terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A SEGUNDA-FEIRA DEPOIS DO FIM

*por Adriano Oliveira


Em plena manhã nublada de segunda-feira, a melhor ressaca de todos os tempos da última semana na vida de um gremista. Ao sentar-se na mesa para tomar seu café, ele confere pela centésima vez as últimas notícias sobre futebol na tela de seu celular. Sorri. E finalmente cai às gargalhadas quando olha lá pra baixo, no rodapé da tabela de classificação do Campeonato Brasileiro.
O que ele vê?

O arqui-rival Internacional, rebaixado para disputar a segunda divisão em 2017. Irônico, suspira:
- Nunca o vermelho das últimas quatro posições da tabela combinou tanto com um rebaixado.
Sim, mais uma vez a Série B vai receber de braços abertos um grande clube do futebol brasileiro, que tanto se esforçou para estar entre o 21º e o 40º de uma edição do campeonato nacional. O Inter de tanta gente, de tanta tradição e expressão, que depois de uma interminável série de tropeços dentro de campo e lambanças de seus dirigentes fora dele, terá o amargo desafio de retornar à elite.

Porque o Inter se rebaixou dentro e fora de campo. Daqui em diante, o time gaúcho não terá somente a antipatia dos gremistas, mas de muitos outros torcedores espalhados pelo Brasil, devido às recentes "estratégias" e declarações infelizes de quem manda no clube. A Série A permanece agora com apenas quatro times em seu quadro de fidelidade: Cruzeiro, Flamengo, São Paulo e Santos, os únicos do país que não sabem o que é disputar a segunda divisão. No entanto, com dirigentes irresponsáveis e mal preparados, quem arrisca-se a dizer até quando?

domingo, 4 de dezembro de 2016

O PALMEIRAS DE CUCA, QUE CANTA E VIBRA. DE VERDADE.

*por Adriano Oliveira

" - É agora que entra o meu trabalho, vou poder treinar e montar a equipe mais ou menos com a minha feição. Vamos buscar o Brasileiro, vamos brigar, vamos ser campeões."
(Cuca, técnico do Palmeiras, em entrevista após eliminação de seu time da Copa Libertadores da América e do Campeonato Paulista)


Cuca chegou ao Palmeiras para ser campeão. De verdade.
Porque o palmeirense comemorou o título do Campeonato Brasileiro de maneira diferente.
Não foi a mesma sensação de exatamente um ano atrás, com Marcelo Oliveira, que também foi campeão nacional pelo clube. Com Cuca, foi diferente. Afinal, o técnico campeão da Copa do Brasil de 2015 não deixou nenhum legado a não ser um estoque de "chuveirinhos", que nem o mais otimista dos torcedores acreditou que daria certo para sempre. Mas conquistar o longo e concorrido Campeonato Brasileiro, sem drama e sem sofrimento, faz esquecer o que ficou para trás.
Depois das eliminações no Campeonato Paulista e precocemente na Copa Libertadores da América, Cuca prometeu o título brasileiro aos palmeirenses. E cumpriu.
O torcedor sabe que o campeão deste ano não foi brilhante. Que não encantou. Talvez por não ter o elenco igual ao do Atlético-MG, considerado o "favorito" para ganhar tudo em 2016. Mas Cuca conseguiu fazer o time jogar. Se não tinha em mãos um elenco primoroso em qualidade técnica, restou a ele formar um bom conjunto e treinar uma equipe bem organizada taticamente, que logo ganhou entrosamento e cresceu de produção. De um grupo assustado e desacreditado após a eliminação ainda na fase de grupos da Copa Libertadores, o Palmeiras passou a ser um time determinado e confiante. Cuca fez o time "funcionar".

terça-feira, 15 de novembro de 2016

POR QUANTO TEMPO MESSI AINDA VAI BRILHAR?

*por Adriano Oliveira

Lionel Andrés Messi, aos 29 anos, já entrou definitivamente para a história do futebol. Tem seu lugar cativo na galeria dos melhores jogadores de todos os tempos.
É atualmente a grande estrela em nível internacional e o maior artilheiro do Barcelona e da seleção argentina, com mais de 500 gols marcados. Para se ter uma ideia do que tal feito significa, basta lembrar que o segundo maior goleador da história do time catalão é Cesar Rodriguez, que atuou por 16 anos com a camisa azul-grená (entre 1939 e 1955) e contabiliza "apenas" 232 gols, ou seja, menos da metade dos gols anotados por La Pulga. Há 12 anos jogando no time principal do Barcelona, Messi já fez 469 gols, uma incrível média de pouco mais de um gol por partida. Com a camisa da Argentina, são 56 gols em 115 jogos, ou mais de dois gols por partida, marca que o consagra como o maior artilheiro da seleção de seu país.
Nada mal para um meia-atacante de 1m70 de altura. Mas até quando La Pulga vai brilhar?


Há pouco mais de dois anos, meses antes do início da última Copa do Mundo, Messi declarou que "2014 era o ano da Argentina". Tinha mesmo tudo para ser, uma vez que sua seleção navegou em maré mansa pelas Eliminatórias e obteve de forma tranquila o passaporte para o Brasil. Ademais, a seleção argentina, mesmo na escassez de títulos que dura mais de duas décadas, sempre será considerada favorita, assim como outras seleções tradicionais como Alemanha, Itália e Brasil. Em maior ou menor grau de confiança, independentemente do momento, sempre haverá respeito pelas camisas dessas seleções, que não são e nunca foram "coadjuvantes", como eram Espanha e França, por exemplo, até pouco tempo atrás.

