Do outro lado, um time ansioso, preocupado, tenso. Que sequer estava no gramado durante a execução do hino nacional. Um time que viveu uma semana de incerteza disfarçada de euforia e acabou mesmo sucumbindo diante da pressão de um alçapão. Seu craque, um chileno chamado Valdívia, não deixava o mais otimista dos torcedores compreender o porquê de sua presença em campo no lugar de Cleiton Xavier. Dudu, aquele outro "craque" que se valorizou mais nas férias do que com a bola rolando, se mostrou nervoso e despreparado nos dois jogos das finais. O melhor que fez na final foi ser expulso (e com isso melhorar o desempenho de seu time) e ainda provocar a expulsão injusta do santista Geuvânio. E como Geuvânio fez falta no ataque do Santos, ao contrário de Dudu que passou despercebido no lado do Palmeiras. Ricardo Oliveira e Zé Roberto, dois veteranos. Um chegou desacreditado e se tornou artilheiro do campeonato. O outro insistiu demais em afirmar o tempo todo que "o Palmeiras é grande" como se fosse necessário repetir tal frase a cada dia para que ninguém esquecesse.
O Santos campeão paulista de 2015 foi aquele que marcou mais de 30 gols, que surpreendeu e enfrentou o "melhor futebol do país" de igual para igual dentro do Itaquerão. Que encurralou Palmeiras e São Paulo em noites inspiradas na Vila e só não goleou ambos porque o time privilegia o futebol bem jogado ao invés de recorrer à eficiência.
Na decisão, a torcida pressionou, cantou, vibrou, jogou junto com os jogadores. E de novo cumpriu seu papel na Vila Belmiro: o Santos venceu e foi campeão paulista pela sexta vez nos últimos dez anos. E venceu duas vezes, no tempo normal e também nos pênaltis, um capricho e uma chance a mais que os palmeirenses tiveram e não aproveitaram, já que o placar agregado de 2 x 2 deveria, por lógica e merecimento, dar o título ao time de melhor campanha.
A segunda geração de meninos da Vila é mais uma vez vitoriosa. Assim como aconteceu em 2002, Robinho, Elano, Ricardo Oliveira e Renato ergueram um troféu novamente vestidos de branco, dessa vez ao lado de outros meninos, mais jovens, que correm por eles.
O Santos não foi apenas campeão (de novo) de um Campeonato Paulista. O Santos passou por cima de muitos problemas extra-campo de um início sombrio da temporada, que parecia não dar esperança ao seu torcedor mais fanático. Por isso é compreensível que torcedores de outros times procurem falar de "estádio pequeno, dívidas, processos na Justiça ou tamanho de torcida" para tentar bater de frente com a realidade que o incomoda, já que não há o que argumentar sobre o mais importante: o futebol. E neste caso, se o assunto for apenas futebol, é claro que contra fatos e dados não há argumentos.
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