quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

FRASE

" - Espero que não chegue. Vamos estar trabalhando para não chegar nesse momento (...) O Pato passa por um momento de desconfiança e cabe ao atleta se dedicar cada dia mais, entender o que é vestir a camisa do Corinthians e tentar reverter a imagem que todos estão colocando dele."
(Edu Gaspar, gerente de futebol do Corinthians, indagado se o fraco desempenho de Alexandre Pato pode chegar a um nível insustentável dentro do clube).

A NOITE DO BAILE DOS MENINOS. E DO AROUCA.


Uma noite inspirada de um volante, que parece ter contagiado um time inteiro praticamente formado por garotos que realizaram o sonho de, um dia, jogarem um clássico pela equipe profissional contra o maior rival, diante de milhões de internautas, ouvintes e telespectadores. Essa foi a noite mais recente da mais nova geração de Meninos da Vila liderados pelo tal volante, o velho e bom Arouca. Uma noite que fez lembrar aquele Arouca aguerrido e operário do Santos de 2010 e 2011, quando goleadas eram tão normais quanto feijão com arroz. Arouca era o "carregador de piano" de uma equipe com garotos atrevidos, irreverentes, rápidos, precisos, endiabrados, goleadores. O velho e bom Arouca que nessa noite muito provavelmente não ficou satisfeito com o placar final de 5 x 1 para seu time. Por que queria mais. Por que sabia que cabia mais. Por que o jogo era contra "os caras". Arouca raramente arrisca um chute ao gol, por isso raramente faz gols. Ontem ele arriscou. E fez o gol 1/5. Mais que isso, Arouca cruzou, correu, marcou, fez faltas, deu carrinhos, driblou, deu assistências, suou, comemorou e sorriu. Não é o maestro da equipe, mas nessa noite inspirada foi o dono da batuta. Deu o exemplo. Deu o sangue. Podemos até dizer que ele sempre se dá bem contra o Corinthians, já que também fez um dos gols da final do Paulista de 2011.
Nessa noite, após o 5º gol santista, o time do Corinthians pediu arrego. Não aguentava mais correr. Os últimos 15 minutos foram de exibição da molecada do Santos diante de sua torcida e de milhões de outros torcedores. Para os meninos, colocar os "campeões mundiais" na roda e ouvir o grito de "olé" das arquibancadas tinha o mesmo sabor (ou quem sabe até mais prazeroso) do que estufar mais vezes a rede. Porque o grito de "olé" faz arder o ouvido dos adversários, machuca sem dó. A molecada santista tirou o pé, afinal, com a goleada por 5 x 1, a fatura já estava mais do que liquidada. O time do técnico Mano Menezes olhava a bola correr, de um lado para o outro, da defesa para o ataque, de pé em pé, desejando que a noite acabasse logo. Além do forte calor, o jogo dentro de campo também estava quente demais contra eles. Não queriam mais correr atrás dos meninos e do Arouca. E sabiam que foi pouco. Poderia ser pior.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

QUANTO VALEU O FUTEBOL DE NEYMAR?