domingo, 30 de outubro de 2016

OS "TROPEÇOS" NA RETA FINAL E O "ESTILO OSWALDO" DE SER

*por Adriano Oliveira


Na metade do segundo tempo, o placar do Mineirão insistia em mostrar a vitória do Flamengo por 1 x 0 sobre o "dono da casa", o favorito Atlético-MG. O técnico Marcelo Oliveira resolve então sacar Leandro Donizete para a entrada de Lucas Pratto. Um coro de vaias e gritos de "burro" ecoam pelo estádio. Afinal, o correto não seria sacar um volante? Porém, a substituição funcionou. Luan jogou mais próximo do atacante argentino que entrou e Robinho ficou mais solto para jogar com Otero pela direita. O Atlético virou o placar em 10 minutos e Marcelo Oliveira ignorou os gritos de "burro" associando-os à "paixão pura" do torcedor, segundo ele, que só não passou de vilão a herói por causa do empate do Flamengo no último minuto do tempo regulamentar, outro gol de oportunismo de outro gringo, o peruano Paolo Guerrero, que tem sido decisivo nas últimas partidas. Há quem diga também que Zé Ricardo, técnico do Flamengo, errou ao colocar Alan Patrick em campo, quando tinha Felipe Vizeu e Mancuello como opções bem mais agressivas no ataque.
Em comum entre os dois treinadores, os "tropeços".
O Atlético-MG sofreu seu primeiro tropeço depois de 12 vitórias seguidas como mandante. Mas e o Flamengo? Empatar com o forte time do Atlético em pleno Mineirão pode ser considerado "tropeço"? Seria absolutamente normal em qualquer outra situação, menos nessa altura do campeonato e na incansável perseguição ao líder Palmeiras, quando o "tropeço" faz agora o Flamengo ver o time paulista cinco pontos a sua frente e a cinco rodadas do fim. O tal do "cheirinho" do hepta fica cada vez mais fraco.


O Palmeiras também tropeçou?

sábado, 22 de outubro de 2016

A DECISÃO É DO ÁRBITRO?

*por Adriano Oliveira


17 de dezembro de 1995. Estádio do Pacaembu, final do Campeonato Brasileiro entre o Santos de Giovanni e o Botafogo de Túlio. Aos 34 minutos do segundo tempo, o placar mostrava empate em 1 x 1, o que dava o título nacional ao time carioca, já que na primeira partida, disputada no Maracanã, o Botafogo havia vencido por 2 x 1. Uma vitória simples daria o troféu aos santistas, pois tinham a vantagem do empate em número de pontos por terem feito melhor campanha.
Falta para o Santos do lado esquerdo do ataque. Após a cobrança, a bola cruzada na área e o atacante Camanducaia cabeceia firme, estufa as redes do goleiro Wágner e sai correndo comemorando em direção à torcida. Era o gol do título. Só que não.
O árbitro Marcio Resende de Freitas resolve anular o gol com a marcação de um impedimento inexistente. Na lateral do campo, seu assistente (que na época ainda era chamado de "bandeirinha") permanece com o braço intacto e junto ao corpo, não sinalizando o tal impedimento que somente seu colega viu. Os jogadores santistas, indignados e inconformados com a anulação do gol decisivo, pressionam o árbitro e mostram o assistente, que nada assinalou. Categoricamente, Marcio Resende afirma:
“ – A decisão é minha. Eu dei o impedimento. O gol está anulado.
O jogo termina empatado e o Santos, prejudicado pela decisão do juiz, perde o título brasileiro para o Botafogo, que nada tem a ver com isso, é claro.

13 de outubro de 2016. Estádio Raulino de Oliveira. O Flamengo de Diego vai conseguindo uma boa vitória por 2 x 1 no clássico diante do Fluminense de Cícero, resultado que mantém o time rubro-negro na perseguição ao Palmeiras, o atual líder do Campeonato Brasileiro a oito rodadas do fim. Aos 39 minutos do segundo tempo, exatamente o mesmo lance e quase no mesmo tempo de jogo daquela final de 1995: uma f
alta para o Fluminense na lateral. Após cobrança de Gustavo Scarpa, o zagueiro Henrique desvia a bola de cabeça para dentro do gol de Alex Muralha. 2 x 2.
No entanto, imediatamente após o gol de empate, o assistente assinala o impedimento. O árbitro Sandro Meira Ricci, por conta própria, decide validar o gol. Assim como os jogadores santistas há pouco mais de vinte anos, os flamenguistas ficam inconformados e partem para cima do juiz. Afinal, aquele empate quase no fim poderia acabar com os sonhos do Flamengo em busca do título. Após 13 minutos de paralisação, Sandro Meira Ricci, pressionado, resolve voltar atrás e anula o gol de Henrique. O clássico termina com a vitória do Flamengo.
Dias depois, a diretoria do Fluminense decide entrar com ação no tribunal pedindo a anulação da partida ao entender que, durante a interrupção de 13 minutos, o juiz teria sido avisado por gente de fora do campo de jogo que o zagueiro Henrique realmente estava em posição de impedimento e que, portanto, tal informação teria influenciado na decisão de invalidar o gol. Como a regra não permite interferência externa, a partida teria de ser anulada. O STJD, contudo, arquivou o processo e o Flamengo ficou com a vitória, mesmo com a veiculação de uma reportagem de TV mostrando que o inspetor de arbitragem de fato avisa à Sandro Meira Ricci sobre o gol irregular do Fluminense.

Certo ou errado? Eis a questão.



Sandro Meira Ricci, mesmo depois de longa paralisação, agiu certo em voltar atrás e anular um gol irregular?

sábado, 15 de outubro de 2016

UM PAPO SENSACIONAL COM O JORNALISTA E APRESENTADOR JOSÉ CALIL

*por Adriano Oliveira

O administrador esportivo, jornalista e apresentador José Calil começou sua carreira em 1984 quando ainda cursava o último ano de jornalismo na PUC, em São Paulo. Desde então, garantiu seu espaço na mídia trabalhando nos principais veículos de comunicação do país, embora admita que o rádio é sua paixão. "Sou e sempre serei um cara do rádio", diz.
Sempre ligado ao esporte, Calil também já trabalhou como gerente de futebol do Grêmio Barueri e foi secretário de esportes da cidade.
Polêmico, perspicaz e dono de um apurado raciocínio analítico, o atual âncora e comentarista da Rádio Transamérica vai sempre direto ao ponto e odeia o tal do politicamente correto que, segundo ele, "é um atraso para a sociedade". Entre admiradores e críticos, costuma dizer no microfone a mesma coisa que fala na poltrona de sua casa ou no boteco.
Seu orgulho como profissional é "ter deixado sempre boas lembranças e impressões em todos os lugares em que trabalhou"Seu craque é Neymar, prefere Maradona a Messi e avalia que "não havia outro caminho para a seleção brasileira senão Tite, que age na cabeça dos atletas"Entende também que "é muito mais difícil ser técnico no Brasil do que na Europa" e afirma que "o Audax merecia ter levantado a taça" do Campeonato Paulista de 2016.
Seu jogo inesquecível? A final da Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994.
Na entrevista abaixo, saiba muito mais o que pensa esse jornalista com mais de trinta anos de carreira que se tornou um dos nomes mais conhecidos e respeitados da imprensa esportiva no Brasil.


