"A Associação Portuguesa de Desportos foi rebaixada para a Série D do Campeonato Brasileiro na tarde deste domingo. Na condição de visitante, o tradicional time rubro-verde perdeu por 2 a 0 para o Tombense, resultado que provoca a queda à última divisão do futebol nacional."
(Notícia dada pelo repórter de uma tradicional emissora de rádio paulistana às 17h56 do dia 18 de setembro de 2016)
E já que você se propõe a amá-lo pelo resto de sua vida, por que cargas d'água escolher um time secundário, que pouca gente conhece seus ídolos e sua história, eternamente a "zebra" que não conquista um título há mais de 40 anos? Para que escolher sofrer numa das poucas coisas da vida em que se tem o privilégio de optar?
Junior pensava assim. Mas encontrava algum tipo de resposta vendo o fanatismo de seu pai pelo time do Canindé. Um velho português sisudo e de cara fechada, mas que fazia festa na padaria após cada vitória da Lusa e que chegava a fechar as portas mais cedo quando a derrota era mais dolorida. Junior nunca gostou tanto de futebol como seu pai, nunca foi de jogar bola nos campinhos como a maioria de seus amigos durante a infância, mas quase sempre o acompanhava até o Canindé nas tardes de domingo. O pai era um torcedor apaixonado, romântico, que odiava ouvir de quem quer que fosse que "a Portuguesa era o segundo time de todo mundo". Para seu pai, a Lusa era, por exemplo, "muito mais soberana que aquele clube do bairro nobre da capital". E sua torcida era "bem mais fiel" que a daquele time vizinho, que ficava a poucos minutos do Canindé seguindo na mesma Marginal Tietê. Junior jamais viu seu pai vestir uma camisa que não fosse a rubro-verde. Os times considerados grandes, dos craques da televisão e da mídia, simplesmente faziam parte do resto.
- E o resto, meu filho, é o resto - dizia o pai.