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Impressionam os valores que envolvem a polêmica transferência de Neymar para o poderoso (e agora também “suspeito”) Barcelona. Sim, de clube-modelo de administração na Europa, o Barcelona passou a ser alvo de investigação da Justiça, com direito à renúncia de seu ex-presidente Sandro Rosell (que coincidentemente é amigo de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, aquele mesmo que sumiu do mapa). De qualquer maneira, em maio do ano passado, o time catalão anunciou a compra do ex-craque santista por 57 milhões de euros. Os valores da negociação sempre foram divergentes entre dirigentes santistas e catalães, até mesmo o que era permitido ou não dizer. Com a repercussão do caso na Europa de que Rosell teria omitido 38 milhões de euros na negociação, um simples pedido de um sócio do clube fez o novo presidente Josep Maria Bartomeu abrir o jogo e divulgar a tal cláusula de confidencialidade do contrato. E agora veio à tona a parte de cada um: Ao  Santos, clube que revelou e projetou Neymar, ficaram 17 milhões de euros. Ao pai de Neymar, a bagatela de 40 milhões de euros, o que totaliza os tais 57 milhões de euros divulgados inicialmente. De forma confidencial, o Barcelona pagou 10 milhões de euros pela assinatura do contrato; 44 milhões de euros pelos salários no período de 5 temporadas; 2,7 milhões de euros repassados ao pai de Neymar como agente negociador; 4 milhões de euros por direitos comerciais; 2,5 milhões de euros destinados ao Instituto Neymar Júnior; 7,9 milhões de euros por mais três jogadores do Santos (quais? e para quem foi o dinheiro?) e, de bônus, mais 2 milhões de euros para que a “N&N” (empresa de Neymar) ajude o Barcelona a garimpar no Brasil novos futuros atletas. A transação então foi de pouco mais de 86 milhões de euros. E os novos valores causaram desconforto em muita gente, especialmente ao pai de Neymar, que teve de convocar entrevista coletiva para tentar explicar porque recebeu individualmente tamanha bolada. Ao que tudo indica, o Barcelona tinha a preferência pela compra do jogador e teria adiantado uma parte do pagamento ao Neymar pai. E Neymar estaria então “apalavrado” com os catalães já na final do Mundial de Clubes de 2011, entre o “seu” Santos e o “seu” Barcelona. Em campo naquela partida, Neymar foi absolutamente improdutivo, bem aquém do que se esperava dele. Estava literalmente “vendido”? Difícil saber. E isso nem importa mais.
Mas então o quê de fato importa para os santistas sobre Neymar? Vitórias, gols, prestígio, auto-estima, futebol moleque, torcida, estádios lotados, rivalidade, dor de cotovelo, inveja, títulos. Quanto custou tudo isso? 86 milhões de euros? 200 milhões de euros? 17 milhões de euros? Não vem ao caso. Não há dinheiro que possa pagar a paixão de um torcedor pelo futebol. Neymar deu mais que dinheiro aos santistas. Foi o ícone de uma terceira geração vitoriosa de Meninos da Vila que encantaram o Brasil, enfeitiçado pelos dribles e gols de Neymar e companhia. Isso não tem preço. O torcedor talvez esqueça por quanto ele foi vendido, mas não esquecerá o chapéu sobre Chicão, a paradinha em Rogério Ceni, o gol mais bonito do mundo de 2011 contra o Flamengo, o gol da final da Libertadores, os 6 títulos conquistados em pouco mais de 4 anos como profissional, os 138 gols e os incontáveis dribles em 230 jogos com a camisa do Santos. O que o torcedor vê Neymar fazendo hoje na seleção brasileira e no Barcelona era o feijão com arroz dos santistas a cada quarta e domingo. Era o normal. Só que antes havia a enorme rivalidade (ou dor de cotovelo?) que cegava quase todos os torcedores adversários.
O que já se sabe agora é que diante dos valores divulgados pelo Barcelona, a ida de Neymar para o Camp Nou começou bem antes de sua saída da Vila Belmiro. De qualquer modo, com autorização do próprio Santos, que emitiu documento em novembro de 2011 liberando o jogador e seu pai para negociar com qualquer outro clube. Neymar teve seus motivos para querer jogar no Barcelona, mesmo tendo sido evidentemente cobiçado por outros grandes clubes da Europa, que fizeram até propostas superiores pelo seu passe. Ou seja, com a saída de Neymar para o Barça, o Santos perdeu. O contrato estava chegando ao fim? Estava. E depois poderia ser pior, não sobraria nenhum centavo. Por conta disso o Santos vendeu a preço de banana o então melhor jogador do futebol sulamericano? Pode ser. Mas a perda irreparável nessa história toda foi a certeza, para o torcedor santista, que a vida seria bem mais difícil sem Neymar dentro de campo. Por que apesar de tudo o que acontece nos bastidores do futebol, é dentro de campo o que realmente importa para o torcedor.
Fica mais uma vez a esperança de que, como reza a tradição do Santos, o raio continue sempre caindo no mesmo lugar. Na Vila Belmiro.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

NOVELA, DRAMA OU COMÉDIA DE ALEXANDRE PATO?

