"Por 'complexo de 'vira-lata' entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima." (Nelson Rodrigues).
Primeiro
amistoso pré-Copa, diante do fraco Panamá. Neymar fez seu 190º gol na carreira.
O primeiro do Brasil que abriu a goleada por 4 x 0.
Pela seleção
principal já são 31 gols, além de mais quatro pela seleção olímpica. Há quem diga que
são mais de 200, porém os gols marcados nas categorias de base do Santos e da
seleção não fazem parte das estatísticas oficiais.
Mas futebol não
é matemática, nem uma ciência exata.
Neymar é craque.
Rápido, habilidoso, goleador. Dribla como se fosse ainda um moleque jogando na praia, atrevido, irreverente. Quando
não faz gols, a bola irremediavelmente passa por seus pés, em algum lugar do
campo. Atualmente, é o principal jogador da seleção brasileira. Está entre os
cinco melhores jogadores do mundo. Atua num dos melhores clubes do mundo.
Neymar domina o
jeito de jogar futebol. Usa até mesmo as provocações dos adversários como
componente para efervescência de seu jogo. Quando cai não é um problema. O
problema para o adversário é quando ele se levanta após uma entrada dura ou
maldosa. Até mesmo as suas quedas providenciais fazem parte do jogo. Cavar é
diferente de simular. E lá está o árbitro para assinalar ou não. E punir, se houver violência.
Se ele se
“joga” no gramado? Se necessário, sim. E o que é melhor? Se livrar de uma falta criminosa de um zagueiro brucutu e estar em pé com a bola dominada no minuto seguinte ou sofrer uma grave contusão que o
deixe afastado por meses?
O favoritismo do
Brasil na Copa disputada dentro de casa depende bastante do desempenho de
Neymar. Com ele inspirado, a seleção tem 70%, 80% de chances de ser campeã. Sem
o seu futebol, as chances se reduzem de forma considerável. Talvez 15% ou 20%.
Felipão sabe disso.
Sendo assim, é natural que qualquer torcedor de qualquer parte do planeta queira ter Neymar
fazendo acontecer pela seleção de seu país. Menos um. O brasileiro.
Apesar dos
dribles, ainda é taxado de “acrobático”. Apesar de destruir o Panamá e libertar
a seleção e o governo das vaias, ainda é rotulado de “cai-cai”. De "mascarado", "folgado", "exibido". A lista de adjetivos é extensa.
E se Neymar
fosse espanhol? Se um Diego Costa é tão querido pelos espanhóis, o que diria de um Neymar? Será que os espanhóis gostariam de tê-lo ao lado de Xavi, Iniesta e Fábregas na seleção? Os portugueses não adorariam ver as suas arrancadas com Cristiano Ronaldo no ataque? E na seleção italiana, ao lado de Balotelli?
Mas e se Neymar fosse
argentino?
Certamente seria idolatrado pelos hermanos, reverenciado em cada
jogo, ovacionado nas arquibancadas e redes sociais como fazem com Messi e
faziam até mesmo com o limitado Palermo.
O fato mesmo é que se Neymar
fosse argentino, seria reverenciado também pelos brasileiros.
Porque, no
Brasil, o sucesso do brasileiro incomoda.
3 comentários:
Quando uma estrela brilha muito causa uma cegueira naqueles que possuem a escuridão, e quem vive no escuro dificilmente saberá o que é ter brilho, geralmente os invejosos são assim. Eu particularmente adoro o Neymar, é um grande exemplo para o jovens de hoje e merece muito mais brilho e sucesso. "Neymar" é o nome das Copas das Copas.
Felipão sabe que, sem Neymar, a vida na Copa seria bem mais complicada. Mas uma boa parte dos brasileiros é complexada e o brilho do principal jogador do Brasil ainda ofusca e incomoda. Os "vira-latas" de plantão.
Após quatro anos, cá estou lendo esse ótimo texto que, diga-se de passagem, é atemporal. Sempre haverá alguém fazendo sucesso, fazendo tudo o que aquela pessoa que fala mal, gostaria de fazer mas não foi capaz por algum motivo. Neymar era incrível há quatro anos atrás, quando escreveu esse texto, continua otimo até hoje... e assim, segue "incomodando".
Como sempre, adorei seu texto.
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