sábado, 31 de maio de 2014

UM LEMBRETE A RONALDO


Terça-feira, 15 de abril de 2014. A pouco menos de dois meses da Copa do Mundo e por volta das 7h00 da manhã, o “Impostômetro” da Associação Comercial de São Paulo anunciava um índice nada animador: O valor pago pelos brasileiros em impostos federais, estaduais e municipais nos primeiros quatro meses do ano já somavam R$ 500 bilhões. E o quê isso significa?
Que assim como no ano passado (e no ano retrasado), o cidadão que acorda cedo para trabalhar pagou mais e altos impostos.  E o Brasil cresceu menos.
Por essas e tantas outras razões, acredito que não seria necessário uma Copa do Mundo para o tal “legado” do dia seguinte ao fim do torneio. É obrigação do poder público construir e reformar estradas, aeroportos, escolas e hospitais. De investir em saúde, educação e segurança. Não é preciso a realização de um mega-evento esportivo para se ter a esperança de dias melhores em ítens básicos de infra-estrutura. Seja qual for o partido que esteja no poder. Aliás, isso deveria ser o que menos importa.
Portanto, sr. Ronaldo Nazário de Lima, é no mínimo oportunista sua “indignação” com o governo a menos de 15 dias da “melhor Copa das Copas”, como sempre profetizou a presidente da República.
Ronaldo sempre esteve do lado de lá, desde o começo. Desde quando o sr. Luiz Inácio Lula da Silva e sua turma entenderam que fazer a Copa do Mundo seria bom para o país, deixando o ônus das urnas para sua herdeira política e o ônus social para o povo. Ronaldo defendeu a decisão, apoiou a CBF, a FIFA e o governo federal. E ainda avalizou qualquer decisão do governo ao soltar a inesquecível pérola de que “não se faz uma Copa do Mundo construindo hospitais”.
Então por que não se faz hospitais da mesma forma que se faz estádios "padrão FIFA"? Estádios caríssimos que serão verdadeiros "elefantes brancos" no futuro? Se é tão simples assim, por que não se faz também escolas e hospitais em caráter de emergência, sem licitação? A população não vai achar ruim, nem vai protestar.
Entendo que, se não tivéssemos a Copa, também não teríamos mais escolas e hospitais tal como agora. Mas então por quê gastamos tanto dinheiro com a Copa? Parece que a população entendeu as “prioridades” de seus governantes.
E por que, Ronaldo, declarar seu apoio a esse ou aquele candidato?
Será que depois de tudo, alguém em sã consciência ainda votaria num candidato em outubro só porque o “Fenômeno” votará nele?
Não adianta “pular do barco” às vésperas do início do Mundial, “envergonhado” ou não.
Você faz parte dos erros e acertos dessa Copa e cabe ao povo colocar na balança. E o povo parece estar pesando muito bem.
A Copa do Mundo deveria ser uma festa do futebol no país do futebol. Mas jamais deveria ser a “chance” de o país mudar apenas por causa disso. Já pagamos impostos demais para isso.
Você, Ronaldo, faz parte da Copa do Mundo do Brasil de 2014. Infelizmente, não como o “Fenômeno” que foi com a bola nos pés.
Aos governantes e a você, Ronaldo Fenômeno, um lembrete das ruas: O futebol é a coisa mais importante das coisas menos importantes. Até mesmo no país do futebol.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

FRASE, Ronaldo

" - Vamos separar os vândalos e os mascarados. Na minha opinião, tem de baixar o cacete neles, prender todos eles e tirar das ruas. Eu protesto do meu jeito e acho que faço muito barulho. Minha indignação é a mesma do povo (...) Os estádios eram a exigência principal da Fifa para fazer a Copa do Mundo e, bem ou mal, eles estão aí. Minha vergonha é pela população que esperava esses grandes investimentos, esse grande legado, as reformas de aeroportos, a mobilidade urbana, ou seja, tudo que foi prometido e não foi entregue."
(Ronaldo, ex-jogador da seleção brasileira e integrante do Conselho de Administração do Comitê Organizador do Mundial, sobre as manifestações populares contra a Copa do Mundo no Brasil).

terça-feira, 27 de maio de 2014

O BRASILEIRÃO DOS "FORD T"


"O carro é disponível em qualquer cor, contanto que seja preto."
(Henry Ford, sobre a linha de produção do modelo Ford T entre 1915 e 1926).

