domingo, 30 de outubro de 2016

OS "TROPEÇOS" NA RETA FINAL E O "ESTILO OSWALDO" DE SER

*por Adriano Oliveira


Na metade do segundo tempo, o placar do Mineirão insistia em mostrar a vitória do Flamengo por 1 x 0 sobre o "dono da casa", o favorito Atlético-MG. O técnico Marcelo Oliveira resolve então sacar Leandro Donizete para a entrada de Lucas Pratto. Um coro de vaias e gritos de "burro" ecoam pelo estádio. Afinal, o correto não seria sacar um volante? Porém, a substituição funcionou. Luan jogou mais próximo do atacante argentino que entrou e Robinho ficou mais solto para jogar com Otero pela direita. O Atlético virou o placar em 10 minutos e Marcelo Oliveira ignorou os gritos de "burro" associando-os à "paixão pura" do torcedor, segundo ele, que só não passou de vilão a herói por causa do empate do Flamengo no último minuto do tempo regulamentar, outro gol de oportunismo de outro gringo, o peruano Paolo Guerrero, que tem sido decisivo nas últimas partidas. Há quem diga também que Zé Ricardo, técnico do Flamengo, errou ao colocar Alan Patrick em campo, quando tinha Felipe Vizeu e Mancuello como opções bem mais agressivas no ataque.
Em comum entre os dois treinadores, os "tropeços".
O Atlético-MG sofreu seu primeiro tropeço depois de 12 vitórias seguidas como mandante. Mas e o Flamengo? Empatar com o forte time do Atlético em pleno Mineirão pode ser considerado "tropeço"? Seria absolutamente normal em qualquer outra situação, menos nessa altura do campeonato e na incansável perseguição ao líder Palmeiras, quando o "tropeço" faz agora o Flamengo ver o time paulista cinco pontos a sua frente e a cinco rodadas do fim. O tal do "cheirinho" do hepta fica cada vez mais fraco.


O Palmeiras também tropeçou?

sábado, 22 de outubro de 2016

A DECISÃO É DO ÁRBITRO?

*por Adriano Oliveira


17 de dezembro de 1995. Estádio do Pacaembu, final do Campeonato Brasileiro entre o Santos de Giovanni e o Botafogo de Túlio. Aos 34 minutos do segundo tempo, o placar mostrava empate em 1 x 1, o que dava o título nacional ao time carioca, já que na primeira partida, disputada no Maracanã, o Botafogo havia vencido por 2 x 1. Uma vitória simples daria o troféu aos santistas, pois tinham a vantagem do empate em número de pontos por terem feito melhor campanha.
Falta para o Santos do lado esquerdo do ataque. Após a cobrança, a bola cruzada na área e o atacante Camanducaia cabeceia firme, estufa as redes do goleiro Wágner e sai correndo comemorando em direção à torcida. Era o gol do título. Só que não.
O árbitro Marcio Resende de Freitas resolve anular o gol com a marcação de um impedimento inexistente. Na lateral do campo, seu assistente (que na época ainda era chamado de "bandeirinha") permanece com o braço intacto e junto ao corpo, não sinalizando o tal impedimento que somente seu colega viu. Os jogadores santistas, indignados e inconformados com a anulação do gol decisivo, pressionam o árbitro e mostram o assistente, que nada assinalou. Categoricamente, Marcio Resende afirma:
“ – A decisão é minha. Eu dei o impedimento. O gol está anulado.
O jogo termina empatado e o Santos, prejudicado pela decisão do juiz, perde o título brasileiro para o Botafogo, que nada tem a ver com isso, é claro.

13 de outubro de 2016. Estádio Raulino de Oliveira. O Flamengo de Diego vai conseguindo uma boa vitória por 2 x 1 no clássico diante do Fluminense de Cícero, resultado que mantém o time rubro-negro na perseguição ao Palmeiras, o atual líder do Campeonato Brasileiro a oito rodadas do fim. Aos 39 minutos do segundo tempo, exatamente o mesmo lance e quase no mesmo tempo de jogo daquela final de 1995: uma f
alta para o Fluminense na lateral. Após cobrança de Gustavo Scarpa, o zagueiro Henrique desvia a bola de cabeça para dentro do gol de Alex Muralha. 2 x 2.
No entanto, imediatamente após o gol de empate, o assistente assinala o impedimento. O árbitro Sandro Meira Ricci, por conta própria, decide validar o gol. Assim como os jogadores santistas há pouco mais de vinte anos, os flamenguistas ficam inconformados e partem para cima do juiz. Afinal, aquele empate quase no fim poderia acabar com os sonhos do Flamengo em busca do título. Após 13 minutos de paralisação, Sandro Meira Ricci, pressionado, resolve voltar atrás e anula o gol de Henrique. O clássico termina com a vitória do Flamengo.
Dias depois, a diretoria do Fluminense decide entrar com ação no tribunal pedindo a anulação da partida ao entender que, durante a interrupção de 13 minutos, o juiz teria sido avisado por gente de fora do campo de jogo que o zagueiro Henrique realmente estava em posição de impedimento e que, portanto, tal informação teria influenciado na decisão de invalidar o gol. Como a regra não permite interferência externa, a partida teria de ser anulada. O STJD, contudo, arquivou o processo e o Flamengo ficou com a vitória, mesmo com a veiculação de uma reportagem de TV mostrando que o inspetor de arbitragem de fato avisa à Sandro Meira Ricci sobre o gol irregular do Fluminense.