O "espetáculo Alexandre Pato” continua modorrento e sem maiores emoções, no entanto ainda em cartaz. Mudou o “diretor” (saiu Tite e entrou Mano), mas a atuação do protagonista continua abaixo do esperado. O público, insatisfeito, dá sinais cada vez mais claros de impaciência e as vaias ao fim de cada apresentação estão bem mais frequentes, em alto e bom som. O ator principal resolveu reagir e afirmou que “não joga sozinho e que se sente isolado na frente”.
O fato é que a enorme e cara interrogação de R$ 40 milhões existe há mais de um ano no Parque São Jorge. Se antes os problemas do jogador eram as constantes lesões na época de Milan, dessa vez o estigma parece superado. Alexandre Pato está desmotivado, joga por jogar e não consegue mostrar nem de longe o talento que tanto se esperava dele, algo inimaginável para boa parte dos jornalistas esportivos quando ele chegou da Itália. A torcida corintiana passou então a exigir, no mínimo, raça e disposição do atacante dentro de campo. Entenda-se por isso que Pato, se não faz gols, tem que voltar para marcar e dar carrinho, por exemplo. Mas como ele vai fazer isso se esse não é o seu estilo? E nunca foi, desde os tempos em que despontou no Internacional até no futebol italiano. Pato não é jogador que sabe lidar com a pressão e a cobrança de um time de massa, como o Corinthians. E seu futebol nunca foi o que grande parte da mídia sempre quis cravar que é. Ídolo? Não vingou e falta bola para isso. Nem a chance de disputar uma Copa do Mundo no Brasil mexeu com seu brio e seu lado emocional.
Pato não tinha a preferência de Tite, não tem a plena confiança de Mano, não é unanimidade entre os dirigentes e agora está sendo repreendido até pelos próprios companheiros de equipe. Em má fase há tempos, a diferença salarial pode estar causando mal estar no elenco. O atacante precisa assumir a responsabilidade pelo seu fraco desempenho, sem querer “espalmar” a situação declarando que “não joga sozinho”. Afinal, um investimento de R$ 40 milhões não é para qualquer jogador, levando ainda em consideração que seu baixo rendimento não é físico e sim técnico.
Mesmo quando estava sem jogar na Itália, tinha a pinta de galã ao lado da bela e vip Bárbara Berlusconi, a celebridade filha do dono. Ao deixar o Milan, perdeu também esse status. Pato foi uma tentativa em vão de tentarem forçá-lo a ser ídolo no Corinthians. E se não for ídolo não consegue emplacar sequer uma boa estratégia de marketing, o que lhe faria pelo menos vender camisas e produtos oficiais do clube. Os valores de patrocínio com seu esperado bom futebol e sua presença no time também poderiam ser rediscutidos com as empresas e ampliados, porém os números obtidos pelo Corinthians na temporada passada são facilmente atingidos mesmo sem o apelo da “estrela” de Pato.
Ainda tem a pinta de galã? Pode ser que sim, mas não volta pra marcar, não dá carrinho, não faz cara feia, não provoca o adversário, não é titular e não faz gols. Por essas e outras que dificilmente Alexandre Pato vai cair nas graças dos corintianos.

sábado, 25 de janeiro de 2014

NOS BASTIDORES DA COPA SÃO PAULO





"Entrar e fazer por merecer". Essa foi a máxima adotada pelo time de juniores do Santos há mais de um ano (e por quê não dizer desde sempre?). Campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior e campeão da Copa do Brasil sub-20 de 2013. E agora, novamente, (tri) campeão da Copa São Paulo de 2014. Com todos os méritos. Seguindo a máxima da frase acima e, principalmente, a filosofia de um clube reconhecidamente revelador de craques. Nesta edição da Copa São Paulo foram 8 jogos e 8 vitórias, 29 gols marcados e apenas 3 gols sofridos, um saldo de 26 gols. Uma excelente média de 3,6 gols por partida. O "futebol moleque" do Santos, comandado pelo técnico Pepinho, o filho do Canhão Pepe, outro eterno Menino da Vila, atropelou todos os adversários e foi bicampeão invicto. E em cima do Corinthians na final. Dentro de um Pacaembu onde, mesmo com uma campanha irretocável do Santos, a Federação Paulista de Futebol colocou o Corinthians como mandante e com a maior carga de ingressos. Coisas do futebol brasileiro. A decisão contra o Corinthians foi a "pior" partida do Santos nesta edição da Copa São Paulo e, mesmo assim, o time venceu por 2 x 1. Merecidamente. E contra fatos e dados não há argumentos.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

DO "TERRÃO" DE MOÇA BONITA AO FIM DA "EMPATITE"