- Como surgiu seu interesse e quando você começou a trabalhar com futebol?
Já nasci no futebol. Meu pai amava o esporte e me levava sempre para jogar e assistir. Quando estudei jornalismo na PUC-SP já pensava em trabalhar com futebol. Idem quando estudei gestão esportiva na Fundação Getúlio Vargas.

- Seu nome é um dos mais conhecidos da mídia esportiva. Qual o segredo da longevidade na carreira? Existem novos projetos para o futuro?
A longevidade na profissão se deve, fundamentalmente, à credibilidade mostrada ao longo dos anos. E também, modéstia à parte, à capacidade demostrada no dia a dia. Sobre o futuro, penso apenas em prosseguir na Transamérica. Sou muito bem tratado e tenho uma excelente visibilidade graças à nossa enorme audiência.

- Como formador de opinião, você acredita que o jornalista esportivo também deve se posicionar sobre política e outros assuntos de interesse da sociedade? Ou é melhor se preservar junto ao público?
Não vejo nenhum problema num jornalista esportivo falar sobre política ou economia. Desde que ele tenha o que dizer a respeito desses outros temas.

- A busca pela modernidade e por mais audiência consiste em misturar jornalismo esportivo com entretenimento. Você acredita que essa é uma fórmula irreversível ou apenas uma aposta de marketing que, no decorrer do tempo, pode não funcionar?
Em última análise esporte é entretenimento. Quando comecei a trabalhar com o Gavião tinha dúvidas se essa mistura de humor e futebol daria certo. Hoje tenho certeza que dá. Ele é um gênio. O grande diferencial do nosso trabalho.

- Quem é seu ídolo no futebol?
Não gosto muito dessa palavra "ídolo". Meu único ídolo é Jesus Cristo. Mas para não deixar você sem resposta, no futebol, fico com o Rei Pelé.

sábado, 8 de outubro de 2016

A CASA DO FUTEBOL, 100 ANOS

*por Adriano Oliveira


Vai passar, por cem anos nessa Vila, o esporte mais popular.
Cada paralelepípedo de sua velha cidade à beira-mar a cada gol vai se arrepiar. Também ao lembrar que por aqui se passaram tantos jogadores geniais, tantas jogadas surreais e alegrias magistrais. Aqui suaram e sangraram ícones e ídolos. E desfilaram os imortais, num tempo de páginas felizes da história do futebol, de passagens ainda vivas na memória que se tornaram inspiração para todas as gerações.
Os filhos que daqui brotam se irradiam pelos continentes, disseminando o gosto de jogar bola e levando multidões a palcos de tantos lugares diferentes.
Meninos que um dia realizaram o sonho de pular o alambrado e fazer, no acanhado campo da Mãe-Rainha do futebol, o mesmo que faziam na praia e nos campinhos, ofegantes, irresponsáveis, irreverentes. Donos de uma ousadia e de uma alegria que pouco se vê por aí, marca registrada por aqui.
Venha pra Vila e a sinta vibrar e pulsar, energizada pela força do sentimento que vem da arquibancada. Venha pra Vila pela história de seus cem anos. Pela mística de sua aura. Pela sua majestade.

domingo, 25 de setembro de 2016

O CALVÁRIO E O CASTIGO

*por Adriano Oliveira

"A Associação Portuguesa de Desportos foi rebaixada para a Série D do Campeonato Brasileiro na tarde deste domingo. Na condição de visitante, o tradicional time rubro-verde perdeu por 2 a 0 para o Tombense, resultado que provoca a queda à última divisão do futebol nacional."
(Notícia dada pelo repórter de uma tradicional emissora de rádio paulistana às 17h56 do dia 18 de setembro de 2016)



Diferentemente de boa parte das coisas da vida, futebol é uma opção. É você quem escolhe o time que deseja torcer. Na vida, não dá para escolher ser pobre ou rico. Mas dá para escolher para qual time torcer.
E já que você se propõe a amá-lo pelo resto de sua vida, por que cargas d'água escolher um time secundário, que pouca gente conhece seus ídolos e sua história, eternamente a "zebra" que não conquista um título há mais de 40 anos? Para que escolher sofrer numa das poucas coisas da vida em que se tem o privilégio de optar?
Junior pensava assim. Mas encontrava algum tipo de resposta vendo o fanatismo de seu pai pelo time do Canindé. Um velho português sisudo e de cara fechada, mas que fazia festa na padaria após cada vitória da Lusa e que chegava a fechar as portas mais cedo quando a derrota era mais dolorida. Junior nunca gostou tanto de futebol como seu pai, nunca foi de jogar bola nos campinhos como a maioria de seus amigos durante a infância, mas quase sempre o acompanhava até o Canindé nas tardes de domingo. O pai era um torcedor apaixonado, romântico, que odiava ouvir de quem quer que fosse que "a Portuguesa era o segundo time de todo mundo". Para seu pai, a Lusa era, por exemplo, "muito mais soberana que aquele clube do bairro nobre da capital". E sua torcida era "bem mais fiel" que a daquele time vizinho, que ficava a poucos minutos do Canindé seguindo na mesma Marginal Tietê. Junior jamais viu seu pai vestir uma camisa que não fosse a rubro-verde. Os times considerados grandes, dos craques da televisão e da mídia, simplesmente faziam parte do resto. 

- E o resto, meu filho, é o resto - dizia o pai.

domingo, 18 de setembro de 2016

O FUTEBOL NÃO ACEITA DESAFORO

*por Adriano Oliveira

" Costumamos avaliar o trabalho do técnico ao fim da temporada. Fazíamos o mesmo com Tite. Não será diferente (...) Ele (Cristóvão Borges) faz bom trabalho. É trabalhador, treina muito bem a equipe e os resultados vão surgir logo (...) O que acontece é que esse time está demorando mais para ganhar formato em comparação a outros que montamos. Isso não significa que não há bom trabalho. Há sim, e muito."
(Roberto de Andrade, presidente do Corinthians, em entrevista ao site "O Estado de São Paulo" um dia antes de demitir o técnico Cristóvão Borges após protesto da torcida na derrota para o Palmeiras por 2 x 0, no Itaquerão).


