Seedorf, Kaká e Robinho têm algumas coisas em comum.
São considerados veteranos, já estiveram em Copas do Mundo e jogaram pelos mesmos times no futebol europeu (Real Madrid
e Milan). Mais: são os precursores de uma nova categoria de jogador no Brasil: os
técnicos de campo.
Clarence Seedorf veio encerrar a
carreira de jogador no Rio de Janeiro, atuando pelo Botafogo, no mais
inesperado caso de amor de uma estrela solitária. O então meia holandês de 37 anos liderou
o time carioca na ótima campanha da temporada de 2013, o que levou o clube de
volta à Copa Libertadores da América depois de 17 anos sem disputar torneios
internacionais. Com sua experiência e seu futebol técnico e clássico, Seedorf era a voz de comando que os jogadores respeitavam e seguiam em todos os setores do campo.
Kaká e Robinho resolveram retornar neste ano, depois da Copa, para disputar
o Campeonato Brasileiro exatamente pelos clubes que os revelaram para o futebol há pouco mais de uma década e dos quais são ídolos da torcida.
o Campeonato Brasileiro exatamente pelos clubes que os revelaram para o futebol há pouco mais de uma década e dos quais são ídolos da torcida.
Kaká é um jogador menos veloz, porém bem mais cerebral. Mais robusto,
mais malicioso, mais líder. Orienta e dita o ritmo de sua equipe, faz a bola
correr e o time jogar. É o dono do quarteto formado por ele, Pato, kardec e
Ganso. Sem Kaká, a equipe do Morumbi perde sua referência e o time deixa de ser o 2º melhor do campeonato para se tornar apenas mais um jogado ao vento na primeira
página da tabela, o mesmo time comum que tropeçou diante de Chapecoense, Criciúma,
Coritiba, Bragantino...
Robinho amadureceu. O menino da Vila que virou gente grande. Mais
experiente, mas não menos atrevido, Robinho comanda o time do Santos dentro de
campo, mais que Oswaldo de Oliveira fazia e Enderson Moreira faz. Sua presença intimida e faz a equipe se impor diante dos adversários. Sem abandonar
o velho estilo que o consagrou, Robinho ainda pedala e dribla. Mas se não der
para driblar, ele toca a bola. Dificilmente erra um passe. Tem visão de jogo
mais apurada e dá bronca nos companheiros se o time estiver mal.
Kaká e Robinho não custam barato à São Paulo e Santos, respectivamente.
E nem Seedorf custava barato ao Botafogo. Mas é inegável que o desempenho de
suas equipes passam (ou passavam, no caso de Seedorf) irremediavelmente pela
liderança que exercem dentro e fora de campo.
Os técnicos de campo são voluntariosos, corrigem a marcação, distribuem
as jogadas e ensinam em tempo real. Influenciam os demais jogadores não pela autoridade, mas pela liderança e referência que possuem. Cuidam de seus times durante os jogos mais que seus treinadores que, desesperados, diversas vezes passam a partida inteira discutindo lances polêmicos com o quarto árbitro. Quem não tem um kaká, um Robinho ou um Seedorf em seu time, vai ter que depender desse treinador, o
tradicional, de cara sisuda, mal-humorado ou arrogante, que gosta de ficar esperneando e berrando à beira do gramado.
Será que o tão esperado processo de “renovação” da seleção brasileira, após
o fiasco do 7 x 1 para a Alemanha, passa pelos técnicos de campo, como Kaká e
Robinho?
Uma coisa é certa. Há
jogadores comandantes e comandados. Os técnicos de campo citados têm jogado muito mais
que Hulk, Oscar, Jô e Luiz Gustavo. Esses últimos, os comandados.
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