Gramado de Moça Bonita, palco do jogo entre Madureira x Fluminense

Os estaduais começaram e com eles a temporada do futebol em 2014. Fácil dizer que os jogos da fase final da Copa São Paulo de juniores empolgam bem mais do que praticamente todas as partidas da 1ª rodada do Paulista, do Carioca, do Gaúcho e dos demais torneios regionais espalhados pelo país. Vale dizer também que, na empolgante Copa São Paulo, a entrada é gratuita. E no Carioca, por exemplo, torcedores rubro-negros tiveram que desembolsar pelo menos R$ 60 para assistir, no Maracanã, o time reserva do Flamengo vencer pelo placar mínimo a equipe mediana do Audax-RJ. Mas já dizia o outro que dinheiro não dá em árvore, é verdade, e estamos numa época em que até a CBF faz exigências para liberar empréstimos a seus clubes filiados que, inclusive, a mantém. Portanto, vamos matar a sede de futebol dos torcedores cobrando ingressos caros. É preciso compensar a falta de público com maior arrecadação na bilheteria, simples assim.
E aquele campo do jogo entre Madureira x Fluminense, em Moça "Bonita"? É sensato cobrar ingresso para ver uma partida de futebol num campo de terra batida como aquele? Onde estava o verde do gramado? E quantos estádios pelo interior ainda possuem arquibancadas de madeira? Esse é o charme e a tradição dos campeonatos regionais?
Falando agora de futebol, pouca coisa parece ter mudado no Paulista. O São Paulo começou do mesmo jeito que terminou a temporada passada. Perdendo. 2 x 0 para o Bragantino, em Bragança. E mostrando que ainda precisa de reforços. Aloísio, o esforçado "Boi Bandido", fez falta no time de Muricy, que logo na estréia ouviu vaias enfurecidas de sua torcida. Oque significa que a paciência de boa parte dos são-paulinos acabou na última rodada do Brasileiro de 2013. Ganso, ainda sonolento, ouviu sonora bronca do também  impaciente Rogério Ceni que, no fim do jogo, disparou para todos os lados. E Luis Fabiano continua improdutivo.
O Palmeiras voltou à elite no ano de seu centenário. Na estréia do Paulista, venceu de virada o Linense por 2 x 1, no Pacaembu. Segue como interrogação e o bom início na temporada vai marcar a permanência ou não do técnico Gilson Kleina, que nem de longe é unanimidade entre os palmeirenses. Valdivia, claro, continua sua saga em ser poupado das lesões.
O Santos continua vendo a solução para seus problemas em sua forte categoria de base. E continua dependendo dela. O time da Copinha joga um futebol envolvente, irreverente e atrevido, bem diferente do jogo burocrático da equipe profissional que estreou no Paulista com vitória por 1 x 0 sobre o XV de Piracicaba, na Vila Belmiro. Esperava-se mais na estréia. Onde estava o homem de R$ 42 milhões, Leandro Damião? Por causa de mais uma novela com as trapalhadas da atual diretoria, o centroavante foi apresentado, andou de bonde, posou de bigode, mas só deve estrear na 4ª rodada. Pior: ao que tudo indica, o técnico Oswaldo de Oliveira não terá o tal "elenco recheado" que deve ter sido prometido a ele pelos atuais dirigentes, que não sabem vender nem contratar. E com a saída de Montillo para a China e a provável saída de Cícero, o treinador terá que quebrar a cabeça com esquemas táticos mirabolantes, o que não é o seu forte. Apostar na base será, mais uma vez, o caminho em 2014. Só que jogo na base é uma coisa e jogo profissional é completamente outra. A pegada é bem outra. Deu certo em 2002? Sim. Porém, a base de 12 anos atrás era de uma safra de garotos mais qualificada do que a de agora. E o time também era melhor, o que facilitou bastante para a turma de Diego, Robinho, Alex, Renato e companhia. E até para o técnico Leão, na época, soltar os meninos com confiança no time de cima.
O único time que progrediu em relação a 2013 foi o Corinthians. Agora com Mano Menezes, a equipe venceu a Portuguesa "fora de casa" por 2 x 1. Isso mesmo. O time conseguiu uma vitória e marcando 2 gols, algo raro de se ver no ano passado. Será que a tal "empatite" deixou o Parque São Jorge de fato? Afinal, o time que era difícil de perder em 2012 se tornou o time que era difícil de se ver em 2013. E de vencer. Tite saiu. Veio o Mano, que conhece bem o clube e tem a confiança dos dirigentes. O que não mudou foi a presença de Alexandre Pato no banco de reservas. Esse sim continua a interrogação de R$ 40 milhões.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

FRASE

" - Queria agradecer a Deus por ter jogado tantos anos, no Santos e depois no New York Cosmos. Recebi tantos troféus e prêmios, mas via que todos os caras recebiam a Bola de Ouro e eu não porque não jogava na Europa. Completei minha coleção de troféus, posso dizer."
(Pelé, sobre ser premiado com a Bola de Ouro honorária oferecida pela FIFA)