Santos x Flamengo fizeram um jogo pra lá de sem graça numa fria e chuvosa tarde paulistana de domingo. De um lado, um time de branco sem brio, desinteressado, sonolento. Do outro, um time rubro-negro sem criatividade, sem confiança, desmotivado. Num cenário desses, o placar de 0 x 0 não poderia ser mais lógico dentro de um quase vazio Morumbi. Aliás, ambas as equipes poderiam até mesmo perder um ponto cada por tamanha falta de futebol, e não somar um ponto.
Mas o que os outros times têm de diferente? O quê fizeram de melhor São Paulo x Grêmio? Bahia x Fluminense? Botafogo x Vitória? Chapecoense x Palmeiras? Atlético-MG x Criciúma?
O time que vence no domingo fora de casa e que logo em seguida perde por goleada no mesmo estádio é candidato a que na competição?
E o outro time que inaugura seu novo e moderno estádio com toda pompa e circunstância e perde na estréia para o último colocado? Esse é um time que dá confiança ao seu torcedor?
Outro time que vence um adversário equivalente fora de casa e que, na sequência, perde para um dos lanternas?
Irregularidade é a palavra-chave deste Campeonato Brasileiro.
Um time pode golear um rival e ser engolido na rodada seguinte para uma equipe da zona de descenso. Neste Brasileiro isso tem sido normal. Melhor ficar sempre em cima do muro na hora de arriscar um palpite. Qualquer um.
E fora de campo? Falta de estrutura, de gramados decentes, de planejamento, salários atrasados, longas viagens. O desempenho dentro de campo da grande maioria dos times é reflexo do que acontece (ou não acontece) nos bastidores.
Com exceção do Cruzeiro, todos os outros times estão nivelados por baixo. Tudo pode acontecer. O Brasileirão de 2014 ainda é uma enorme interrogação e já não é mais surpresa a derrota ou a vitória desse ou daquele time.
O frio e feio Santos 0 x 0 Flamengo retrata bem o que está sendo este Campeonato Brasileiro. Espera-se que depois da Copa do Mundo comece outro campeonato. Se isso não acontecer, veremos uma equipe se destoando das demais, caminhando sem concorrência a passos largos rumo ao Bi. E todos os demais times numa disputa intensa para se "acomodar" em local seguro ou para fugir da zona de rebaixamento.
Sorte de vários que só cabem quatro.

sábado, 24 de maio de 2014

"LA DÉCIMA" VEZ DO REAL MADRID


Esperava-se bastante do melhor jogador do mundo. Mas "La Décima" Liga dos Campeões da Europa só foi para a galeria de troféus do Real Madrid graças mais ao coração do argentino Di Maria do que pela técnica do português Cristiano Ronaldo. Foi através de uma jogada do argentino que o mais improvável gol da decisão saiu nos acréscimos do 2º tempo, mais precisamente aos 48 minutos. E gol de um zagueiro, Sergio Ramos. Ao gajo, muito bem marcado e sem espaço dentro de campo, restou a alegria de ser coroado diante de seus súditos compatriotas.
O torcedor colchonero sabia que o tal gol improvável dos merengues não poderia acontecer. Na prorrogação, veio o desgaste físico e principalmente emocional do time listrado. O time de branco cresceu, se impôs e carimbou mais três gols. Gareth Bale (que perdeu gols imperdíveis no tempo normal), Marcelo e Cristiano Ronaldo, de pênalti, apenas para sacramentar a goleada por 4 x 1. Mais do que isso. para dar a impressão de que foi fácil.
Ao Real, o décimo título europeu, sinalizando que tudo voltou ao normal depois de um jejum de 12 anos. Ao Atlético, o retorno abrupto de uma dor de 40 anos atrás, quando o time espanhol também disputou a final do torneio e, exatamente da mesma maneira, deixou escapar o tão cobiçado troféu nos minutos finais, então diante do Bayern de Munique. Quatro décadas depois, agora contra o Real Madrid, o time foi valente, mas sem o faro de gol do atacante Diego Costa (que saiu antes dos 10 minutos iniciais) não conseguiu suportar a pressão do rival bem mais badalado e favorito.
Em comum entre os dois times espanhóis, o destaque de dois argentinos. Di Maria de um lado e Diego Simeone do outro. O craque que fez a diferença e o treinador que não se conformou em perder um título que parecia ganho.
O futebol é algo apaixonante justamente por jogos como esse. Seja na várzea em Taubaté ou no requinte de uma final européia em Lisboa.