Pesquise opiniões e comentários sobre o clássico entre Corinthians x Palmeiras, válido pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. Vasculhe redes sociais, leia reportagens e artigos, ouça comentaristas espalhados pelo rádio e televisão. O ponto de vista é quase unânime: o Palmeiras, líder do campeonato, venceu de forma fácil. Muito fácil.
Talvez nem o mais otimista dos palmeirenses imaginou que seria tão tranquilo vencer por 2 x 0 o arqui-rival dentro do Itaquerão lotado somente por corintianos.
Nem Cristóvão Borges imaginou.

"ADEUS, GERAL"



"Adeus, Geral" é um documentário que começou a ser produzido em setembro de 2015 por cinco alunos do ensino médio, a partir de um trabalho sobre Geografia.
O projeto busca explorar a elitização do futebol no Brasil, que atualmente exclui dos estádios as camadas menos favorecidas da população. Com a missão de expor as injustiças que essa tendência pode representar, o documentário ouviu torcedores e nomes expressivos como dos jornalistas Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira, Tite, técnico da seleção brasileira, Paulo Nobre, presidente do Palmeiras, e do ex-craque Alex.
Enfim, um excelente trabalho sobre uma das realidades do futebol brasileiro que chega ao Youtube. Vale a pena conferir!


fonte: "Adeus, Geral - filme completo"  https://youtu.be/9dzo-pgoKLw

sábado, 10 de setembro de 2016

"PINTA DE CAMPEÃO"?

*por Adriano Oliveira


" - É agora que entra o meu trabalho, vou poder treinar e montar a equipe mais ou menos com a minha feição. Vamos buscar o Brasileiro, vamos brigar, vamos ser campeões."
(Cuca, técnico do Palmeiras, em entrevista após eliminação de seu time da Copa Libertadores da América e do Campeonato Paulista)

É estranho ver um Campeonato Brasileiro tão concorrido e disputado como o atual.
O torcedor se desacostumou com isso, já que, desde 2013, Cruzeiro e Corinthians navegaram sem complicações rumo ao título.
Mas o palmeirense já começa a ser brindado com uma espécie de euforia, ainda que contida pelo equilíbrio deste ano. Ao que tudo indica, parece que ainda há muita coisa pela frente, que todos os times vão continuar oscilando, aqueles que brigam na parte de baixo devem tirar pontos dos que lutam na parte de cima e tudo o mais. Porém, a essa altura do campeonato, o eficiente Palmeiras de Cuca já pode ser considerado, enfim, o time a ser batido e com mais "pinta de campeão" até aqui.

sábado, 3 de setembro de 2016

TITE, O BRASIL E O EQUADOR EM SEUS DEVIDOS LUGARES

*por Adriano Oliveira

"O treinador da Seleção procurou saber onde os atletas jogam em suas equipes, em que sistemas, quais posições e funções exercem (...) Gabriel Jesus é o goleador do Campeonato Brasileiro como jogador terminal."


Adenor Leonardo Bacchi, o Tite, deu essa declaração em entrevista coletiva um dia antes de sua estreia como técnico da seleção brasileira, contra o Equador, pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2018.
Willian, Neymar, Renato Augusto, Paulinho, Casemiro, Marcelo, Miranda e Gabriel Jesus seguiram à risca as orientações do novo comandante a beira do campo e, como consequência mais provável que improvável, a partida colocou Brasil e Equador em seus devidos lugares. Tite também. Afinal, o melhor técnico do país não poderia estar em outro lugar que não fosse no comando de sua seleção nacional.
Mais do que isso, o Brasil voltou a vencer com propriedade e futebol convincente. Não deu chances ao adversário, especialmente no segundo tempo, quando chegava ao ataque em velocidade, com rápida troca de passes e até com seis jogadores. Gabriel Jesus, cheio de confiança e conforme Tite projetou, foi o tal "jogador terminal" em todos os lances de ataque, fez dois belos gols e ainda sofreu o pênalti convertido por Neymar.
3 x 0 sobre o Equador, a 2.850 metros de altitude em Quito, foi uma vitória maiúscula e mostra que, enfim, o Brasil possui um treinador e, ao que tudo indica, um centroavante.
Se a seleção já tinha a boa vontade da maioria dos brasileiros depois do inédito ouro olímpico, após a estreia de Tite a confiança aumentou ainda mais. Uma confiança que os equatorianos tiveram em excesso antes do confronto, beirando uma soberba inexplicável sabe-se lá vinda de onde que os fizeram não respeitar mais como antigamente o único país cinco vezes campeão do mundo. Embora, é claro, que a CBF tenha dado motivos de sobra para isso nos últimos anos.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A FÓRMULA DO "PESO DA CAMISA"

*por Adriano Oliveira


Quem pode salvar a temporada do São Paulo?
O elenco, mais uma vez, pede "vergonha na cara". E os jogadores dizem não haver nenhum "mal-estar" ou "racha" no ambiente entre eles.
Estão falando a verdade? Ou os jogadores têm receio de expor seus dirigentes?
No começo da temporada, o São Paulo não tinha patrocinador. Agora tem. Ao que tudo indica, os salários (que estavam atrasados) estão em dia.
Então, quem pode salvar o ano do São Paulo? O peso da camisa?
Quem sabe o primeiro passo fosse deixar a soberba de lado, entender que só a camisa não mais ganha jogo e que o "blá-blá-blá de camisa que entorta varal" ou então "El Morumbi te mata" são citações que permanecem apenas nos gloriosos anos de um passado cada vez mais distante da realidade do clube.
Afinal, a crise não chegou ao Morumbi quando o árbitro Wilton Pereira Sampaio apitou o fim da partida em que o limitado time do Juventude, que disputa a Série C do Campeonato Brasileiro, venceu o São Paulo por 2 x 1 em pleno Morumbi, no primeiro jogo das oitavas-de-final da Copa do Brasil.
A crise chegou ao Morumbi quando o são-paulino passou a comemorar vaga na Copa Libertadores da América. E só. Ao invés de títulos, o torcedor passou a celebrar "o maior público da temporada" e o "escudo de clubes mais bonito do mundo".
É só isso que o tal peso da camisa pode proporcionar? Por que?