Certo ou errado? Eis a questão.



Sandro Meira Ricci, mesmo depois de longa paralisação, agiu certo em voltar atrás e anular um gol irregular?

sábado, 15 de outubro de 2016

UM PAPO SENSACIONAL COM O JORNALISTA E APRESENTADOR JOSÉ CALIL

*por Adriano Oliveira

O administrador esportivo, jornalista e apresentador José Calil começou sua carreira em 1984 quando ainda cursava o último ano de jornalismo na PUC, em São Paulo. Desde então, garantiu seu espaço na mídia trabalhando nos principais veículos de comunicação do país, embora admita que o rádio é sua paixão. "Sou e sempre serei um cara do rádio", diz.
Sempre ligado ao esporte, Calil também já trabalhou como gerente de futebol do Grêmio Barueri e foi secretário de esportes da cidade.
Polêmico, perspicaz e dono de um apurado raciocínio analítico, o atual âncora e comentarista da Rádio Transamérica vai sempre direto ao ponto e odeia o tal do politicamente correto que, segundo ele, "é um atraso para a sociedade". Entre admiradores e críticos, costuma dizer no microfone a mesma coisa que fala na poltrona de sua casa ou no boteco.
Seu orgulho como profissional é "ter deixado sempre boas lembranças e impressões em todos os lugares em que trabalhou"Seu craque é Neymar, prefere Maradona a Messi e avalia que "não havia outro caminho para a seleção brasileira senão Tite, que age na cabeça dos atletas"Entende também que "é muito mais difícil ser técnico no Brasil do que na Europa" e afirma que "o Audax merecia ter levantado a taça" do Campeonato Paulista de 2016.
Seu jogo inesquecível? A final da Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.
Na entrevista abaixo, saiba muito mais o que pensa esse jornalista com mais de trinta anos de carreira que se tornou um dos nomes mais conhecidos e respeitados da imprensa esportiva no Brasil.


- Como surgiu seu interesse e quando você começou a trabalhar com futebol?
Já nasci no futebol. Meu pai amava o esporte e me levava sempre para jogar e assistir. Quando estudei jornalismo na PUC-SP já pensava em trabalhar com futebol. Idem quando estudei gestão esportiva na Fundação Getúlio Vargas.

- Seu nome é um dos mais conhecidos da mídia esportiva. Qual o segredo da longevidade na carreira? Existem novos projetos para o futuro?
A longevidade na profissão se deve, fundamentalmente, à credibilidade mostrada ao longo dos anos. E também, modéstia à parte, à capacidade demostrada no dia a dia. Sobre o futuro, penso apenas em prosseguir na Transamérica. Sou muito bem tratado e tenho uma excelente visibilidade graças à nossa enorme audiência.

- Como formador de opinião, você acredita que o jornalista esportivo também deve se posicionar sobre política e outros assuntos de interesse da sociedade? Ou é melhor se preservar junto ao público?
Não vejo nenhum problema num jornalista esportivo falar sobre política ou economia. Desde que ele tenha o que dizer a respeito desses outros temas.

- A busca pela modernidade e por mais audiência consiste em misturar jornalismo esportivo com entretenimento. Você acredita que essa é uma fórmula irreversível ou apenas uma aposta de marketing que, no decorrer do tempo, pode não funcionar?
Em última análise esporte é entretenimento. Quando comecei a trabalhar com o Gavião tinha dúvidas se essa mistura de humor e futebol daria certo. Hoje tenho certeza que dá. Ele é um gênio. O grande diferencial do nosso trabalho.

- Quem é seu ídolo no futebol?
Não gosto muito dessa palavra "ídolo". Meu único ídolo é Jesus Cristo. Mas para não deixar você sem resposta, no futebol, fico com o Rei Pelé.

sábado, 8 de outubro de 2016

A CASA DO FUTEBOL, 100 ANOS

*por Adriano Oliveira


Vai passar, por cem anos nessa Vila, o esporte mais popular.
Cada paralelepípedo de sua velha cidade à beira-mar a cada gol vai se arrepiar. Também ao lembrar que por aqui se passaram tantos jogadores geniais, tantas jogadas surreais e alegrias magistrais. Aqui suaram e sangraram ícones e ídolos. E desfilaram os imortais, num tempo de páginas felizes da história do futebol, de passagens ainda vivas na memória que se tornaram inspiração para todas as gerações.
Os filhos que daqui brotam se irradiam pelos continentes, disseminando o gosto de jogar bola e levando multidões a palcos de tantos lugares diferentes.
Meninos que um dia realizaram o sonho de pular o alambrado e fazer, no acanhado campo da Mãe-Rainha do futebol, o mesmo que faziam na praia e nos campinhos, ofegantes, irresponsáveis, irreverentes. Donos de uma ousadia e de uma alegria que pouco se vê por aí, marca registrada por aqui.
Venha pra Vila e a sinta vibrar e pulsar, energizada pela força do sentimento que vem da arquibancada. Venha pra Vila pela história de seus cem anos. Pela mística de sua aura. Pela sua majestade.