Senta-se. Cara de poucos amigos. Abaixa a aba do boné até quase a metade do rosto. Cruza os braços. Sisudo, olha fixamente para os entrevistadores na sala, sem mexer o corpo colado na bancada. Apenas os olhos se movimentam na direção de cada um. Uma voz anuncia o início da coletiva.
As perguntas começam a ser feitas e a prioridade é atender aos veículos que estão mostrando a entrevista ao vivo no rádio e na televisão.
Enquanto isso, fico revisando as perguntas que preparei. Preciso escolher duas ou no máximo três das nove que estão no meu bloco de notas. São essas:
1) Existe alguma resistência em trabalhar com as categorias de base ou o CT de Cotia, tão bem estruturado, tem dificuldade para revelar jogadores? Se existe, qual é o motivo dessa resistência?
2) Fazer críticas públicas ao elenco ou direcionadas à alguns jogadores é algum tipo de técnica motivacional?
3) Por que, nas últimas temporadas, os times treinados pelo senhor apresentam "decréscimo de resultados" no decorrer das competições?
4) O senhor concorda que se o Milan tivesse um elenco com Rogério Ceni, Álvaro Pereira, Ganso, Alexandre Pato, Kaká, Alan Kardec e Luis Fabiano seria idolatrado aqui no Brasil?
5) Por que então esse time não consegue engrenar, mesmo com a chegada dos reforços solicitados? Esse time não "pode mais"?
6) Por que a constante preocupação em não levar gols, mesmo dentro de casa, se o time possui um ataque que pode ser bem mais criativo e fazer mais gols do que levar?
7) Contra Ponte Preta e Bragantino, o time treinado pelo senhor perdeu em casa, de virada e pelo mesmo placar, 3 x 1. Por que a queda de produção durante jogos decisivos e contra times considerados pequenos?
8) Por que tamanha falta de confiança a um time grande e com elenco acima da média?
9) Creditar sempre o favoritismo ao adversário não abala a "auto-estima" do grupo, principalmente antes de partidas importantes?
De repente, por causa de uma pergunta questionando o esquema tático de sua equipe no jogo, ele se levanta rapidamente e sai da sala, irritado com o autor da questão. É o fim da coletiva.
Eu não tive tempo de sequer fazer uma pergunta. Mas certamente terei outras oportunidades em outras noites de quarta-feira ou domingo. A maioria dos torcedores ainda quer que ele fique onde está.
2 comentários:
Acabou de acabar o questionamento em evidência, o torcedor esqueceu com essa vitória de hoje.
Torcedor tem dessas coisas. É sazonal, quase passional. Se perdoa tudo quando se ganha um clássico, mesmo diante de um futebol imperdoável praticado. Pelo menos até o próximo revés.
Postar um comentário