sábado, 20 de agosto de 2016

FINALMENTE, O OURO OLÍMPICO DOS "VIRA-LATAS"

*por Adriano Oliveira


Um brasileiro apaixonado por futebol, como eu, poderia escrever um punhado de coisas sobre a conquista da tão sonhada medalha de ouro olímpica pela seleção brasileira. Se a seleção feminina também tivesse conquistado, como se encaminhava no início, certamente poderia escrever ainda mais. Para elas, de novo, não deu.
Poderia ser um texto interessante, com frases de efeito e, claro, em alguns momentos com uma ou outra pitada de ironia. Ou sarcasmo. No entanto, por causa da turma "do contra", não haverá nenhum devaneio inspirado pelos louros olímpicos finalmente alcançados dentro das quatro linhas. Por causa daqueles que não gostam do Brasil pelo simples fato de ser... do contra. Muitos deles, por exemplo, se alimentam até hoje do famigerado 7 x 1 que, dessa vez, para frustração de tantos, não veio.

sábado, 13 de agosto de 2016

O BRASILEIRO E SUA SELEÇÃO

*por Adriano Oliveira


É claro que o futebol não vai salvar uma pátria que historicamente não é nação. Mas com toda certeza o futebol oferece a sensação, muitas vezes única, de que é possível ser feliz. Mais que isso. Dá a esperança para meninos e meninas dentro de cada campinho de terra batida. Jovens que talvez não sejam tão "bonitinhos" e saudáveis como as crianças dos anúncios de roupa ou iogurte na TV, mas que desfilam sua beleza e sua inteligência com a bola rolando, faceira nos pés, capazes de driblar e chutar para escanteio todas as mazelas que a vida costumeiramente lhes dá a cada dia.
Assim, o futebol cumpre o seu papel de inspirar. E ao mesmo tempo diverte e até faz chorar. De alegria ou de tristeza, tanto faz. Mas, acima de tudo, com a sensação de que, pelo menos dentro de campo, todo brasileiro, em qualquer lugar ou em qualquer situação, se liberta e faz parte de uma vida com objetivos.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A OLIMPÍADA E O IMPOSTÔMETRO

*por Adriano Oliveira

Sexta-feira, 22 de julho de 2016. Exatamente às 14h18 e a pouco menos de 15 dias do início dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, o "Impostômetro" da Associação Comercial de São Paulo anunciava um índice nada animador: o valor pago pelos brasileiros em contribuições, taxas e impostos federais, estaduais e municipais desde o primeiro dia do ano, já somava R$ 1, 1 trilhão.


Além de algumas expressões impublicáveis, isso significa que, assim como no ano passado e também no ano retrasado, o cidadão que acorda cedo para trabalhar pagou mais e elevados impostos. E mesmo diante de tal exorbitante arrecadação, engolido por uma enorme crise política e uma forte recessão econômica, o Brasil cresceu menos. Ou decresceu.
Mas o tempo não pára. Em poucos dias, o eterno "país do futuro" será o palco de uma Olimpíada em seu mais belo cartão-postal, sua cidade maravilhosa, situada a beira-mar num país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza.
Afinal, com mais de R$ 1, 1 trilhão arrecadados em impostos em pouco mais de um semestre, entende-se que seria obrigação do poder público investir em transporte, aeroportos, segurança e hospitais. Não deveríamos depender de um megaevento esportivo internacional para se ter a esperança de dias melhores em ítens básicos de infraestrutura urbana. Seja qual for o partido político que esteja no poder (isso é o que menos deveria importar).

domingo, 17 de julho de 2016

NACIONAL x DEL VALLE, A REALIDADE QUE INCOMODA

*por Adriano Oliveira


Nada de uruguaios, brasileiros ou argentinos.
O mais cobiçado troféu da América será erguido em 2016 por mãos colombianas ou equatorianas. Quem diria.
O futebol mudou. E Atlético Nacional x Independiente Del Valle fazem a final de Libertadores mais tupiniquim dos últimos tempos. Talvez do último quarto de século.
Nada de Boca Juniors, São Paulo, River Plate, Colo Colo, Grêmio, Peñarol...
A tal da "camisa pesada" não mais se traduz em vitória dentro de campo.
O futebol está quase nivelado. E por baixo.
Hoje não vence quem tem mais talento. Quase sempre triunfa o time que erra menos. E, por consequência, quem arrisca menos. Afinal de contas, quem arrisca menos (além de errar menos) mantém mais a posse de bola e dá menos chances para o adversário. A clássica figura do maestro da camisa 10, aquele que pára a bola, que pensa o jogo e normalmente faz o "inesperado", corre agora o risco de perder todas as jogadas e prejudicar sua equipe, passando de herói para vilão da partida.
O que importa atualmente é ter um "conjunto forte". Um time entrosado, que toca e fica com a bola o máximo de tempo possível. E, claro, que tenha pegada forte para recuperá-la o quanto antes. Toca-se de qualquer jeito, para o lado, para trás, para "começar" tudo de novo, o importante é sempre ter e tocar a bola. E, se necessário, para os menos favorecidos em técnica, se "livrar" dela antes que o oponente chegue no lance.

domingo, 10 de julho de 2016

A CULPA É DO MAICON?

*por Adriano Oliveira

Não importa se o zagueiro Maicon custou dois, quatro, vinte e cinco ou quinhentos milhões de reais aos cofres do Morumbi. Se tivesse vindo de graça, muita gente ainda assim estaria crucificando-o do mesmo jeito, por um suposto crime que ele não cometeu. Afinal, empurrar um jogador adversário que nitidamente está fazendo cera e retardando o andamento de uma partida tensa para os donos da casa é algo absolutamente normal, especialmente se tratando de Copa Libertadores da América.