A BOLA DE OURO MAIS JUSTA DE TODAS


Essa deve ter sido a premiação mais justa da Bola de Ouro, prêmio anual oferecido pela FIFA em conjunto com a famosa revista francesa "France Football". Mais justa pelo gol mais bonito, pelo Rei do Futebol e pelo craque de Portugal.
Sim, os gols de Mátic e Neymar foram belos, porém "normais" perto da obra-prima do craque sueco Zlatan Ibrahimovic, a bicicleta da intermediária na vitória da Suécia sobre a Inglaterra por 4 x 2 (na ocasião, Ibra ainda anotou os outros 3 gols de sua seleção). Um gol antológico do polêmico fanfarrão alto e magro, mas muito bom de bola.
O badalado evento deste ano também reservou um momento de correção histórica: Pelé, o eterno Rei do Futebol, recebeu a Bola de Ouro honorária da FIFA, já que até os anos 90 não existia tal premiação. O maior jogador de todos os tempos ganhou então o único troféu que faltava em sua galeria. Mais justo impossível. Talvez a Bola de Ouro mais justa da história da Bola de Ouro. O Rei até chorou. E depois de chorar, Pelé teve tempo de se recompor para entregar, enfim, a 2ª Bola de Ouro para Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, 28 anos, atacante do Real Madrid e da seleção portuguesa, eleito o melhor jogador do planeta depois de dois anos seguidos na 2ª colocação (seu 1º troféu foi em 2008 quando ele ainda atuava pelo inglês Manchester United). Com isso, a hegemonia do argentino Lionel Messi finalmente foi quebrada depois de 4 anos consecutivos.
E foi certamente uma premiação especial, que também levou o português às lágrimas quando subiu ao palco. Cristiano Ronaldo não conquistou nenhum título com seu time em 2013, o galáctico Real Madrid. Porém, fez 69 gols em 59 jogos, o que lhe confere excelente média de 1,16 gols por partida. Mais do que isso: Ronaldo praticamente foi o responsável por carimbar o passaporte de sua seleção à Copa do Mundo do Brasil de 2014. Foram dele os 3 gols de Portugal na partida decisiva da repescagem contra a Suécia, vitória por 3 x 2, fora de casa, pelas Eliminatórias Européias, em jogo tenso que também marcou uma disputa pessoal com Ibrahimovic.
Cristiano Ronaldo superou Messi e o francês Frank Ribéry, o 3º colocado na Bola de Ouro, que ganhou 5 títulos em 2013 com seu poderoso Bayern de Munique. E esse é o encanto do futebol, nos mostrar que certos grandes jogadores têm atuações mais emblemáticas numa temporada do que títulos conquistados. E assim foi para Cristiano Ronaldo em 2013. O gajo sobrou em campo e fez gols, especialmente os gols mais importantes, os gols que tinham de ser feitos. Correu, driblou, pedalou, enfim, estrelou uma constelação de glamour, fama e dinheiro conhecida como Real Madrid.
Entre tantas partidas memoráveis pelo clube espanhol, Ronaldo liderou a heróica classificação de uma seleção sem tanto brilho, que basicamente depende de seus pés. Fez o que se esperava dele. E uma nação inteira o agradeceu por suas façanhas. Comemorou dentro de campo com sorrisos e fora de campo com lágrimas. Porque sabe que foi uma temporada mais do que especial. Não levantou troféus, mas foi premiado por ter feito arte em forma de futebol. E chorou como aquela criança que corria atrás da bola nos campos da Ilha da Madeira, quando certamente, longe dos holofotes e do glamour, era ainda mais craque e mais autêntico.