MANO E SEU "CONCEITO DE FUTEBOL"

Mano Menezes retornou ao Parque São Jorge com a missão de criar algo novo e motivador para um time que ganhou tudo e que passou a não ganhar nada. Diante de uma torcida ainda mais exigente, insatisfeita com a “empatite” de 2013, o técnico provavelmente está perdendo noites de sono.
Mas o que Mano Menezes tem de diferente em relação ao Tite? Por que acreditar que, com o Mano, o time voltaria a dar resultado, mesmo jogando feio? O quê Mano poderia acrescentar na continuidade de um projeto que Tite teve tanto êxito?
Tite e Mano são retranqueiros de ofício, mais ou menos equivalentes no jeito de pensar o jogo. Praticam um futebol de forte marcação, defensivo, com excesso de volantes, que prioriza o resultado no lugar do futebol bem jogado. Com o Tite, o Corinthians jogava sem brilho, sem plástica, sem graça, mas era eficiente. As vitórias eram magras, sofridas, mas engrenavam e faziam o time se sobressair. Com o Mano, o time que era difícil de se vencer passou a ser o time difícil de vencer. Mas por quê?
Porque para um time funcionar (e isso não significa necessariamente ter de jogar bonito), é preciso mais que um desenho tático na prancheta. É preciso ter um ambiente de cooperação, uma relação de confiança entre comandante e comandados.
Tite era “paizão” e Mano parece ser o “sargentão”. Tem jeito que fala pouco, que pede poucas opiniões, que prefere o estilo totalitário. Talvez por isso somente ele seja o exímio conhecedor de um “conceito de futebol” que nenhum jogador terráqueo seja capaz de compreender.
As passagens frustradas pela seleção brasileira e pelo Flamengo tornou o fardo pesado demais para Mano Menezes carregar. Para treinar e fazer seus times jogarem como quer, é preciso mais que um brilhante conceito de futebol na cabeça. É preciso ter diálogo, jogo de cintura, a confiança do vestiário, que é um ambiente sagrado no mundo dos boleiros. Sem o controle do vestiário, o treinador perde o comando. E sem comando não se acrescenta nada de novo ou motivador. Não se chega a lugar nenhum.
Porque o técnico não consegue fazer um time jogar pela autoridade. Mas pela influência que exerce sobre o elenco. E percebe-se dentro de campo se essa influência é positiva ou negativa.
Na postura do “sargentão” de cara sempre amarrada, sem conversa e sem estabelecer uma relação de confiança mútua, será difícil para o Mano fazer um time, qualquer um, assimilar seu “conceito de futebol”. Jogando feio ou bonito.

terça-feira, 20 de maio de 2014

O PRIMEIRO GOL DO ITAQUERÃO. E DO FIGUEIRENSE.