Maicon, que é bom jogador e se mostrou um líder nato dentro de campo desde que chegou ao time, simplesmente vacilou como tantos outros já vacilaram. Outros até com mais patente que ele. Mas vacilou no calor de um jogo muito importante. O mais importante da temporada para seu clube e sua torcida.
O jogo não era válido por uma rodada qualquer do Campeonato Brasileiro, onde o São Paulo tem tempo suficiente para se recuperar. O jogo era o primeiro de uma semifinal de Libertadores e, com a expulsão, Maicon não jogará a segunda partida na Colômbia, diante do forte Atlético Nacional, o favorito desde o início do torneio sul-americano para levantar o troféu.
Sim, Maicon vacilou. Porém, talvez uma advertência com cartão amarelo fosse o mais prudente a ser feito pelo árbitro que, assim como os apitadores daqui e também do outro lado do oceano, é fraco. Longe de a maioria ser mal-intencionada, como tanta gente afirma por aí. Os árbitros, quase todos amadores, são ruins mesmo e erram para todos os lados.
E ele, Maicon, certamente deve estar arrependido. Teve uma atitude impensada, normal até devido à circunstância da partida, mas tola, infantil. Poderia ter evitado o cartão vermelho se jogasse apenas seu futebol. Lhe faltou cabeça fria e a postura necessária de um capitão para administrar a pressão e conduzir seu time pelo menos a um empate de 0 x 0 para depois apostar todas as fichas na Colômbia. Contudo, Maicon é o culpado pela eventual eliminação do São Paulo?

quarta-feira, 6 de julho de 2016

UM SONHO NA ILHA

*por Juliane Madison

Eu, desde que comecei a amar futebol e frequentar estádios, sempre tive um “sonho", uma grande vontade que aos poucos vou conseguir realizar: conhecer alguns estádios brasileiros, assim como se fosse uma viagem para Disney, um sonho de criança adulta.


Um desses estádios seria a Ilha do Retiro, do Sport, onde sempre tive uma admiração pela torcida local cantando em sincronia na TV, todos em uma só voz, aquele caldeirão arrepiava. E como moro atualmente em Pernambuco, me vi diante da realização deste "mini" sonho.
Recife, 5 de Julho de 2016, às 20 horas, seria então o dia em que eu conheceria um dos estádios que sempre quis conhecer mesmo estando com medo, devido ao Palmeiras não ter sucesso tratando-se da Ilha e também onde a torcida do Sport tem muita rivalidade com os palmeirenses desde os jogos da Copa do Brasil e da Copa Libertadores da América.
Comprei o ingresso de visitante através do Futebolcard e, após o trabalho, me direcionei à Ilha do Retiro que comemorava seu aniversário de 79 anos. A casa sem dúvida estaria lotada e o clima hostil da torcida mandante causava certa apreensão, porém, como minha paixão sempre fala mais alto, irei acompanhar o Palmeiras pessoalmente nos estádios desse Brasil enquanto puder.
Uma chuva para "lavar a alma tirando a zica” do estádio. E, antes do início da partida, temos na escalação o garoto Erik como novidade.
O início do jogo foi de domínio do Palmeiras, coordenando a seu favor e, aos dez minutos, Erik em corrida pelo meio abriu pela direita com Gabriel Jesus, onde recebeu dentro da área o cruzamento rasteiro para inaugurar o placar.
A torcida do Sport calou-se e pouco se viu daquela vibração que se via pela televisão, apenas alguns lampejos principalmente após o gol de empate que aconteceu aos 14 minutos da 2ª etapa com Gabriel Xavier.
Depois, com os espaços cedidos pelo mandante, principalmente pela empolgação do gol, era questão de tempo para a virada do Palmeiras. Aos 20 minutos, Jesus saiu cara a cara com o goleiro Agenor e bateu forte fazendo 2 a 1. Nos minutos seguintes houve tamanha intensidade que, aos 24, Jesus novamente estava na cara do goleiro e foi derrubado dentro da área sofrendo pênalti. Cleiton Xavier cobrou e converteu. 3 a 1 para o Verdão.
Daí em diante foi apenas festa, a torcida do Sport começou a sair do estádio, gritos de "segunda divisão" e de "festa no chiqueiro".


Acabou a "zica" da Ilha do Retiro, vieram mais três pontos e a confirmação da liderança. Hoje quem duvidava tem a certeza que sim, o Palmeiras briga pelo título do Brasileirão.
Eu, feliz, pois um pedacinho de meu sonho veio convertido em vitória.


* como todo brasileiro, Juliane Madison tem um pouco de comentarista esportivo, treinador e árbitro. Fanática e sempre direta ao ponto, ela vê no futebol muito mais que um gosto, mas uma paixão que carrega a cada dia e por toda a vida.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

MESSI, DO MEIO DE CAMPO AO ABATEDOURO

*por Adriano Oliveira

" - Já deu, a seleção argentina acabou para mim. Perdi mais uma vez nos pênaltis, mas já foi (...) Dói muito não ter sido campeão com a Argentina e vou embora sem ter conseguido."
(Lionel Messi, 29 anos, meia do Barcelona e da seleção argentina, abatido após decisão da Copa América Centenário).


A caminhada de um jogador de futebol do meio de campo até a marca do pênalti é como se fosse a de um boi indo em direção ao corte.
Naqueles segundos que mais parecem uma eternidade, certamente um filme se passa por sua cabeça. Seja ele limitado como um zagueiro brucutu ou o craque ídolo de toda uma geração.
Naquele caminho repleto de certezas e dúvidas, de afirmações e inseguranças, imagens se carregam por todos os lados. Ele pensa em sua carreira, em sua família, em seus amigos, em sua vida. Lembra-se do quanto foi difícil para ele estar ali, naquele momento, naquela trajetória solitária e silenciosa sob os olhares do mundo inteiro.
A carga emocional é imensa. O fardo é pesado. E quanto maior o peso da camisa que veste, maior o tamanho da responsabilidade em suas costas.
Depois de um empate sem gols no tempo normal e na prorrogação, foi exatamente ali, na marca da cal dentro da grande área, a 11 metros do gol, que Chile x Argentina decidiram a edição centenária da Copa América disputada nos Estados Unidos em 2016.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

O "SAN-SÃO DA PAZ" E, DE NOVO, DA DIVERSÃO

*por Adriano Oliveira

O jogo mal havia começado e os santistas já comemoravam o primeiro gol no Pacaembu.
Aos 40 segundos, isso significava um mau prenúncio para os são-paulinos? Sim.


