A eliminação na fase de grupos da Copa Libertadores? Não seria o pior. Pelo contrário, já é algo esperado que até causou a saída do técnico Marcelo Oliveira.
Um eventual rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Paulista? Sim, é uma possibilidade. Remota, mas é a mais nova pulga atrás da orelha de cada palmeirense.
O título da Copa do Brasil de 2015 iludiu muita gente. Torcedores, jornalistas e, principalmente, dirigentes do clube. Essa é uma realidade que incomoda, mas que hoje está bem clara. Esse time do Palmeiras, que pouco mudou apesar da caneta sempre afiada de Alexandre Mattos, jamais vai repetir a mesma atuação que teve contra o Santos na noite de 2 de dezembro do ano passado. Foi um jogo atípico, desses que acontecem uma vez em cada um milhão. Aquela final foi a única grande partida de fato que o time do Palmeiras fez nos últimos dois anos ou mais. Simplesmente um momento de euforia.
Não foi o Palmeiras que ganhou o título. Foi o Santos que perdeu. E tal ilusão tem custado caro para o time de Rafael Marques, Cristaldo, Arouca e companhia na atual temporada. Sabe o torneio estadual, aquele não vale nada? Pois é. O Palmeiras corre, nele, risco de descenso.
Santos e São Paulo fizeram, provavelmente, o clássico com mais desfalques de sua história.
Pior para o Santos, que sentiu mais as ausências de cinco titulares servindo às seleções olímpica e principal. O São Paulo jogou sem Ganso, seu maior destaque em 2016 até aqui (quem diria!). Há quem diga que o meia recebeu propositalmente o cartão amarelo no último jogo diante do Botafogo que o suspendeu do clássico justamente para não ter de ir à Vila Belmiro enfrentar seu ex-clube. Será?
Os times, desfalcados, eram equivalentes e fizeram um duelo sem graça, porém equilibrado. Longe de um Santos x São Paulo que se preze, normalmente sinônimo de grandes jogos.
Em campo, ficou evidente que o Santos possui uma identidade. O time de Dorival Júnior joga sempre do mesmo jeito, de forma ofensiva e privilegiando o toque de bola desde a defesa, passando pelo meio, até chegar ao gol. É claro, no entanto, que a melhor qualidade técnica dos jogadores titulares faz enorme diferença, o que ficou visível nas jogadas de ataque. Já o São Paulo de Patón Bauza precisa mais dos resultados do que convencer. O time sentiu menos os desfalques que o Santos e o clássico mostrou ao seu treinador que, embora mexa e tente fazer algo de diferente com peças diferentes, ainda não existe um padrão de jogo definido. Falta um desenho tático para eliminar a enorme interrogação quando o time está com a bola e pouco sabe o que fazer com ela do meio para frente.
E se o Santos não tinha Ricardo Oliveira ou Gabriel, tinha o camaronês Joel que, esforçado, fez um belo gol. Por outro lado, se não tinha Lucas Lima, tinha o limitado Neto Berola que, entre mais erros que acertos, perdeu um gol incrível que certamente liquidaria a partida.
O time da casa propôs o jogo na etapa complementar, ficou mais com a bola, criou mais e teve as chances mais claras de gol para sair com a vitória. Não aproveitou as oportunidades por incompetência nas finalizações e foi castigado quase no fim com gol de cabeça do atacante são-paulino Alan Kardec, após falha de marcação da zaga santista em cobrança de escanteio. 1 x 1.
A bola, como sempre, pune.
A Portuguesa segue seu calvário. Ou seu castigo, desde o "papelão" do caso Héverton no Campeonato Brasileiro de 2013. De lá para cá, o clube do Canindé engatou uma marcha-a-ré e desce a ladeira a mais de 100 Km/h. A CBF, feliz da vida, ri a toa.
O time, que neste ano vai disputar novamente a terceira divisão do Campeonato Brasileiro, voltará aos campos da segunda divisão paulista no ano que vem. Ao contrário do mínimo que se esperava, a Lusa não tem mais chances de acesso e, pior que isso, luta agora contra o fantasma de um novo rebaixamento inédito: para a terceira divisão do futebol estadual. Com cinco jogos sem vencer e três derrotas seguidas, a Portuguesa não passou da etapa classificatória da Série A2 do Campeonato Paulista e está a três pontos da zona da degola. Com a pífia campanha, o técnico Ricardinho foi demitido.
Em tom de deboche, membros de uma torcida organizada do clube propuseram à comissão técnica um jogo amistoso que, por via das dúvidas, foi recusado.
Se existe um clube que lutou para a criação da Primeira Liga e a realização de um torneio independete organizado por ela envolvendo clubes do sul, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, foi o Flamengo. A Primeira Liga então se tornou uma realidade, um prenúncio de uma coalizão dos clubes visando uma alternativa ao que a CBF impõe como modelo e regra. Eis então que o Flamengo chega à semi-final da competição diante do cambaleante Atlético-PR. E o que faz o técnico Muricy Ramalho, sabe-se lá por que? Escala jogadores considerados reservas. Priorizando o que? O velho e modorrento torneio estadual. Seu time perde por 1 x 0 e fica fora da final contra o rival o Fluminense. Muricy Ramalho então escala os titulares para o confronto contra o Volta Redonda, pela Taça Guanabara, aquela que era secundária à Primeira Liga. E perde novamente por 1 x 0.
Não há coerência no Flamengo. E, pelo jeito, em breve também não haverá mais Muricy Ramalho na comissão técnica. Parece apenas uma questão de tempo.
* Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.
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