domingo, 12 de janeiro de 2014

ESPERANÇAS, SONHOS E LIÇÕES DOS MENINOS DA COPA SÃO PAULO

Nos rincões pelo interior do Brasil, o futebol continua sendo a oportunidade rara de milhares de garotos que sonham com uma vida melhor. Se não melhor, pelo menos mais digna. Os milhares se tornam centenas, depois dezenas, depois somente alguns. Algumas vezes, nenhum. Mas é preciso acreditar. E mostrar o trato com a bola nos pés. Afinal, a bola rebola nos pés de quem sabe jogar, seja no Maracanã ou em qualquer terrão do Planalto Central do país. Talento é talento e isso ninguém pode tirar.
Diante disso, quantas esperanças não viajam dias de ônibus para participar da Copa São Paulo de Futebol Júnior? Quantos “inhos” não vislumbram jogar bola durante uma semana em São Paulo para tentar a sorte grande de, através do futebol, tentar ser alguém na vida? São os Zezinhos, Luisinhos, Huguinhos, Joãozinhos, Jairzinhos, Ricardinhos, Osvaldinhos, Carlinhos, Antoninhos, Romarinhos, Pelezinhos e uma infinidade de outros “inhos” por aí. Durante toda a viagem, dentro de um ônibus barulhento e desconfortável, um calor quase insuportável entra pelas janelas e a paisagem rude os faz manter na lembrança a vida sofrida que esperam poder deixar para trás. Fazem planos, sonham em poder oferecer à mãe uma condição melhor de vida, seja uma casa melhor, ou simplesmente um prato de comida mais saboroso na mesa. Homens desonestos já ofereceram vida melhor em troca de favores igualmente desonestos. Melhor não. Já conhecem as faces da violência, das drogas, do álcool. Tem exemplos ruins na família, e nas famílias dos vizinhos. Carrega consigo uma esperança em forma de chuteira que pode mudar todo esse cenário de maneira honesta. Aliás, chuteira e uniforme que foram presentes de um famoso político que sempre aparece em seu bairro de quatro em quatro anos, sabe-se lá porquê. Mas isso não importa. Agora só depende dele. Afinal, tem treinado bastante para essa oportunidade. Jogou demais, se esforçou para ser um dos escolhidos pelo professor para estar ali agora naquela viagem cansativa, demorada, calorenta, mas cheia de esperanças. Ficou sabendo que outro homem, amigo desse político famoso que de tempos em tempos aparece em seu bairro, ofereceu dinheiro ao professor do time para que um outro time de outra cidade fosse para São Paulo no lugar do seu. Sua mãe lhe disse que a bolada era boa. Mas o professor recusou. Disse para o prefeito que a participação na Copa de juniores daria visibilidade para a cidade e que isso era bom. Graças a Deus que tudo deu certo. Nunca tinha visto ninguém recusar tanto dinheiro, mas o professor era um cara inteligente e todos os moleques confiavam nele. Acreditavam que sempre faria o melhor por eles.
Chegaram. Jogaram. Perderam. De goleada. Foi o cansaço. A alimentação também, quem sabe. Mas não faltou vontade. Eles tentaram. Dífícil jogar contra time grande. Os caras do time grande pareciam gigantes perto deles. E como corriam. E não se cansavam. Pelo menos não tanto quanto eles se cansavam. E tocavam muito bem na bola, quase sempre em dois toques. Será que era porque a chuteira deles era melhor? Bem, tudo deles era melhor, essa era a verdade. Mas a vida é assim. Legal foi a cordialidade dos médicos do time grande que os atendiam em campo quando eles precisavam. Davam até remédios. E não reclamaram nenhuma vez. Legal isso.
Ele jogou bem, apesar das derrotas acachapantes. O professor até o elogiou, apesar de tudo. E percebeu que alguns homens pediam informações sobre ele para seu professor. Um garoto de seu time lhe disse que os tais homens pareciam estar interessados em levá-lo para fazer uns testes em times de São Paulo. Bem, era exatamente essa a idéia. Se esforçar e jogar bem. Mesmo sabendo que não teriam chances de vitória.
E a vitória era justamente essa. Dar o seu melhor. Sua mãe ficaria orgulhosa. Jogar bola era o que ele sabia fazer de melhor e ele fez o melhor. E não se sentiu envergonhado pelas derrotas. Vergonha é matar, roubar, cair na conversa de pessoas desonestas. Ele ainda acreditava que o futebol lhe traria uma vida melhor. E agradeceu ao professor por ter lhe ajudado a tentar. E se sentiu alguém na vida por conta disso. Ano que vem tem Copa São Paulo de novo. E ele vai continuar tentando. Afinal, a viagem nem é tão cansativa assim. O sonho do futebol vale a pena.

Leia: "Time do Tocantins que levou 21 gols em 2 jogos recusou vender vaga na Copinha" - Esporte IG  http://migre.me/hoOMT

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

FRASES

" - Deus criou Adão e Eva, e não Adão e Ivo."
(Alex, zagueiro brasileiro do Paris Saint-Germain-FRA, sobre a orientação sexual de Thomas Hitzlsperger, ex-jogador da seleção alemã, que se declarou homossexual).

" - É compreensível quando fanáticos religiosos, sem cérebro, ainda acreditam em um livro de ficção escrito há mais de 2 mil anos."
(Joey Barton, jogador inglês do Queens Park Rangers-ING, referindo-se à Bíblia e criticando a declaração do jogador brasileiro).

domingo, 5 de janeiro de 2014

FRASE

" - Acho que é imortal. Todos sabemos o que ele significa para o futebol e em especial para o futebol português (...) Se ele tivesse hoje 20 ou 30 anos, seria uma coisa assombrosa. Eusébio, numa geração completamente diferente, e se tentasse fazer um paralelismo com o futebol de hoje, estaria ao nível daquilo que são os maiores jogadores de futebol."
(José Mourinho, técnico do Chelsea, sobre a morte de Eusébio aos 71 anos, o maior jogador da história do futebol português, ídolo do Benfica e da seleção portuguesa. O "Pantera Negra", como era conhecido, fez 733 gols em 745 partidas, média absurda de 0,98 gol por partida).