Dia 18 de maio de 2014 é uma data histórica para os corintianos. Depois de mais de 60 anos de apoio ao mercado de maquetes, o time do Corinthians pôde finalmente trocar de roupa em seu próprio vestiário.
Provavelmente, o maior investimento feito pelo poder público ao programa "Minha Casa, Minha Vida". Um estádio para o corintiano poder chamar de "seu", mas que poderia ser meu também, já que há um pouco do dinheiro de cada contribuinte em cada centímetro de concreto.
O público foi o mesmo dos jogos no velho Pacaembu: pouco mais de 36 mil torcedores. Mas a renda superior a R$ 3 milhões foi recorde na história do clube. Culpa dos novos tempos, onde o corintiano chega a desembolsar R$ 400 por um ingresso enquanto o são-paulino gasta R$ 10. Sem contar que o Corinthians teve uma despesa de R$ 650 mil para realizar a partida em seu campo, mais de dez vezes o custo que se tinha no Pacaembu. Culpa do Padrão FIFA.
De qualquer maneira, era um dia de festa. O adversário da partida de estréia do novo estádio não poderia ser melhor: o abatido Figueirense, pior time do Campeonato Brasileiro, com quatro derrotas nas quatro primeiras rodadas, nenhum gol feito e 8 gols tomados. Uma presa fácil. Mas o futebol nos revelou novamente seu lado imponderável. O time que não havia feito sequer um gol no torneio, dessa vez fez dois, um deles anulado pelo árbitro. Para seus simpatizantes, o gol certo na hora certa (e como se multiplicaram os simpatizantes do time catarinense nesse jogo). E diante de todos os holofotes da mídia nacional e internacional, afinal de contas, foi o primeiro evento-teste da nova arena que terá o jogo de abertura da Copa do Mundo.
Incrédulos, os corintianos vaiaram a atuação de seu time, agora devidamente alojado em seus aposentos.
O que era festa se tornou pesadelo, pelo menos dentro de campo. E a forte chuva que caiu durante o jogo "lavou a alma" dos jogadores do Figueirense. O time que fatalmente seria engolido no Itaquerão venceu por 1 x 0. Nem o mais pessimista dos corintianos esperava por tamanha frustração.
Jogadores e o técnico Mano Menezes culparam a "ansiedade" pela derrota inesperada dentro de casa. Mas ansiedade? Pressão por uma partida festiva diante de um adversário fraco e desmotivado?
O Corinthians também mostra a sua cara neste campeonato. A mesma cara de antes. Da "empatite". Do futebol feio, o mesmo que também dá resultados, é verdade. Mas que será sempre feio. O jogo da retranca. Do desejo de não perder que tira a ousadia de atacar. Se fosse possível, o time do Tite que agora é do Mano entraria em campo com um a menos na linha para ter dois goleiros.
O jogador que veste a camisa de um time de massa como o Corinthians não pode culpar a "ansiedade" por uma derrota para o Figueirense, diante de sua torcida.
O resultado mostra que o Campeonato Brasileiro está nivelado por baixo e que todos os times estão no mesmo patamar, técnico e tático, com o caminho aberto para todo tipo de surpresa.
A casa corintiana é moderna e bonita. Mas os anfitriões precisam usar melhor a área de lazer. Sem confundir favoritismo com obrigação de vencer. Enfim, sem a tal da "ansiedade".

segunda-feira, 12 de maio de 2014

FRASE, por MURICY RAMALHO

" - Aqui não é juvenil, não é amador. É profissional. Se mando fazer, tem que fazer. Ele não está em Cotia. O negócio aqui é muito grande. O pessoal que vem de lá de Cotia tem que entrar mais concentrado. Não pode entrar mais ou menos, tem que entrar ligado (...) Tomamos o gol por causa daquela função. Ele estava lá do outro lado com o Pabon fazendo o quê?"
(Muricy Ramalho, técnico do São Paulo, esbravejando contra o meia Boschilia, 18 anos, após sua atuação no clássico São Paulo 1 x 1 Corinthians, pela 4ª rodada do Campeonato Brasileiro).

A IRA DE MURICY. AO VIVO.