Afinal, era dia de clássico contra o Santos. E, há algum tempo, somente isso já é o suficiente mesmo para o mais otimista dos são-paulinos. A diretoria também dá mostras dessa realidade que incomoda quando, em comum acordo, decide realizar as duas partidas do clássico no campeonato em estádio considerado neutro, como o Pacaembu, talvez por não querer jogar na Vila Belmiro. E também quando no ano anterior contrata um treinador (Doriva) somente para tentar superar o rival em decisão de mata-mata na Copa do Brasil.
O placar do clássico foi 3 x 0 para o Santos, que dominou amplamente o jogo.
Mas Paulo Henrique Ganso não jogou?
Não, mais uma vez foi “poupado” diante de seu ex-time, o que está se tornando rotina. Contudo, e se Ricardo Oliveira tivesse jogado do outro lado? Seu suplente e novo reforço santista, Rodrigão, uma mistura de Walter com Durval, é o bom e velho trombador fazedor de gols, aquele jogador que, mesmo a contra-gosto, todo torcedor gosta de ver em seu time. Porém, visivelmente fora de forma, se cansou na etapa final. Faltou o fôlego que o veterano Ricardo Oliveira teria de sobra.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

A BOLA E OS SONHOS DO MENINO

*por Adriano Oliveira


Era uma vez um menino...
Sentado à beira do campinho, terra misturada com grama, olhava atentamente para ela, a bola, envelhecida por tardes de sol e de chuva. A bola subia, descia, deslizava suavemente pelo chão, corria efusiva de um lado para o outro. Parecia sensualizar-se diante do olhar curioso do menino. O entardecer no horizonte tinha a mesma cor da chama que passava a queimar em seu coração a cada movimento dela, a bola, que não parava.
Eles, bola e menino, trocavam olhares insinuantes.
Enfeitiçado, se levantou e foi chegando cada vez mais perto.
Parou e a olhou fixamente. O encanto surgiu. O jogo de sedução entre ambos estava predestinado a durar para todo o sempre. A bola, libidinosa, encostada em seus pés, pedia para ser tocada, acariciada. Num impulso, o menino foi induzido a levantá-la. Pela ponta dos dedos, à altura da coxa, até o peito.
Destemida, a bola queria logo mostrar o quanto deveria ser reverenciada por ele e aqueles olhinhos brilhantes. Foi alçada para cima, bem alto. Vidrado e vibrante, o menino se curvou perante sua rainha e, em sua nuca, a bola caprichosamente se aninhou. Sem deixá-la cair ao chão, o menino a dominou novamente nos pés. Voltou a aconchegá-la sobre a cabeça, deixando-a pousar faceira, enquanto ela lhe sussurrava ao ouvido, numa simbiose perfeita que o levava para mundos diferentes, realidades distintas e arenas suntuosas abarrotadas de gente. Ali estava ele, estático e entregue aos encantos e desatinos dela, a bola , impregnado por uma sensação jamais sentida. E que jamais teria explicação. Porque onde quer que seja, mesmo num território hostil de terra batida e abatida de uma aldeia afegã, com a bola nos pés ele poderia sentir-se uma estrela, um maestro da camisa 10, o máximo artilheiro de uma grande seleção, um mito.
E a bola seria, a partir dali, seu desafio constante. Porque ela se deixa dominar, mas também domina. A bola pune. Castiga. Impiedosa, ela sempre responde aos desígnios do jogo, da vontade e do desejo de seus deuses. Por mais que se esforce, o menino é seu refém, seu amo, seu subordinado, seu réu. Ora dominador, ele terá criatividade ímpar para reverenciá-la com novos dribles, malabarismos e gestos. Vai comemorar, gritar, pular, extravasar de alegria. E de tristeza também. Mas a bola, imponente, será o motivo de seus risos, seus devaneios, seus sonhos e suas lágrimas.
E o jogo segue, sempre. Com o fetiche, a magia e o feitiço que continuam a cada manhã, em cada campinho com uma bola e um menino. Muito além de ser, simplesmente, um jogo.



Leia:  site oficial Conmebol - "Com 55 gols Messi é o máximo artilheiro da Seleção Argentina http://migre.me/ublZm


Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

O INTERMINÁVEL 7 x 1

*por Adriano Oliveira


Nova Iorque, fevereiro de 2016. Em noite de gala, bem próximo do Madison Square Garden, o suntuoso teatro Hammerstein foi o palco escolhido pelos anfitriões norte-americanos para realizar o sorteio dos quatro grupos de seleções que disputariam a edição centenária e comemorativa da Copa América.
No final, o anúncio do grupo B na mídia e nas redes sociais se resumia em uma manchete:

"Brasil cai em grupo fácil na Copa América Centenário".

quinta-feira, 2 de junho de 2016

O PRETO NO BRANCO DO CORINTHIANS

*por Adriano Oliveira

O gol demorou a sair. Somente aos 37 minutos do 2º tempo, através de Giovanni Augusto. E de bola parada, após muita reclamação do adversário de que a falta que originou o lance não aconteceu. Ou seja, tudo conforme a velha, boa e vencedora cartilha do Corinthians de Tite.


E foi bom assim para todos que estiveram em Itaquera.
Aos corintianos, a recuperação plena do otimismo após os fracassos no Campeonato Paulista e, principalmente, na Copa Libertadores da América, com duas eliminações dentro de casa. O time entrou em parafuso, se perdeu e parece voltar aos trilhos sob a batuta de seu "fuçado" comandante à beira do campo.
Na vitória por 1 x 0 sobre o Santos, pela 5ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Corinthians chega à sua terceira vitória consecutiva, com 6 gols marcados e nenhum gol sofrido. O técnico Tite mostra, mais uma vez, capacidade de reinventar seu estilo de jogo dentro de campo, após o desmanche do time campeão na temporada passada. Busca se reorganizar na competição em andamento mesmo com um elenco desnivelado tecnicamente.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

