sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A SAÍDA CRUEL DE VANDERLEI LUXEMBURGO

Há bastante tempo, Vanderlei Luxemburgo se tornou um treinador decadente. Ele conquistou seu último título nacional há oito anos, o Campeonato Brasileiro de 2004 com o Santos. Nos últimos cinco anos, foram "apenas" 3 títulos estaduais. Seu trabalho vem sendo contestado a cada temporada, além de uma passagem frustrante pelo Real Madrid-ESP, onde ficou mais lembrado pelo seu folclórico "portunhol" do que pelo seu desempenho à frente do clube espanhol. Mas tenho respeito e admiração por Luxemburgo. Gosto de sua visão estratégica na beira do campo e de seus métodos motivacionais. Mas não gosto de seu apelo pelo "estrelato", sua vocação de celebridade, sua atração pelos holofotes da mídia. Talvez se Luxemburgo soubesse conciliar futebol com gestão extracampo, sua permanência nos bastidores dos clubes seria menos conturbada.
Assim como aconteceu no Flamengo. Luxemburgo saiu desacreditado do Atlético-MG e foi convidado para administrar um projeto no Flamengo, que consistia, entre outras coisas, em melhorar o rendimento do time dentro de campo, classificação para a Copa Libertadores e a construção de um Centro de Treinamento. E atingiu suas metas, pactuadas em conjunto com a direção do clube.
Por isso, para mim foi uma crueldade o que a presidente Patricia Amorim fez com o treinador: anunciar seu desligamento horas antes do jogo mais importante do ano para o Flamengo. Isso não podia ter acontecido, foi falta de uma ética que a própria presidente cobra de alguns dirigentes, mesmo que isso pudesse ser uma espécie de motivação ao elenco, já que o técnico estava em baixa no vestiário e nos bastidores.
Luxemburgo tinha problemas de relacionamento com bastante gente dentro da Gávea. De jogadores a dirigentes, inclusive com a estrela Ronaldinho Gaúcho, que através de seu nome consegue atrair mídia e pode ser considerado como fonte de renda para os cofres do clube, apesar dos tímidos patrocínios. Vanderlei Luxemburgo bateu de frente, mais uma vez, com a estrela do time e foi ofuscado. Pior, foi derrubado.
A presidente que desmentiu a demissão no dia do jogo foi a mesma que o dispensou definitivamente no dia seguinte. Uma saída que já havia sido noticiada por boa parte da imprensa anteriormente, pois certas informações "vazam" pelos ralos deixados por dirigentes de clubes.
Luxemburgo foi leal à Patricia Amorim, que foi desleal com ele. Mostrou estar de fato perdida na administração do clube, mostrou parecer estar sendo conduzida por outras pessoas de todo tipo de interesse.
O Flamengo contratou Joel Santana para o posto de Vanderlei Luxemburgo. Eu particularmente não gosto do jeito de trabalhar do Joel Santana, estilo "paizão", antiquado, à la prancheta, que só teve sucesso nos times do Rio de Janeiro. Sua passagem pelo Cruzeiro, em 2011 por exemplo, foi melancólica. Mas acredito que, neste momento, Joel Santana é a melhor opção para o Flamengo, pela identificação do treinador com o time carioca e com a torcida.
Num mercado cada vez com menos opções interessantes, Joel Santana é o que sobrou para o Flamengo. Um Flamengo mais uma vez instável às vésperas de um torneio difícil, complicado e bastante competitivo como a Libertadores.

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