domingo, 10 de janeiro de 2016

DIEGO LUGANO, O "CARA DA TORCIDA"


" - Entendo que não posso dar as costas à minha história e ao carinho que tenho pelo São Paulo. Tive que tomar essa decisão. A decisão foi muito difícil, mas tenho 35 anos e tive que tomá-la."
(Diego Lugano, ex-jogador do Cerro Porteño-PAR, anunciando em entrevista coletiva que vai voltar a jogar pelo São Paulo).

Quando entrou no gramado do Morumbi, na noite de 11 de dezembro de 2015, o uruguaio Diego Lugano entendeu porquê teria de voltar a vestir a camisa do São Paulo. Pelo apelo inflamado dos mais de 60 mil são-paulinos nas arquibancadas e, principalmente, por ele próprio e por sua carreira. Sua história, como ele próprio citou.
Lugano não é mais o "reforço do presidente" de 12 anos atrás. O jogador que era reserva no time do Nacional-URU e que chegou ao Morumbi sob suspeita. Lugano é hoje bem mais do que isso. É o "cara da torcida". Porque o são-paulino vê no uruguaio o símbolo da raça, da volta do respeito e do prestígio.
Doze anos depois, Lugano é hoje um veterano de 35 anos. Nunca foi um primor de técnica, pelo contrário. É limitado como quase todos os zagueiros e tem seus momentos de Pablo Guiñazu. Ele sabe que a vida dentro de campo está ficando mais difícil a cada temporada, porque ao veterano as críticas são mais duras e mais ásperas, e se enxerga mais a decadência do que as virtudes. Ao contrário do que seria no paraguaio Cerro Porteño, com quem rescindiu contrato, no São Paulo Lugano será ovacionado a cada chutão que der na bola, a cada cabeçada pra fora da área, a cada "mal-encarada" no adversário. "El Díos", como é chamado pelos são-paulinos, representa para o torcedor a liderança perdida com a aposentadoria do ídolo Rogério Ceni. No Cerro, Lugano teria que ser o zagueiro raçudo, esbanjando vitalidade e vigor físico mesmo aos 35 anos. Seria reprovado quando errasse um passe, xingado quando cometesse um pênalti e talvez vaiado no fim da partida. No São Paulo, Lugano pode ser qualquer coisa, desde que esteja em campo. O zagueiro, o volante, o lateral e até o goleiro. O que o são-paulino quer mesmo é sua presença, sua influência, sua autoridade. Ele vem para ser a referência do time. O cara que vai gritar e gesticular o jogo inteiro, reclamar com o árbitro e o assistente, arrumar a equipe, estimular os mais jovens a se "entregarem" mais. Lugano chega para ser a "luz" nas trevas da Copa Libertadores. Chega para devolver o orgulho aos são-paulinos. Dentro de campo, Lugano será a imagem personificada de todos os milhões de são-paulinos correndo e gritando com quem não está correndo, exigindo raça e comprometimento de todos os jogadores durante os 90 minutos.
Pouco importa para Díos Lugano e para o são-paulino se ele tem 35 anos, se não corre mais como há uma década ou se ele fará gol, seja na Copa Libertadores ou no Campeonato Paulista. Para o torcedor, o que importa de fato é aquilo que o uruguaio representa para o seu time. O que Lugano fez ou deixou de fazer por onde passou antes de seu retorno, se foi ou não uma decepção no Málaga, no Paris-Saint-Germain ou no Fenerbahçe, se foi titular ou reserva na seleção uruguaia na última Copa do Mundo, se tem um alto salário livre de impostos, tudo isso não tem a menor relevância. O importante para o são-paulino é o que seu ídolo já fez e fará vestindo novamente a camisa do São Paulo.
Aos 35 anos, Lugano precisa do São Paulo. E em 2016, o São Paulo precisa de Lugano.

Nenhum comentário: