Você já viu
alguma vez um sorteio dos árbitros para cada rodada do Campeonato Brasileiro?
Você conhece os critérios utilizados para definir os tais sorteios de cada
partida?
O sorteio foi instituído pela Lei Pelé justamente para isso. Ser público, explícito e tentar evitar manipulação no campo de jogo. No entanto, pouca gente conhece o
processo. Mas “sortear” um árbitro resolve esse problema, elimina esse risco? Baseado
em quê?
O conceito e as regras de arbitragem são estabelecidos pela FIFA. No mundo inteiro. Porém, por razões óbvias, no caso do
futebol brasileiro, as informações se confundem e dentro de campo vemos um
festival de interpretações erradas e duvidosas que resultam em péssimas
arbitragens. Quais são as tais razões óbvias?
Em todo o
planeta, abaixo da FIFA vêm as confederações continentais. Se estivéssemos na
Europa, seria a UEFA. Que bom. Mas não, como estamos em terras tupiniquins, a
banda que toca por aqui é a da Conmebol (e por causa disso mesmo não copiamos
de quem deu certo). Abaixo da Conmebol, quem manda (e desmanda) é a CBF, de
Ricardo Teixeira, José Maria Marin e agora Marco Polo Del Nero. No rodapé desse
mecanismo “engenhoso” vêm finalmente as federações estaduais. Como quase tudo o
que acontece nos bastidores de todas essas instituições, é natural imaginar que
as comissões de arbitragem estão entupidas de dirigentes selecionados por
critérios políticos, e diversas vezes o conhecimento técnico de arbitragem fica
num plano secundário, sem tanta importância assim. Daí cria-se uma fórmula de
“sorteio” na tentativa de evidenciar o quanto se busca eliminar algum risco de
manipulação de resultados. E segue o jogo.
Outro fator que
contribui bastante para que o juiz seja cada vez mais xingado pelo torcedor, é que a
arbitragem não é profissionalizada. Não existe preparo, o conhecimento técnico
é desprezado e longe de termos um padrão de trabalho dos árbitros, em todos os
níveis de competição.
Por essas e
outras razões, um pênalti é marcado a dois metros de distância da área, não
existe critério para bola na mão ou mão na bola, impedimentos escandalosos são
omitidos e os inexistentes são assinalados. A mesma falta que é marcada no meio
de campo deixa de ser assinalada dentro da área. Qual é o critério?
Para tentar
minimizar, inventaram mais dois postos (ou "postes") dentro de campo: os tais assistentes que
ficam atrás de cada gol. Na verdade, torcedores privilegiados que não pagam
ingresso para assistir a partida bem de perto. Na última rodada do Campeonato Brasileiro,
um desses “auxiliares” não enxergou a bola quicar quase um metro para dentro do
gol e sair, no jogo entre Santos x Goiás, no Pacaembu.
Na semana
passada, estava em pauta a enorme polêmica sobre o toque da mão dentro da área,
quando é intencional ou quando é involuntário. Choveram discussões, debates,
declarações, polêmicas. Mas e se a recomendação de quem manda na arbitragem
estivesse devidamente documentada? No papel, no manual de instruções dos apitadores? Mas não. Tudo é questão de interpretação subjetiva por parte dos homens de preto. E isso pode arruinar um jogo, um campeonato. A instrutora da
Comissão de Arbitragem, Silvia Regina, declarou na televisão que “se o cara
der azar da bola bater na mão dele, o pênalti tem que ser marcado”. Ou seja,
a própria representante do universo geral dos árbitros demonstra um
conhecimento técnico baseado no “azar ou na sorte” dos jogadores, de
interpretação claramente subjetiva.
O árbitro
brasileiro também não é orientado para privilegiar o momento mais esperado: o
gol. Se um lance de impedimento gera dúvida, o assistente prefere se desobrigar da
responsabilidade e assinala infração. Na dúvida, o impedimento normalmente é
marcado em detrimento de uma condição clara de gol.
Pior: árbitros
costumam ser caseiros. Diante de uma situação de pressão, eles geralmente optam
por favorecer o time de maior torcida no estádio, mesmo diante dos holofotes e
das imagens que não mentem. É quase um instinto natural de um árbitro
não-profissional.
Talvez por causa do
tipo de orientação passada aos apitadores, o número de pênaltis marcados no
Brasil subiu 150%. E o jogo ficou mais lento, mais truncado, mais previsível, mais feio. E mais
“duvidoso”.
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