*por Adriano Oliveira
O mais cobiçado troféu da América será erguido em 2016 por mãos colombianas ou equatorianas. Quem diria.
O futebol mudou. E Atlético Nacional x Independiente Del Valle fazem a final de Libertadores mais tupiniquim dos últimos tempos. Talvez do último quarto de século.
Nada de Boca Juniors, São Paulo, River Plate, Colo Colo, Grêmio, Peñarol...
A tal da "camisa pesada" não mais se traduz em vitória dentro de campo.
O futebol está quase nivelado. E por baixo.
Hoje não vence quem tem mais talento. Quase sempre triunfa o time que erra menos. E, por consequência, quem arrisca menos. Afinal de contas, quem arrisca menos (além de errar menos) mantém mais a posse de bola e dá menos chances para o adversário. A clássica figura do maestro da camisa 10, aquele que pára a bola, que pensa o jogo e normalmente faz o "inesperado", corre agora o risco de perder todas as jogadas e prejudicar sua equipe, passando de herói para vilão da partida.
O que importa atualmente é ter um "conjunto forte". Um time entrosado, que toca e fica com a bola o máximo de tempo possível. E, claro, que tenha pegada forte para recuperá-la o quanto antes. Toca-se de qualquer jeito, para o lado, para trás, para "começar" tudo de novo, o importante é sempre ter e tocar a bola. E, se necessário, para os menos favorecidos em técnica, se "livrar" dela antes que o oponente chegue no lance.
O jogo acelerou. Ficou mais rápido. Mais preciso. Não permite mais a classe, a beleza, a irreverência. O negócio do futebol moderno é ter a posse da bola, jogar em velocidade, fazer o simples e, principalmente, ser eficiente. Cadenciar, driblar, plastificar a jogada, nem pensar. O espírito coletivo se sobressai à capacidade individual. As vezes, dentro de campo, o fanfarrão decide mais que o "engomadinho", aquele que sabe falar bem e que tem todos os dentes na boca. Porque é preciso mais alma, mais coração, mais pegada. É preciso algo a mais. O futebol de hoje, com menos espaços, mais força que técnica e mais velocidade que talento, colocou o craque e o jogador comum quase no mesmo patamar.
Às favas a tal da camisa que pesa! - exclamam sorrindo equatorianos e colombianos eufóricos.
Os times considerados pequenos existem e sempre existirão. Por outro lado, não são mais aqueles conhecidos "times bobos" de outrora, que se amedrontavam diante de outro "com mais camisa" ou dentro de caldeirões abarrotados de gente.
Às favas a tal da camisa que pesa! - exclamam sorrindo equatorianos e colombianos eufóricos.
Os times considerados pequenos existem e sempre existirão. Por outro lado, não são mais aqueles conhecidos "times bobos" de outrora, que se amedrontavam diante de outro "com mais camisa" ou dentro de caldeirões abarrotados de gente.
O Atlético Nacional não é um time brilhante. E talvez esteja na final exatamente por não acreditar que seja. Mas mostrou o melhor futebol dessa edição de Copa Libertadores e não tomou conhecimento da "camisa que entorta varal" em pleno Morumbi com mais de 60 mil são-paulinos. Tampouco o Independiente Del Valle é uma equipe sensacional, mas ganhou a vaga na final vencendo com propriedade o "temido" Boca Juniors nos dois jogos da semifinal, o último e decisivo na "mítica" La Bombonera transbordando de xeneizes fanáticos. Aliás, os equatorianos foram atrevidos demais diante de uma das camisas mais respeitadas do continente: Venceram, quando precisavam apenas de um empate fora de casa.
O Boca Juniors é sempre candidato ao título da Libertadores? La Bombonera é sempre o "caldeirão" mais temido pelos adversários?
Não é mais. O futebol mudou e a Copa Libertadores da América vem mostrando isso. O Del Valle, por exemplo, pode levantar o troféu mais disputado da América sem sequer ter sido alguma vez na vida campeão nacional em seu país. Sua classificação às finais sobre o grandalhão Boca Juniors pode até ser uma surpresa considerada histórica, porém é incontestável.
Assim como o triunfo do Nacional, o de Medelín, vencendo o São Paulo por 4 x 1 no placar agregado, pode ter sido considerado polêmico em razão da arbitragem, mas inegavelmente merecido dentro de campo. O time colombiano teve campanha invejável e ainda na etapa de grupos já mostrava futebol suficiente para chegar onde chegou.
Não é mais. O futebol mudou e a Copa Libertadores da América vem mostrando isso. O Del Valle, por exemplo, pode levantar o troféu mais disputado da América sem sequer ter sido alguma vez na vida campeão nacional em seu país. Sua classificação às finais sobre o grandalhão Boca Juniors pode até ser uma surpresa considerada histórica, porém é incontestável.
Assim como o triunfo do Nacional, o de Medelín, vencendo o São Paulo por 4 x 1 no placar agregado, pode ter sido considerado polêmico em razão da arbitragem, mas inegavelmente merecido dentro de campo. O time colombiano teve campanha invejável e ainda na etapa de grupos já mostrava futebol suficiente para chegar onde chegou.
E os finalistas possuem pontos-chave em comum: jogam de forma compacta, são muito bem organizados coletivamente, têm vocação ofensiva e estão confiantes. Ingredientes que os fizeram silenciar tantas vozes de torcedores adversários que acreditaram somente no "peso de suas camisas", o que para muitos já bastava para espantar as zebras e selar a famosa "química" com o torneio sul-americano. Não deu certo. Jogando bola, a história foi outra.
Nada de Orión, Pavón, Tevez e Lodeiro. Nada de Calleri, Ganso e Lugano. A história do futebol sul-americano em 2016 está sendo escrita por Jefferson Orejuela, Bryan Cabezas, Junior Sornoza e Jose Angulo. E por Macnelly Torres, Marlos Moreno e Miguel Borja.
Nada de Guillermo Schelotto ou Patón Bauza. Na beira do campo, as estrelas de uma constelação menos brilhante são Pablo Repetto e Reinaldo Rueda.
Nada de Bombonera ou Morumbi. Os palcos que decidem a Libertadores são Atahualpa e Atanasio Girardot.
Foi-se o tempo em que a "tradição" era o suficiente e nesses dias tão estranhos para muitos, a bola pune quem joga apenas com o tal do "peso da camisa", até mesmo "aquela que entorta varal". Atlético Nacional x Independiente Del Valle nas finais da Copa Libertadores é o rolo-compressor em cima dessa antiga máxima.Nada de Bombonera ou Morumbi. Os palcos que decidem a Libertadores são Atahualpa e Atanasio Girardot.
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