Não importa se o zagueiro Maicon custou dois, quatro, vinte e cinco ou quinhentos milhões de reais aos cofres do Morumbi. Se tivesse vindo de graça, muita gente ainda assim estaria crucificando-o do mesmo jeito, por um suposto crime que ele não cometeu. Afinal, empurrar um jogador adversário que nitidamente está fazendo cera e retardando o andamento de uma partida tensa para os donos da casa é algo absolutamente normal, especialmente se tratando de Copa Libertadores da América.
O jogo não era válido por uma rodada qualquer do Campeonato Brasileiro, onde o São Paulo tem tempo suficiente para se recuperar. O jogo era o primeiro de uma semifinal de Libertadores e, com a expulsão, Maicon não jogará a segunda partida na Colômbia, diante do forte Atlético Nacional, o favorito desde o início do torneio sul-americano para levantar o troféu.
Sim, Maicon vacilou. Porém, talvez uma advertência com cartão amarelo fosse o mais prudente a ser feito pelo árbitro que, assim como os apitadores daqui e também do outro lado do oceano, é fraco. Longe de a maioria ser mal-intencionada, como tanta gente afirma por aí. Os árbitros, quase todos amadores, são ruins mesmo e erram para todos os lados.
E ele, Maicon, certamente deve estar arrependido. Teve uma atitude impensada, normal até devido à circunstância da partida, mas tola, infantil. Poderia ter evitado o cartão vermelho se jogasse apenas seu futebol. Lhe faltou cabeça fria e a postura necessária de um capitão para administrar a pressão e conduzir seu time pelo menos a um empate de 0 x 0 para depois apostar todas as fichas na Colômbia. Contudo, Maicon é o culpado pela eventual eliminação do São Paulo?
Por que é tão difícil compreender que um time limitado perca dentro de casa para outro que teve atuação bem mais respeitável e convincente? Por que é sempre mais fácil apontar o dedo para uma bobagem feita por um único jogador num momento de raiva, de tensão? Só por que esse jogador custou mais de vinte milhões de reais?
O São Paulo perdeu porque joga menos que o Atlético. Com ou sem Ganso. Com ou sem Maicon. De nada adianta buscar agora um "culpado" como o único causador de uma derrota, de uma eliminação. O São Paulo tentou, se esforçou, e chegou no sufoco até onde chegou na Copa Libertadores, até contra adversários bem mais inferiores, como o fraco The Strongest, por exemplo. Contra o Atlético Nacional, não deu. Porque os colombianos foram e são melhores dentro de campo. Jogam um futebol rápido, pegado, intenso, com bola pra frente.
O São Paulo de Bauza foi aniquilado pelo Atlético Nacional de Reinaldo Rueda. Simples assim. O time colombiano é o melhor da competição e venceu no Morumbi jogando um futebol que os demais oponentes não jogam. Diante do Atlético (não o mineiro, claro, o de Medellín) o São Paulo se mostrou um time esforçado até, no entanto comum, que aos poucos começa a adquirir a cara de seu treinador. Sem a cabeça pensante de Paulo Henrique Ganso, essa realidade se torna ainda mais visível, uma vez que a equipe não se sobressai individualmente, com exceção de alguns lampejos de Michel Bastos. Na frente, o argentino Calleri pouco ou nada produziu, perdido tentando encontrar algum espaço quase impossível no meio da defesa bem postada do Atlético. Em alguns momentos da partida, o estádio lotado com mais de 60 mil são-paulinos ficou assistindo o adversário tocar a bola. A culpa é mesmo do Maicon?
O São Paulo poupou jogadores. Se preparou para essa partida. E perdeu por 2 x 0, com casa cheia. Porque o time do outro lado é muito superior. Mesmo preservando seus principais atletas, Patón não tem em mãos um time pronto, inteiramente 100%, à altura do Atlético Nacional. Tem mais camisa? Sim, claro. Mas nem a tal "camisa que entorta varal", que "tem química com a Libertadores", resistiu ao bom futebol do aguerrido time colombiano.
É mata-mata, é um jogo de 180 minutos, é futebol? Sim, é.
Sendo assim, o São Paulo está vivo. Mas está morto.
* Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.
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