamar, se estabilizou? O time parece não conseguir render mais do que já fez. A tendência pode ser continuar no atual ritmo ou, quem sabe, até desacelerar e cair de rendimento. Afinal, perder para o Guaraní do Paraguai por um placar agregado de 3 x 0 e com dois jogadores expulsos dentro de casa é quase sinal de desespero.
Se os jogadores estão "em greve" pelos salários atrasados ou se a nova versão da "titebilidade" chegou em seu ponto máximo antes da metade da temporada, o fato é que a eliminação precoce na Copa Libertadores faz o clube ficar com pires na mão, uma vez que manter-se no torneio sul-americano era a maior garantia de sobrevivência financeira.
Pelo menos uma coisa todo mundo já sabe: a crise no Corinthians é bem maior do que muita gente imaginava. O acaso nem sempre protege os distraídos. Especialmente os soberbos que querem dominar o mundo, mas que têm medo de fantasmas.

Leia:  "Corinthians será um dos três maiores do mundo", diz Andrés Sanchez a revista Forbes em 2013 http://migre.me/pS5Qz

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