O CHOQUE-REI DE UM TIME SÓ E AS DERROTAS MERECIDAS

*por Adriano Oliveira


Um Choque-Rei de um time só.
Essa talvez seja a melhor definição para o clássico entre São Paulo x Palmeiras, com torcida única no estádio do Morumbi, pela 4ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O São Paulo se impôs em seu campo, atuou como o time que disputa a semifinal da Copa Libertadores da América e foi muito superior ao Palmeiras. O resultado foi justo e o placar só não foi mais elástico devido à pelo menos duas grandes defesas de Fernando Prass, que foi o destaque do time comandado por Cuca.
O gol que selou a vitória são-paulina por 1 x 0 aconteceu logo aos 11 minutos, com Paulo Henrique Ganso. A partir daí, o time de Patón Bauza controlou o jogo a seu favor até o minuto final. E não foi por falta de disposição da equipe palmeirense. Foi o toque de bola rápido e preciso que a cada investida dos laterais deixava Fernando Prass nervoso com sua defesa que não conseguia encaixar a marcação e oferecia duas avenidas aos contra-ataques são-paulinos, uma em cada lado do campo. Foram sete chances claras de gol criadas pelo São Paulo e apenas duas tentativas reais do Palmeiras. E se o palmeirense reclamar que no lance que originou o gol houve falta de Wesley em Dudu, no 2º tempo o árbitro deixou de assinalar um pênalti claro no atacante Rogério.
O São Paulo deitou e rolou na etapa final do confronto. Deitou até demais. Kelvin deu chapéu memorável em Zé Roberto, depois driblou, dançou e até se empolgou. Ganso voltou a incorporar o treinador de seis anos atrás e trocou sua própria substituição pela de Thiago Mendes que, segundo o camisa 10, "queria sair". Bauza o atendeu. Simples assim, quando o ambiente está favorável e as coisas vão bem. O time de Cuca até tentou assustar nos acréscimos, mas foi neutralizado pela própria falta de fôlego e inspiração.
O time do Morumbi voltou a vencer com propriedade, sem fazer o são-paulino sofrer como de costume em dias de clássico.

domingo, 29 de maio de 2016

OS FANTASMAS DE SIMEONE

*por Adriano Oliveira

Lisboa, 24 de maio de 2014.
Na capital portuguesa, a Espanha viu, pela primeira vez, dois de seus filhos disputarem o troféu mais desejado de toda a Europa. A "orelhuda", a "taça das taças".


O argentino Diego Simeone, técnico do então atrevido Atlético de Madrid, nunca esteve tão perto de um título que seria mais que merecido. Para ele e para o clube. Afinal, a campanha havia sido brilhante, quase mágica, com vitórias sofridas é verdade, mas que esbanjavam garra e determinação impressionantes. Dentro de campo, o Atlético era o retrato-falado de seu treinador: futebol europeu com a essência do sangue latino.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

AS CORES DE MIRÓ, OS TRAÇOS DE GAUDÍ – BARCELONA, MAIS QUE UM CLUBE!

*por Priscila Ruiz

Olá amores, tudo bem com vocês?

Eu me apaixonei pelo futebol como mais tarde me apaixonaria por alguém: de repente, inexplicavelmente, sem aviso, sem pensar no sofrimento e nos transtornos que aquilo ia me trazer. Há alguns anos, lendo o livro "Fever Pitch" me deparei com essa frase, a qual obviamente fiz ajustes e faz cada vez mais sentido.
E é sobre essa paixão arrebatadora que discorrerei hoje. O Futbol Club Barcelona. Mais do que uma escolha ou gosto, torcer pelo Barça está presente no DNA da minha família genuinamente catalã e que orgulhosamente também faz parte da história desse clube.
Dizer que a cidade de Barcelona é um museu ao céu aberto nunca foi um exagero. Contudo, a arte que se vê pelas ruas, nos parques, mercados e prédios foi além. A vibração das cores pulsantes das obras de arte e os traços geniais da arquitetura revivem também nas quatro linhas do Camp Nou.
Sempre se espera muito de um time desse, não só por seu retrospecto, mas por sua essência. E nessa temporada não foi diferente. Muito se falou se conseguiríamos repetir os feitos do sextete ou triplete, o que caiu por terra na derrota da Supercopa da Espanha para o Bilbao.
Mesmo assim, continuamos no centro das atenções dos que gostam e principalmente dos que não gostam. O Barça seguia irresistível até que, após o intervalo da data FIFA, no início de abril, o time sucumbiu. Os motivos claros da queda de produção? Não sei.
O sextete não veio, assim como o triplete. Contudo, a temporada não deixa de ser histórica e sim, não deixou de roubar os meus melhores sorrisos. Para poucas coisas nessa vida tenho um meio termo. Pode até ser um contraponto, mas sou o tipo de torcedora pragmática que consegue manter a chama do romantismo acesa.
Se colocar na ponta do lápis, os títulos do Barcelona ganham um sabor ainda mais especial. Perdemos Xavi e Pedro. Convivemos com as lesões de Bravo, Sergi Roberto, Iniesta, Neymar, Rafinha e Messi.
O título do campeonato espanhol foi ganho duas vezes. Na primeira, quando praticamente estabeleceu a vantagem que lhe rendeu folga e o “quase título”. E depois, nas últimas três rodadas, quando ganhou em seu cangote, os sussurros ávidos de Real e Atlético de Madrid.
E o grande destaque, de forma incontestável foi Luis Suárez para calar essa que vos escreve. Pois, eu não botei fé que o uruguaio vindo do Liverpool pudesse se encaixar no estilo de jogo blaugrano.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

NO HORTO, O "CARA DA TORCIDA" NÃO ESTÁ MORTO

*por Adriano Oliveira


Diego Lugano tomou a decisão de retornar ao São Paulo na noite de 11 de dezembro de 2015.
Aclamado por mais de 60 mil vozes no Morumbi, na festa de despedida de Rogério Ceni, o veterano uruguaio de 35 anos sentiu na pele que tinha de voltar pela torcida, por ele próprio e por sua carreira. Não era o "reforço do presidente" de doze anos atrás, porém era mais que isso. Era o "cara da torcida". Pouco mais de cinco meses depois, Lugano entendeu que fez a escolha certa ao sentir novamente na pele o quanto era importante a volta do respeito e do prestígio aos inflamados corações são-paulinos. Na noite de 18 de maio de 2016, dentro do acanhado porém pulsante estádio Independência, o uruguaio olhava fixamente para a grande área. A bola foi alçada, veio o empurra-empurra frenético e apenas uma cabeça subiu mais alto que todas. O arremate, forte e certeiro como um chute, culminou com a bola dentro do gol do atleticano Victor. Lugano pula, corre, vibra e sorri abraçado a Patón Bauza. Era a cena que o são-paulino tanto imaginou em dezembro de 2015. Um gol decisivo de "Díos" na Copa Libertadores. Mas Lugano estava comemorando fora do campo, como reserva de Maicon, zagueiro brigador como ele, que chegou sem a mesma pompa do ídolo uruguaio, mas que a cada semana se firma como o novo "cara da torcida".