terça-feira, 6 de outubro de 2015

OSÓRIO NO TIME CERTO, NA HORA ERRADA


Juan Carlos Osório é um treinador colombiano de 54 anos que, segundo os especialistas, possui um profundo conhecimento sobre futebol. É estrangeiro e somente por esse motivo está mais capacitado do que todos os técnicos brasileiros juntos, de acordo com o que pensam os mesmos especialistas. Sua chegada ao Brasil era o anúncio da "revolução" que o ex-país do futebol e seu vira-latismo tanto precisava depois do trágico 7 x 1 na última Copa do Mundo.
Osório veio "ensinar" futebol justamente no clube mais adequado para ele: o São Paulo, que até há pouco tempo era considerado modelo de estrutura e gestão esportiva em terras tupiniquins.
Diante de tanto conhecimento acumulado, esperava-se que, em suas concorridas entrevistas, o assunto principal fossem seus métodos de treinamento, suas análises táticas ou seu planejamento de jogo. Mas percebeu-se que as coisas não estavam acontecendo conforme o esperado quando o foco das coletivas passou irritantemente a ser seu convite para treinar a seleção do México nas Eliminatórias da Copa.
Nas entrevistas de Osório, esse era o assunto recorrente:
O Senhor vai para o México ou vai permanecer no São Paulo?
Osório não tinha a menor ideia do tamanho da bagunça em que se encontrava o São Paulo de Carlos Miguel Aidar. Não sabia da crise financeira que obrigou a diretoria a se desfazer de vários jogadores no decorrer da temporada e tampouco tinha conhecimento do mal-estar político nos bastidores do Morumbi.
Por outro lado, o que credenciava o colombiano a fazer a tal "revolução" no futebol brasileiro?
Juan Carlos Osório trabalhou em sete clubes nos últimos oito anos. Isso significa que ele ficou cerca de oito meses em cada clube que passou. É pouco tempo ou pouca paciência? Ganhou alguns torneios na Colômbia. E só.
Está abaixo de qualquer treinador de renome do futebol europeu. E aqui na América do Sul, está num patamar inferior ao de Jorge Sampaoli, por exemplo.
O São Paulo de Aidar está bem longe de ser aquele clube-modelo de uma ou duas décadas atrás. Mas ainda assim não tem sentido dar tanta moral a um treinador estrangeiro que jamais conquistou um título expressivo, a ponto de o colombiano agendar entrevista coletiva para declarar se permanece ou não no comando da comissão técnica. É a banana comendo o macaco.
Aidar deveria oferecer prazos para Osório e não o contrário. Afinal, o São Paulo é muito maior do que o Atlético Nacional, da Colômbia, o Puebla, do México, ou o New York, dos Estados Unidos, times que Osório treinou antes de desembarcar no Morumbi. Ao citar seus últimos trabalhos em números, o clube onde o técnico colombiano se saiu melhor foi no Atlético Nacional, com 60% de aproveitamento. É algo para se impressionar?
Por que um treinador que nunca ganhou grande coisa na vida e que teve somente 24% de aproveitamento no mexicano Puebla se permite declarar publicamente que "não confia" nas pessoas que pagam seu salário? Uma petulância invejável. Mas de onde saiu toda essa moral? Por que os dirigentes são-paulinos ficaram em silêncio após essa declaração infeliz do técnico?
Depois de tanta novela e tantas perguntas se "fica ou não fica", Osório resolveu por um ponto final no "teatro dos vampiros" e deixar o conturbado São Paulo de Aidar e Ataíde.
Já que seu maior sonho sempre foi dirigir uma seleção em Copa do Mundo, essa talvez seja a sua grande e única oportunidade. Principalmente se tratando de uma seleção tradicional, de respeito, com grife, próxima do grupo de elite.
Ele fez a escolha certa neste momento de sua carreira. No México, terá a sua disposição jogadores de maior qualidade que podem lhe oferecer os recursos necessários para finalmente fazer acontecer suas ideias de futebol envolvente e ofensivo, de variações de esquemas táticos e de escalações, o que jamais seria possível por aqui com Wilder, Reinaldo, Lucão, Wesley e Carlinhos, por exemplo. Além de que, certamente, ele também se assustou com a maneira que os dirigentes tricolores atualmente administram o clube, através de brigas, socos e demissão coletiva.
Porém, ele sai devendo. Não ensinou quase nada e não "revolucionou" como muitos esperavam. Em sua última partida como treinador, o São Paulo venceu o Atlético-PR por 1 x 0, dentro de casa. Nos minutos finais, a torcida gritava "olé" diante de um placar conquistado a duras penas. O mesmo torcedor que cobra um futebol de qualidade da seleção brasileira é aquele que vibra quando seu time vence sem convencer em casa por um placar magro de 1 x 0. Esse foi o legado da passagem do colombiano?
Em três meses de São Paulo, fica apenas uma certeza: dos sete clubes que treinou nos últimos oito anos, está deixando o maior em que já trabalhou. Que os valores não sejam invertidos.


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