Gabriel Boschilia é bom jogador, tem apenas 18 anos e foi recentemente promovido para o elenco profissional do São Paulo, após deixar os treinamentos no famoso CT de Cotia, a "Ilha de Caras" do futebol júnior no Brasil (só falta, de fato, revelar talentos). No último clássico entre São Paulo x Corinthians, empate em 1 x 1, pela 4ª rodada do Brasileiro, ele começou a entender que no time principal não dá para jogar "mais ou menos" e que precisa "estar ligado" o jogo inteiro, seguindo rigorosamente as orientações de seu treinador. Na visão do técnico Muricy Ramalho, um erro seu determinou o gol corintiano. Algo errado? Não. Desde que o Brasil inteiro não compartilhasse da sonora bronca dada pelo técnico ao vivo diante dos holofotes da imprensa, ainda na saída de campo após a partida. Muricy esbravejou contra o garoto, que foi "escoltado" por Paulo Henrique Ganso até o vestiário.
Se outro jogador tivesse feito o que Muricy fez, seria a coisa mais natural do mundo. Os jogadores discutem entre si e depois se entendem. Mas jamais o treinador. O vestiário é lugar sagrado dos boleiros, utilizado também para "lavar a roupa suja". Lá sim pode dar bronca, apontar os erros, cobrar os atletas. Mas expor o menino que até ontem treinava na base, diante da torcida e das câmeras de TV? Desnecessário.
Assim como fez com Felipe Anderson no Santos, Muricy pode estar cometendo o mesmo erro ao "queimar" o jovem Boschilia. Uma das funções do técnico é lapidar, dar oportunidade para um talento se desenvolver, se aprimorar. Não "fritá-lo" em público. Será que o moleque terá agora tranquilidade para jogar?
Por quê Renato Gaúcho sentou-se durante 10 minutos no gramado do Maracanã após a classificação do Fluminense às semi-finais da Copa Libertadores de 2008? Por quê Vanderlei Luxemburgo sempre deixava o gramado minutos antes do fim de uma decisão de campeonato? Porque era o momento de que dispunham para atrair os holofotes, para chamar a atenção. E foi isso que fez Muricy Ramalho. Tenso, pressionado porque sabia que a missão era vencer o clássico contra o Corinthians, ele conseguiu chamar a atenção ao partir para cima e berrar com o novato jogador ainda dentro de campo e depois na entrevista coletiva. Ou seja, desviou o foco do clássico para ele e Boschilia, que ainda está em fase de adaptação no time profissional.
Muricy Ramalho é ex-jogador, conhece os bastidores, sabe como a banda toca no mundo do futebol há décadas. Treinador experiente, vitorioso, bem sucedido, respeitado.
Mas neste episódio não teve a postura de um líder.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

FRASE, por FELIPÃO

" - Não vamos proibir muita coisa, mas vamos tentar organizar da melhor forma possível. Isso de visita todo dia, vai pai, mãe, filho, tio, cachorro... Não, não, não. Vai ser organizado. Quem gostar, gostou. Quem não gostar, ou cumpre ou sai da Seleção, vai para casa com o cachorro e faz o que quiser."
(Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção brasileira, sobre as regras dentro da concentração durante a Copa do Mundo).

quarta-feira, 7 de maio de 2014

A SELEÇÃO DO FELIPÃO


Julio Cesar, Victor e Jefferson; David Luiz, Dante, Daniel Alves, Thiago Silva, Maxwell, Maicon, Marcelo e Henrique; Oscar, Luiz Gustavo, Paulinho, Bernard, Ramires, Wiliam, Fernandinho e Hernanes; Hulk, Neymar, Fred e Jô.


