Se outro jogador tivesse feito o que Muricy fez, seria a coisa mais natural do mundo. Os jogadores discutem entre si e depois se entendem. Mas jamais o treinador. O vestiário é lugar sagrado dos boleiros, utilizado também para "lavar a roupa suja". Lá sim pode dar bronca, apontar os erros, cobrar os atletas. Mas expor o menino que até ontem treinava na base, diante da torcida e das câmeras de TV? Desnecessário.
Assim como fez com Felipe Anderson no Santos, Muricy pode estar cometendo o mesmo erro ao "queimar" o jovem Boschilia. Uma das funções do técnico é lapidar, dar oportunidade para um talento se desenvolver, se aprimorar. Não "fritá-lo" em público. Será que o moleque terá agora tranquilidade para jogar?
Por quê Renato Gaúcho sentou-se durante 10 minutos no gramado do Maracanã após a classificação do Fluminense às semi-finais da Copa Libertadores de 2008? Por quê Vanderlei Luxemburgo sempre deixava o gramado minutos antes do fim de uma decisão de campeonato? Porque era o momento de que dispunham para atrair os holofotes, para chamar a atenção. E foi isso que fez Muricy Ramalho. Tenso, pressionado porque sabia que a missão era vencer o clássico contra o Corinthians, ele conseguiu chamar a atenção ao partir para cima e berrar com o novato jogador ainda dentro de campo e depois na entrevista coletiva. Ou seja, desviou o foco do clássico para ele e Boschilia, que ainda está em fase de adaptação no time profissional.
Muricy Ramalho é ex-jogador, conhece os bastidores, sabe como a banda toca no mundo do futebol há décadas. Treinador experiente, vitorioso, bem sucedido, respeitado.
Mas neste episódio não teve a postura de um líder.
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