Essa deve ter sido a premiação mais justa da Bola de Ouro, prêmio anual oferecido pela FIFA em conjunto com a famosa revista francesa "France Football". Mais justa pelo gol mais bonito, pelo Rei do Futebol e pelo craque de Portugal.
Sim, os gols de Mátic e Neymar foram belos, porém "normais" perto da obra-prima do craque sueco Zlatan Ibrahimovic, a bicicleta da intermediária na vitória da Suécia sobre a Inglaterra por 4 x 2 (na ocasião, Ibra ainda anotou os outros 3 gols de sua seleção). Um gol antológico do polêmico fanfarrão alto e magro, mas muito bom de bola.
O badalado evento deste ano também reservou um momento de correção histórica: Pelé, o eterno Rei do Futebol, recebeu a Bola de Ouro honorária da FIFA, já que até os anos 90 não existia tal premiação. O maior jogador de todos os tempos ganhou então o único troféu que faltava em sua galeria. Mais justo impossível. Talvez a Bola de Ouro mais justa da história da Bola de Ouro. O Rei até chorou. E depois de chorar, Pelé teve tempo de se recompor para entregar, enfim, a 2ª Bola de Ouro para Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, 28 anos, atacante do Real Madrid e da
seleção portuguesa, eleito o melhor jogador do planeta depois de dois anos seguidos na 2ª colocação
(seu 1º troféu foi em 2008 quando ele ainda atuava pelo inglês Manchester
United). Com isso, a hegemonia do argentino Lionel Messi finalmente foi
quebrada depois de 4 anos consecutivos.
E foi
certamente uma premiação especial, que também levou o português às lágrimas quando
subiu ao palco. Cristiano Ronaldo não conquistou nenhum título com seu time em 2013, o galáctico Real Madrid.
Porém, fez 69 gols em 59 jogos, o que lhe confere excelente média de 1,16 gols por
partida. Mais do que isso: Ronaldo praticamente foi o responsável por carimbar
o passaporte de sua seleção à Copa do Mundo do Brasil de 2014. Foram dele os 3
gols de Portugal na partida decisiva da repescagem contra a Suécia, vitória por 3 x 2, fora de
casa, pelas Eliminatórias Européias, em jogo tenso que também marcou uma
disputa pessoal com Ibrahimovic.
Cristiano Ronaldo superou Messi e o francês Frank Ribéry, o 3º colocado na Bola de Ouro, que ganhou 5 títulos em 2013 com seu poderoso
Bayern de Munique. E esse é o encanto do futebol, nos mostrar que certos grandes jogadores têm atuações mais emblemáticas numa
temporada do que títulos conquistados. E assim foi para Cristiano Ronaldo em 2013. O
gajo sobrou em campo e fez gols, especialmente os gols mais importantes, os
gols que tinham de ser feitos. Correu, driblou, pedalou, enfim, estrelou uma
constelação de glamour, fama e dinheiro conhecida como Real
Madrid.
Entre tantas partidas memoráveis pelo clube espanhol, Ronaldo liderou a heróica classificação de uma seleção sem tanto brilho, que
basicamente depende de seus pés. Fez o que se esperava dele. E uma nação
inteira o agradeceu por suas façanhas. Comemorou dentro de campo com sorrisos e
fora de campo com lágrimas. Porque sabe que foi uma temporada mais do que especial.
Não levantou troféus, mas foi premiado por ter feito arte em forma de futebol.
E chorou como aquela criança que corria atrás da bola nos campos da Ilha da
Madeira, quando certamente, longe dos holofotes e do glamour, era ainda mais
craque e mais autêntico.
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