Gostou da seleção brasileira convocada pelo Felipão?
Ou você acha que o Miranda é melhor que o Henrique? Que o Rafinha é melhor que o Maxwell? Que o Lucas deveria ser chamado? Será que faltou alguém “acima da média"?
Pois é. No Brasil há milhões de treinadores de futebol.
Porém, essa é a seleção do Felipão. E não a sua, a minha ou de qualquer outro “treinador”.
Não são necessariamente os "seus" melhores que darão o resultado que o Felipão espera durante uma Copa do Mundo. Serão os escolhidos por ele, que está no comando. Os eleitos. E, obviamente, quem tem a sua confiança, quem está fechado com ele. Não existem vagas numa seleção importante dentro de uma Copa do Mundo. Existem cargos de confiança. Do goleiro ao massagista.
Essa sempre foi a premissa da chamada “Família Scolari”.
Não importa se o goleiro titular está sem jogar ou disputa a 3ª divisão do futebol canadense. Ele é o cara de confiança do treinador. E por diversas razões. Foi mal na última Copa? Um dos responsáveis pelo fracasso? Pois é aí que reside a possibilidade de se redimir, de dar “a volta por cima”, a capacidade de superação do ser humano e nem tanto do atleta. Ele precisa se doar mais para mostrar aos milhões de torcedores que passou por cima de tudo e que é sim um vencedor. Agarrar a chance e se superar torna-se uma questão pessoal. O treinador pode contar com esse algo a mais.
De repente, aquele volante não é o melhor na posição, mas é o cara que motiva, que briga com os demais durante o jogo, que berra, mas que todos respeitam e obedecem. Tem o meia que não é considerado o melhor, mas que é o cara extrovertido que brinca com todo mundo, que diverte, que levanta o astral, mesmo em situações ruins. Tem o atacante que é questionado por tanta gente, mas que “puxa o samba” dentro do ônibus, o outro que forma opinião, que todos gostam de ouvir, o mais quieto, mas que sabe orientar. Uma equipe vencedora precisa de todo tipo de gente, não necessariamente uma constelação de estrelas.
Cabe ao comandante passar esse sentimento de confiança a todos os jogadores, questionados ou craques. Fazê-los sentirem-se peças fundamentais para o seu time. Os jogadores, assim como todas as pessoas, só se sentem a vontade para cobrar e aceitar as cobranças quando existe uma relação de confiança, e quando todos estão comprometidos entre si.
Será que aquele jogador que não foi convocado “injustamente” tem o mesmo espírito de grupo do que foi convocado?
Um time vencedor não é formado pelos melhores, mas pelos jogadores certos. Fama e glamour não ganham títulos. Para estar sempre no topo é preciso ser melhor do que já é. Nesse caso, será que a zona de conforto de alguns jogadores  permite isso?
Existem várias formas de se liderar um time. Porém, é essencial que os liderados não duvidem da intenção de seu líder. Isso é estar fechado com ele. Isso é ser, de fato, uma equipe.
É preciso usar o talento individual em função da conquista de um bem comum. Acima de um grande jogador, ser um homem generoso que lhe faça tocar a bola para um companheiro melhor posicionado em vez de tentar chutar e fazer o “seu” gol. Se esforçar mais na marcação para fazer a retaguarda daquele lateral que sabe jogar e que por isso vai para frente com frequência. Dar o carrinho que aquele atacante não dá. Ter consciência coletiva.
Uma equipe vencedora é feita, antes de mais nada, por jogadores que confiam e acreditam uns nos outros e naquilo que estão sendo orientados a fazer. É feita por talentos que se complementam.
Uma família. No caso, a do Scolari.