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

POR QUÊ A ESPANHA CONTINUA SENDO FAVORITA NA COPA?

Vietnamita aprecia a Brazuca, a bola oficial da Copa de 2014

Na Copa do Mundo do Brasil de 2014, a Espanha será destaque mesmo se não for bicampeã. E acredito que não vai ganhar a Copa de novo. É que o futebol espanhol continua em alta por ser diferente, como era o futebol holandês na longínqua Copa de 1974, até hoje uma referência, apesar de a Holanda nunca ter vencido um Mundial. E assim também como era o futebol da inesquecível seleção brasileira de 1982, que também não venceu a Copa da Espanha, mas que encantou o planeta e até hoje é reverenciada pelos amantes do futebol arte. E que serviu de inspiração para o técnico Pep Guardiola no comando do brilhante Barcelona de 2009  a 2011, que ao contrário de Holanda-74 e Brasil-82, ganhou tudo o que disputou. Porque futebol bonito também ganha títulos. E não apenas o chamado "futebol de resultados".
No futebol atual, somente um ou outro jogador tem capacidade para criar, enquanto a maioria entra em campo apenas para destruir jogadas. Na seleção espanhola não. Os jogadores que basicamente formam os times de Real Madrid e Barcelona têm consciência de um futebol de fato inteligente, até com senso solidário, de não “individualizar” o coletivo. Treinam os fundamentos básicos, aprimoram o toque de bola, buscam a organização tática, criam esquemas que privilegiam maior velocidade, sem chutões, sem cavar ou cometer faltas desnecessárias, com a bola sempre no chão, com jogadas sempre trabalhadas, priorizam a melhor qualidade técnica, promovem a condição física ideal. Pode não funcionar sempre a favor, pois no futebol existe o imponderável. Mas sempre vai funcionar a favor do futebol como arte, porque é diferente de se ver.
A Espanha perdeu a final da Copa das Confederações em 2013 para o Brasil? Sim, e pelo placar de 3 x 0, com direito a "Olé" da torcida brasileira nas arquibancadas do Maracanã. Será assim na Copa? Não, porque a pegada é outra, a motivação é outra.
De um jeito ou de outro, o fato é que o futebol bonito e bem jogado sempre vai chamar a atenção. E sempre será favorito, em qualquer situação ou competição. Exatamente por destoar da grande maioria, onde destruir é mais fácil do que produzir.

TABELA COMPLETA DA COPA SÃO PAULO DE FUTEBOL JÚNIOR 2014

É bem verdade que o nível e o interesse da Copa São Paulo de Futebol Júnior já não são mais os mesmos há anos. De qualquer maneira, o torneio realizado anualmente durante o mês de janeiro ainda é o mais importante da categoria no Brasil e a grande oportunidade para garotos que sonham serem vistos e assim se tornarem jogadores profissionais. Em 2014, o torneio será realizado entre os dias 3 e 25 de janeiro (data da final que coincide com o aniversário da capital paulista) e terá a participação de ~pasmem~ 104 clubes de todo o Brasil, espalhados em 26 grupos de 26 cidades-sede do Estado de São Paulo.
Seis emissoras de TV vão transmitir os jogos: Globo, Rede Vida e Rede TV (sinal aberto), e ESPN Brasil, Play TV e Sportv (sinal fechado).
Devido à enorme quantidade de equipes participantes (104), o nível técnico da Copa São Paulo é muito baixo. Normalmente, as goleadas sobre os times que vêm de lugares e regiões distantes (que passam dias viajando de ônibus) são constantes e inevitáveis. Um torneio com, no máximo, metade de participantes daria uma qualidade técnica muito superior e maior competitividade. Mas por quê a enorme quantidade de times? Porque o torneio se tornou uma grande vitrine também para empresários, dirigentes e até políticos. Em ano de eleição, qual deputado não gostaria de "ajudar" o time de sua cidade ao conseguir a participação em um torneio de irradiação nacional como a Copa São Paulo? Especialmente políticos influentes das regiões Norte e Nordeste, que chegam até a "alugar" times inexpressivos para empresários e agentes ligados ao futebol. Por isso a certeza de baixo nível técnico na fase inicial.
Todos os Estados do país terão representantes na Copinha, mais o Kashiwa Reysol, do Japão, convidado pela "Hitachi", a patrocinadora oficial da competição.
O atual campeão Santos estréia dia 5, contra o Alecrim, do Rio Grande do Norte, no estádio da Vila Belmiro.

