Rogério Ceni tenta "barrar" Valdívia durante a comemoração de seu gol |
Me lembro de dois casos inusitados a respeito que aconteceram há pouco tempo, no Campeonato Brasileiro de 2012. Dois jogadores levaram cartão amarelo por "comemorar" seus gols. E não foi porque tiraram a camisa. Não fizeram isso.
No jogo Coritiba 1 x 2 Santos, no estádio Couto Pereira, Neymar foi vítima de insultos e xingamentos por toda a partida, razão do recalque de torcedores adversários. As vaias eram constantes ao então atacante santista, que estava bastante apagado em campo. Só que, no 2º tempo, Neymar fez 2 gols, um deles driblando cinco jogadores antes de finalizar. Um golaço. E saiu comemorando em direção à torcida santista, porém retribuindo com gestos às provocações que recebeu das arquibancadas. Levou cartão amarelo. Ou seja, o jogador é xingado e vaiado a exaustão o jogo inteiro e não pode comemorar seus gols fazendo um simples gesto de "não ouvi" para a torcida que o pilhou. Foi punido por isso.
No mesmo Brasileiro, no clássico Palmeiras 0 x 2 Corinthians, no Pacaembu, o alvo foi o atacante Romarinho. Considerado o algoz do time verde, o atacante corintiano fez o 1º gol do jogo e foi comemorar diante da torcida palmeirense, beijando o escudo de sua camisa. Tal atitude provocou a ira de parte da torcida e de alguns jogadores do Palmeiras. Após uma breve confusão, Romarinho também foi "punido" com cartão amarelo.
A última dose de mesquinhez veio agora no clássico Palmeiras 2 x 0 São Paulo, pelo Campeonato Paulista deste ano, no mesmo Pacaembu. Todo mundo que acompanha futebol sabe que Rogério Ceni e Valdívia são desafetos praticamente declarados. Tudo começou no Paulista de 2008, quando ambos se estranharam após um gol do chileno que eliminou a equipe de Ceni da fase final do torneio. O gesto de "cala boca" direcionado ao ídolo e goleiro são-paulino rendeu ao meia palmeirense um "esfregão" no rosto. Já neste último confronto, Valdívia abriu o placar para seu time com um gol de cabeça. Saiu para comemorar em direção à sua torcida quando, de repente, inverteu de lado e fez questão de passar em frente ao goleiro do São Paulo com o punho em riste, feliz da vida, provocativo, irritante, com seu inigualável e enorme sorriso. Rogério, irritado, tentou acertar o chileno com o pé, porém sem êxito. De tabela acabou dando um "encontrão" em outro palmeirense, Alan Kardec, que corria logo atrás de Valdívia.
Pouco para rapidamente "esquentar" as redes sociais com discussões desnecessárias e pontos de vista equivocados, nada futebolisticamente corretos.
Valdívia se sentiu no direito de, mais uma vez, provocar seu desafeto e rival Rogério Ceni após o gol. Que se sentiu no direito de tentar "atrapalhar" essa comemoração com tom claro de provocação. Nada mais do que isso. E as farpas entre os dois vão acontecer cada vez que se encontrarem dentro de campo. Contudo, já tem gente querendo levar a julgamento a "tentativa de agressão" de Rogério em Valdívia. Pois é.
Quem joga ou já jogou futebol está cansado de saber que esse tipo de coisa acontece desde que o futebol existe. E que essa essência não vai mudar, mesmo com os "adoradores de fair-play" ou os "donos da moral e dos bons costumes" de plantão se manifestando indignados a cada cena normal como essa dentro das quatro linhas, ávidos por alimentar picuinhas ou despejar suas regras em qualquer oportunidade. Do jeito que as coisas andam, daqui a pouco vão querer proibir a torcida de gritar gol, de modo a não "provocar" a torcida adversária do outro lado.
Tenho saudade da época das declarações polêmicas, das piadas, das trocas de farpas entre jogadores e dirigentes, das frases de efeito, das provocações públicas, das coreografias depois dos gols, das dancinhas, de caçoar do rival, de se ter o direito de comemorar um gol, uma vitória, uma decisão e até um rebaixamento do time adversário. Tudo de forma saudável e civilizada, com alegria e deboche, como sempre foi e tem que ser.
Futebol é isso, é pura rivalidade, é tiração de sarro, é gozação. Se não puder mais ser assim, vira jogo de tênis e perde toda a graça.
2 comentários:
Lembra do Viola imitando um porco em sua comemoração num Palmeiras X Curitia? (Palmeiras campeão, diga-se de passagem). E dos jogadores palmeirenses que entraram em campo com os cabelos verdes? kkkk
Realmente, antes as provocações eram um "algo a mais" no prazer de assistir futebol. Tudo bem que muitas vezes terminava em pancadaria, né...
E outra, qto ao lance do Ceni e o Valdivia: Se o Valdivia cismar de dar uma mordida na mão do Ceni ele perde até o braço. O dente do cara parece uma armadinha de pegar onça...
Claro que lembro..rs No 2º jogo das finais, o Palmeiras campeão e a torcida palmeirense gritava: "Chora, Viola! Imita o porco agora!"... Quando o Paulo Nunes usou a máscara do porco com uma tarja da bandeira japonesa em alusão à final do Mundial Interclubes de 1999.. Não há nenhuma dúvida de que o futebol era bem mais empolgante, mais divertido, mais prazeroso. Futebol é isso. Valeu, abraços!
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