domingo, 4 de maio de 2014

SEM MEDO DA LIBERTADORES


O que clubes como The Strongest, Bolívar, León, Atlético Nacional e San Lorenzo têm em comum?
Não são clubes expressivos, tampouco apresentam um futebol de encher os olhos. Mas o denominador comum entre eles é que desbancaram os times brasileiros na Copa Libertadores deste ano. Menos o Cruzeiro, que a partir das quartas-de-final é o único representante do Brasil.
E por quê desbancaram? Talvez porque não sentem a mesma obsessão das equipes brasileiras perante uma Libertadores. Das últimas 10 edições do torneio sul-americano, o Brasil ficou com seis troféus. Mesmo assim, os clubes brasileiros temem mais a "mística" da Libertadores da América do que os times contra quem vão jogar.
Disputar a Libertadores parece ser um tratamento de choque psicológico baseado na idéia de que é preciso ser campeão para alcançar o Olimpo do Futebol, de que é preciso conquistá-la a qualquer custo, de qualquer jeito. Foi assim durante muito tempo com o Corinthians. Quando o clube se planejou e descarregou a tensão (e a pressão), conseguiu o tão cobiçado título (com um boa dose de ajuda do então atacante vascaíno Diego Souza, é verdade, mas conseguiu).
Porém, os times brasileiros ainda dão seu "jeitinho" para injetar outros ingredientes indesejados.
O Botafogo, por exemplo, fez tudo o que deveria fazer para atingir precocemente a eliminação. Deu certo. Depois de 18 anos sem disputar o torneio, o clube carioca perdeu jogadores importantes como Seedorf e Rafael Marques, mais o técnico Oswaldo de Oliveira que conduziu bem a equipe no Campeonato Brasileiro de 2013. Em seu lugar, resolveu apostar no auxiliar Eduardo Hungaro, que nunca havia dirigido um time dentro de uma competição tão importante. Se não bastasse, o elenco ainda estava com os salários atrasados há meses. Ou seja, a fórmula do fracasso funcionou conforme o planejado e agora sabe-se lá quando o Botafogo voltará a participar de outra edição de Libertadores.
O Atlético-MG não teve o mesmo futebol e a mesma sorte do ano passado, quando o time foi campeão. Victor não defendeu bolas indefensáveis e o atacante do Atlético Nacional não escorregou no momento de finalizar para o gol. Em 2014, o clube do presidente Alexandre Kalil (que anunciou o francês Anelka sem contratá-lo) foi morto no Horto.
Mas então o que aconteceu com Grêmio e Flamengo, os times considerados favoritos por mim desde o começo?
Aclamado como o mais copeiro dos times brasileiros, o "imortal" Grêmio saiu da Libertadores diante do "esforçado" San Lorenzo, talvez o 5º ou o 6º clube mais tradicional da Argentina, porém de um torcedor ilustre: é o time do Papa. E os gremistas caíram dentro de sua Arena lotada, ao não fazer a lição de casa como todos imaginavam. E não consideravam a hipótese de uma decisão por pênaltis. Deu no que deu.
Já o Flamengo mostrou que a conquista da Copa do Brasil de 2013 foi mais uma obra do acaso do que pelo futebol em si.
A tradição da camisa e a força de sua torcida não foram suficientes para furar o "bloqueio" emocional e seguir adiante em uma das edições mais fáceis da Libertadores. Ao contrário da Copa do Brasil no ano passado, o time do técnico Jayme de Almeida sofreu a pressão mais do que o necessário e foi muito mal em todos os jogos no Rio de Janeiro. Bolívar e León são times inexpressivos demais para se impor diante do Flamengo dentro de sua casa, o Maracanã. Sair da Libertadores ainda na etapa de grupos não estava na mente nem do mais pessimista dos rubro-negros.
Falta aos clubes brasileiros temer menos a Copa Libertadores da América e se impor diante dos adversários que normalmente são bem mais inferiores tecnicamente e tradicionalmente. Com todo respeito, não posso crer que o futebol brasileiro, de repente, ficou nivelado por baixo. Que estamos no mesmo patamar de times como The Strongest, Universitário do Peru ou León. Eles sim precisam nos temer, não o contrário.
A Libertadores não é esse bicho-papão. Pelo menos não deveria ser.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

PALPITES DA RODADA 3/38

São Paulo 1 x 1 Coritiba
Santos 2 x 1 Grêmio
Atlético-PR 1 x 0 Cruzeiro
Fluminense 2 x 1 Vitória
Flamengo 2 x 1 Palmeiras
Bahia 2 x 0 Botafogo
Internacional 3 x 1 Sport
Criciúma  2 x 1 Figueirense
Atlético-MG  2 x 1 Goiás
Chapecoense 0 x 1 Corinthians

FRASE, por LÉO

" - Amizade não se constrói de uma hora para outra. Por isso, tem que ser valorizada e eu sempre procurei fazer isso. Quero agradecer às manifestações que recebi de companheiros com quem tive o prazer de jogar nos mais de 10 anos de Santos, que lembraram do último dia da minha carreira, além de diversos funcionários do clube e milhares de torcedores que me enviaram mensagens. Hoje é o fim de uma etapa de minha vida, mas o amor que tenho pelo Santos não vai acabar nunca."
(Léo, lateral do Santos, ao anunciar o fim de sua carreira como jogador).

