E lá estavam eles, sentados no bar de sempre, falando sobre o de quase sempre.
Os dois corintianos roxos, ou como dizia um deles, "alvinegros". Nada de roxo, amarelo ou vermelho.
— E o Guerrero, hein? Depois de três anos, deixou o time. E meio que pela porta dos fundos - disse um deles.
— Qual a novidade? Sempre foi assim. Se lembra do Reizinho do Parque? - respondeu o outro.
— Rivellino? Ora, é claro que lembro. Muitos o consideram o maior jogador da história do Corinthians. Começou no Coringão com 19 anos e já foi pra seleção.
— Verdade. Se foi o maior da história eu não sei, mas que jogava muito, ahh... isso jogava. Chutava muito bem e seus passes eram sempre açucarados. Foi ele quem inventou o drible mais bonito do futebol, o "elástico" - afirmou sorridente o amigo.
— Pois é. Mas no fim o que aconteceu com ele? Saiu por baixo, considerado o grande culpado pela derrota por 1 x 0 para o Palmeiras na final do Paulista de 74, que manteve o jejum de títulos do Corinthians que durava 20 anos.
— O Riva fez 141 gols e mesmo assim saiu xingado do Parque São Jorge. Diziam que ele estava desinteressado e que não jogava mais para o time - enfatizou o amigo, franzindo a testa.
— E como brilhou depois no Fluminense. No primeiro jogo contra o Corinthians, Rivellino fez 3 gols. Uma espécie de desabafo.
— Aconteceu com o Ricardinho também, que conquistou sete títulos com a camisa do Corinthians. Era o xodó da Fiel - respondeu ele rapidamente.
— Saiu em 2002, com a torcida o xingando de traíra e tals. Era sempre bastante vaiado quando jogava contra o Timão no Pacaembu - lembrou-se o outro.
— E o Edílson Capetinha? Foi o craque do time que conquistou os Brasileiros de 1998 e 1999 e...
— Nenhum corintiano jamais esquecerá de suas famosas embaixadinhas no meio do campo na final do Paulista contra o Palmeiras, quando ele provocou a ira dos palmeirenses. Lembra do Paulo Nunes correndo igual louco atrás dele? hahaha - interrompeu seu amigo, gargalhando.
— E o que aconteceu com o Edílson? Em 2000 foi praticamente expulso do Parque São Jorge por causa da eliminação da Libertadores para o mesmo Palmeiras.
— Sim, ele se recusou a participar das cobranças decisivas de pênaltis. A torcida não o perdoou. Na mesma semana foi encurralado por torcedores e logo acabou se transferindo para o Flamengo - se lembrou o outro em movimento negativo com a cabeça.
— E o Marcelinho Carioca? - perguntou o primeiro, pedindo mais bebida no balcão.
— Nossa, o "pé de anjo", tão querido pela Fiel. Um dos maiores da história recente do Coringão. Exímio cobrador de faltas.
— Ganhou dez títulos, sempre foi adorado pelos corintianos - falou com satisfação o anterior.
— Brigou com Ricardinho, Rincón e outros jogadores, e também teve que sair pela porta dos fundos. Frustrante para quem deu tanta alegria ao torcedor - reforçou indignado o outro.
— Em seguida, surgiu o ídolo Carlitos Tevez, fruto da parceria com aquele iraniano suspeito com nome de carro importado.
— Ahhh, o argentino... raçudo, briguento em campo, rapidamente caiu nas graças da Fiel - disse um feliz e nostálgico corintiano.
— Bastou ser eliminado na Libertadores pelo River Plate para também azedar a relação com a torcida. Se lembra daquele jogo depois contra o Fortaleza? Tevez fez gol e saiu fazendo gestos e pedindo silêncio para a torcida no Pacaembu - relembrou em tom nervoso.
— Essa foi a gota d'água. Foi bastante xingado e teve seu carro chutado por torcedores enfurecidos. O argentino tremeu de medo e acabou saindo para o futebol inglês sem nenhuma festa.
E completou:
— E agora, de novo, a mesma coisa com o Emerson Sheik e o Paolo Guerrero.
— É... o Sheik fez os gols do inédito título da Libertadores. E o Guerrero fez os gols no Japão que deram o título mundial. Estão saindo sem sequer uma "despedida" honrosa.
— E veja só: o peruano não gostou do atraso em sua renovação de contrato e parece que até aceitou ganhar menos no Flamengo.
— Foi o fim do casamento de Guerrero com a Fiel. O Corinthians até o dispensou dois meses antes do fim do contrato. Sem direito a uma "última partida" ao jogador que fez um dos gols mais importantes da história do clube.
Pediram a saideira, meio que embriagados.
— Um brinde a todos os ídolos do Coringão que saíram pela porta dos fundos! - exclamou um deles.
— E um gole aos próximos que também vão sair! - profetizou o outro.
— Vai Corinthians! - berraram juntos.
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