segunda-feira, 14 de abril de 2014

CAMPEÃO, ITUANO VÊ OS GRANDES PELO RETROVISOR.


Sejamos francos. Pouca gente acreditava. Até mesmo entre os ituanos. Tampouco eu. Um time esforçado e de um conjunto forte, no máximo. De jogadores desconhecidos, a exceção do veterano Marcinho, do técnico Doriva e do presidente Juninho Paulista. Duvido que, no começo do campeonato, os ituanos apostassem tanto nesse time. Seria novamente jogar para se manter na elite do futebol paulista. E só. Do outro lado, toda a tradição do time grande, com uma equipe formada por jogadores novatos e experientes que esbanjava irreverência, os donos do melhor ataque do Brasil na temporada. Que faria sua oitava final de Estadual nos últimos dez anos, levantando o troféu em cinco edições.
Mas o imponderável do futebol nos prega peças "saborosas", maravilhosas, nos engana de maneira agradável, nos faz de bobos. Tudo isso empolga o mais tímido torcedor e faz valer a paixão pelo esporte mais popular do mundo.
Atitude e vontade de vencer deram ao Ituano o título de campeão paulista de 2014, dessa vez sim um troféu carimbado com certificado de excelência. Ao contrário de 2002, quando o time do interior venceu um torneio sem graça, com a ausência dos clubes considerados grandes. Neste ano, a eficiência do Ituano passou por cima de todos, deixando Santos, Palmeiras, São Paulo e Corinthians nivelados abaixo dele exatamente nessa ordem, sendo vistos pelo retrovisor. Aliás, nota-se o nível dos times rivais do Santos quando a alegria de seus torcedores é justamente comemorar o título do Ituano. Será que verdadeiramente há motivos para tanta alegria?
Foi injusto para o Santos, o time da melhor campanha e que passou pelos mata-matas até a final? Talvez. Futebol é isso e esse é o preço que se paga numa fase final em disputa por mata-mata. O time classificado em 8º lugar pode desbancar o que chegou em 1º lugar. Contra isso não há fórmula mais justa e infalível que a de pontos corridos. Mas e daí? O campeonato foi elaborado com a conivência de todos os envolvidos, seja com emoção ou com injustiça. O Santos foi o melhor time do campeonato. O Ituano foi o melhor dos mata-matas.
Por outro lado, o Santos teve a seu favor duas finais dentro de um Pacaembu lotado de santistas. Teve o retrospecto, teve a estrutura, a logística, a preparação, o elenco, os meninos atrevidos, o centroavante mais caro do país, os vencimentos, a camisa. Não deu certo. A derrota na primeira partida pelo placar de 1 x 0 foi até lucro para o time do técnico Oswaldo de Oliveira. Poderia ser pior. Quando se achava que a pegada seria outra na partida decisiva, o time mostrou ansiedade, nervosismo, falta de esquema tático, falta de concentração, falta do talento que lhe foi peculiar em toda a campanha de 45 pontos e 47 gols. Lhe faltou a ousadia no momento mais importante e o futebol vistoso de todo o campeonato. E sobrou confiança e determinação para o Ituano. O pequeno do interior que desbancou os grandes.
Fazer uma campanha brilhante e não levantar o troféu é como o piloto que faz uma corrida irretocável e seu carro pára na última volta. O sentimento do santista na "última volta" foi de decepção. Uma decepção tão grande quanto as coisas de Itu.
Parabéns ao Ituano, campeão paulista de 2014. O resto é choro de quem não sabe perder ou provocação barata de quem também perdeu.

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