E SE VOCÊ FOSSE O FELIPÃO?

Foi o que deu pra fazer com os nomes a disposição...


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Acessehttp://bit.ly/vcconvocacopa

quinta-feira, 1 de maio de 2014

FRASE

" - O fato de acreditar em Deus, de ter fé em Deus, não quer dizer que eu seja imortal, não quer dizer que eu seja imune, eu tenho tanto medo como qualquer outra pessoa de me machucar."
(Ayrton Senna da Silva, ★ 1960  1994)

AYRTON SENNA. ALÉM DA IMAGINAÇÃO.

Jornal "O Estado de São Paulo", edição de 01/11/1988

Me lembro perfeitamente daquele domingo de vinte anos atrás.
Era mais um domingo de Fórmula 1, o começo de uma temporada que prometia. Afinal, Ayrton Senna finalmente estava a bordo do carro que tanto queria pilotar. Era o melhor carro da categoria com o melhor piloto. Combinação perfeita.
Me lembro da tal curva Tamburello, uma batida forte a mais de 300 Km/h. Do capacete amarelo se mexendo, talvez o último suspiro. Me lembro do almoço mais sem graça que um domingo já teve. Dos olhos lacrimejados de meu pai, triste, angustiado, como raras vezes eu vi. Daquela vinheta do "plantão" da TV Globo invadindo o começo da tarde, e o repórter Roberto Cabrini dando aos brasileiros a notícia que ele jamais gostaria de dar. Me lembro da maior comoção coletiva deste país. E me lembro que, naquele domingo, acabava o encanto da Fórmula 1.
Ayrton Senna se foi há exatos 20 anos. E com ele um pouco da alegria das manhãs de domingo. Com ele se foi a esperança e a certeza de um Brasil que dava certo ou que poderia dar certo. De um Brasil que era invejado no mundo inteiro, e não aquele Brasil cheio de árvores e gente dizendo "adeus". A cada vitória nas pistas (e foram tantas), Senna fazia questão de erguer a bandeira de seu país. Para mostrar ao mundo que, acima de todos os problemas e mazelas, aquele era também um país vencedor. O país do futuro.
Senna sentia orgulho de seu gesto e os brasileiros sentiam orgulho de Senna.
Há 20 anos a Fórmula 1 nunca mais foi a mesma sem o encanto daquele capacete amarelo. Pelo menos não mais para a grande maioria dos brasileiros. Porque Senna era muito mais do que meras corridas de carros. A maioria dos brasileiros não sabia a diferença técnica entre um motor Renault, um Mercedes-Benz ou Honda. Mas tinha a certeza de que Ayrton estava acima de qualquer motor, de qualquer equipe, de qualquer piloto. Talvez a maior sinergia entre ídolo e torcida que já existiu.
Outros pilotos já foram tricampeões mundiais como ele foi. Um alemão foi heptacampeão. Tantos outros foram campeões. E outros mais podem vir a conquistar sete, oito, nove, dez títulos da Fórmula 1. Mas e daí?
A certeza que fica é que jamais algum outro piloto vai ganhar uma só corrida como Ayrton Senna ganhou. Pilotar como ele? Jamais. Fazer o que ele fez? Nunca mais.
Senna nunca estará fora de cena. Porque Ayrton Senna foi além da imaginação.
Foi o ídolo dos Joãos, dos Antonios, das Marias, das Lurdes, dos Zés, dos Martins, dos Souza, dos Oliveira, dos Santos, dos Silva... O Ayrton Senna do Brasil. Eternamente.