Segue abaixo a tabela completa da 1ª etapa da Copa São Paulo de Futebol Júnior, que em 2014 chega à sua 45ª edição:

http://www.futebolpaulista.com.br/arquivos/Tab_Copa_Sp_Jr_14_2.pdf

PITACOS PARA O ANO DA COPA


- Tite será a sombra de Mano Menezes o tempo todo no Parque São Jorge.
- Messi não será o melhor jogador do mundo pela 5ª vez consecutiva. E não é.
- Se for protagonista no eventual hexacampeonato do Brasil na Copa  (e uma coisa está associada à outra), Neymar será eleito o melhor jogador do mundo de 2014.
- Caso se confirme o título do Brasil na Copa, Felipão deveria abandonar o futebol e se preocupar em como vai gastar seu dinheiro, e não em como ganhar mais dinheiro, se vier a aceitar proposta de algum clube europeu. Essa será provavelmente sua última chance de sair por cima.
- Se conseguir passar pela Pré-Libertadores, o Botafogo não passa da etapa de grupos do torneio sulamericano.
- O holandês Seedorf tem todas as condições de se tornar um bom treinador, de preferência começando num clube brasileiro. Tem experiência, carisma e espírito de liderança. E chegou lá como jogador. Por quê não no próprio Botafogo, por exemplo?
- A maior virtude de um bom treinador é saber controlar e administrar pressão. Gerenciar crises, dentro e fora do vestiário. Conter as vaidades pessoais do elenco. E, claro, tentar o melhor relacionamento possível com a imprensa. Seedorf pode conseguir tudo isso.
- Oswaldo de Oliveira não termina o Campeonato Paulista como técnico do Santos.
- Renato Gaúcho volta para o Fluminense. Depois volta para o Vasco. Depois volta para o Grêmio.
- Paulo Henrique Ganso fez, no máximo, três boas apresentações na temporada inteira de 2013. E na reta final do ano. Mesmo assim, já tem gente o vendo na Copa do Mundo de 2014. Até ex-jogador e craque, como o Raí. Até maio, vão chover hastags nas redes sociais pedindo por sua convocação.
- A imprensa até tentou dar uma força para o gordinho Walter e arriscou “colocá-lo” no Corinthians. Não funcionou, claro. E ele vai continuar num time secundário em 2014. Ou talvez nem isso.
- O elenco da seleção brasileira para a Copa do Mundo já está fechado faz tempo. Somente dois jogadores ainda têm alguma chance de serem chamados: Kaká ou Ronaldinho Gaúcho. E o dentuço possui uma ligeira vantagem na preferência do Felipão.
- Dos seis times brasileiros que vão participar da Copa Libertadores, apenas dois possuem chances de chegar às finais: Grêmio e Flamengo. O time gaúcho, por ser o mais copeiro de todos e porque deve priorizar e formar um time forte para disputar o torneio. Já o time carioca terá o forte apoio de sua torcida, que será fundamental principalmente nos jogos em casa.
- O Flamengo só não pode ter a obsessão de querer “ganhar dinheiro” na Copa Libertadores e colocar o ingresso mais barato a R$ 500 no Rio de Janeiro. O apoio de sua torcida será fundamental para almejar algo mais importante, como foi na conquista da Copa do Brasil de 2013.
- Ronaldinho Gaúcho não joga no Palmeiras em 2014. Nem por um salário astronômico.
- Por quê se gastou tanto dinheiro para reformar o Maracanã de acordo com o tal do “Padrão FIFA”? Para a Copa do Mundo, certo? Então é preciso sim limitar o uso do estádio pelos times cariocas até junho, do contrário, o gramado estará sem nenhuma condição de uso durante a realização do torneio.
- Vicente Matheus foi o mais corintiano dos presidentes do Corinthians, porém o clube vai continuar se dividindo em "antes e depois" de Andrés Sanches. Mário Gobbi está no trono atualmente, mas não “emplaca” nada.
- A Espanha perdeu por 3 x 0  a final da Copa das Confederações para o Brasil, com direito a "Olé" da torcida brasileira no Maracanã. Mas continua sendo favorita para ser campeã na Copa do Mundo. Porque continua jogando bonito. E porque na Copa a pegada é outra.
- Se a Copa do Mundo fosse hoje, o Brasil teria 90% de chances de ser campeão.