quarta-feira, 27 de julho de 2016

A OLIMPÍADA E O IMPOSTÔMETRO

*por Adriano Oliveira

Sexta-feira, 22 de julho de 2016. Exatamente às 14h18 e a pouco menos de 15 dias do início dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, o "Impostômetro" da Associação Comercial de São Paulo anunciava um índice nada animador: o valor pago pelos brasileiros em contribuições, taxas e impostos federais, estaduais e municipais desde o primeiro dia do ano, já somava R$ 1, 1 trilhão.


Além de algumas expressões impublicáveis, isso significa que, assim como no ano passado e também no ano retrasado, o cidadão que acorda cedo para trabalhar pagou mais e elevados impostos. E mesmo diante de tal exorbitante arrecadação, engolido por uma enorme crise política e uma forte recessão econômica, o Brasil cresceu menos. Ou decresceu.
Mas o tempo não pára. Em poucos dias, o eterno "país do futuro" será o palco de uma Olimpíada em seu mais belo cartão-postal, sua cidade maravilhosa, situada a beira-mar num país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza.
Afinal, com mais de R$ 1, 1 trilhão arrecadados em impostos em pouco mais de um semestre, entende-se que seria obrigação do poder público investir em transporte, aeroportos, segurança e hospitais. Não deveríamos depender de um megaevento esportivo internacional para se ter a esperança de dias melhores em ítens básicos de infraestrutura urbana. Seja qual for o partido político que esteja no poder (isso é o que menos deveria importar).

domingo, 17 de julho de 2016

NACIONAL x DEL VALLE, A REALIDADE QUE INCOMODA

*por Adriano Oliveira


Nada de uruguaios, brasileiros ou argentinos.
O mais cobiçado troféu da América será erguido em 2016 por mãos colombianas ou equatorianas. Quem diria.
O futebol mudou. E Atlético Nacional x Independiente Del Valle fazem a final de Libertadores mais tupiniquim dos últimos tempos. Talvez do último quarto de século.
Nada de Boca Juniors, São Paulo, River Plate, Colo Colo, Grêmio, Peñarol...
A tal da "camisa pesada" não mais se traduz em vitória dentro de campo.
O futebol está quase nivelado. E por baixo.
Hoje não vence quem tem mais talento. Quase sempre triunfa o time que erra menos. E, por consequência, quem arrisca menos. Afinal de contas, quem arrisca menos (além de errar menos) mantém mais a posse de bola e dá menos chances para o adversário. A clássica figura do maestro da camisa 10, aquele que pára a bola, que pensa o jogo e normalmente faz o "inesperado", corre agora o risco de perder todas as jogadas e prejudicar sua equipe, passando de herói para vilão da partida.
O que importa atualmente é ter um "conjunto forte". Um time entrosado, que toca e fica com a bola o máximo de tempo possível. E, claro, que tenha pegada forte para recuperá-la o quanto antes. Toca-se de qualquer jeito, para o lado, para trás, para "começar" tudo de novo, o importante é sempre ter e tocar a bola. E, se necessário, para os menos favorecidos em técnica, se "livrar" dela antes que o oponente chegue no lance.

domingo, 10 de julho de 2016

A CULPA É DO MAICON?

*por Adriano Oliveira

Não importa se o zagueiro Maicon custou dois, quatro, vinte e cinco ou quinhentos milhões de reais aos cofres do Morumbi. Se tivesse vindo de graça, muita gente ainda assim estaria crucificando-o do mesmo jeito, por um suposto crime que ele não cometeu. Afinal, empurrar um jogador adversário que nitidamente está fazendo cera e retardando o andamento de uma partida tensa para os donos da casa é algo absolutamente normal, especialmente se tratando de Copa Libertadores da América.


Maicon, que é bom jogador e se mostrou um líder nato dentro de campo desde que chegou ao time, simplesmente vacilou como tantos outros já vacilaram. Outros até com mais patente que ele. Mas vacilou no calor de um jogo muito importante. O mais importante da temporada para seu clube e sua torcida.
O jogo não era válido por uma rodada qualquer do Campeonato Brasileiro, onde o São Paulo tem tempo suficiente para se recuperar. O jogo era o primeiro de uma semifinal de Libertadores e, com a expulsão, Maicon não jogará a segunda partida na Colômbia, diante do forte Atlético Nacional, o favorito desde o início do torneio sul-americano para levantar o troféu.
Sim, Maicon vacilou. Porém, talvez uma advertência com cartão amarelo fosse o mais prudente a ser feito pelo árbitro que, assim como os apitadores daqui e também do outro lado do oceano, é fraco. Longe de a maioria ser mal-intencionada, como tanta gente afirma por aí. Os árbitros, quase todos amadores, são ruins mesmo e erram para todos os lados.
E ele, Maicon, certamente deve estar arrependido. Teve uma atitude impensada, normal até devido à circunstância da partida, mas tola, infantil. Poderia ter evitado o cartão vermelho se jogasse apenas seu futebol. Lhe faltou cabeça fria e a postura necessária de um capitão para administrar a pressão e conduzir seu time pelo menos a um empate de 0 x 0 para depois apostar todas as fichas na Colômbia. Contudo, Maicon é o culpado pela eventual eliminação do São Paulo?

quarta-feira, 6 de julho de 2016

UM SONHO NA ILHA

*por Juliane Madison

Eu, desde que comecei a amar futebol e frequentar estádios, sempre tive um “sonho", uma grande vontade que aos poucos vou conseguir realizar: conhecer alguns estádios brasileiros, assim como se fosse uma viagem para Disney, um sonho de criança adulta.


Um desses estádios seria a Ilha do Retiro, do Sport, onde sempre tive uma admiração pela torcida local cantando em sincronia na TV, todos em uma só voz, aquele caldeirão arrepiava. E como moro atualmente em Pernambuco, me vi diante da realização deste "mini" sonho.
Recife, 5 de Julho de 2016, às 20 horas, seria então o dia em que eu conheceria um dos estádios que sempre quis conhecer mesmo estando com medo, devido ao Palmeiras não ter sucesso tratando-se da Ilha e também onde a torcida do Sport tem muita rivalidade com os palmeirenses desde os jogos da Copa do Brasil e da Copa Libertadores da América.
Comprei o ingresso de visitante através do Futebolcard e, após o trabalho, me direcionei à Ilha do Retiro que comemorava seu aniversário de 79 anos. A casa sem dúvida estaria lotada e o clima hostil da torcida mandante causava certa apreensão, porém, como minha paixão sempre fala mais alto, irei acompanhar o Palmeiras pessoalmente nos estádios desse Brasil enquanto puder.
Uma chuva para "lavar a alma tirando a zica” do estádio. E, antes do início da partida, temos na escalação o garoto Erik como novidade.
O início do jogo foi de domínio do Palmeiras, coordenando a seu favor e, aos dez minutos, Erik em corrida pelo meio abriu pela direita com Gabriel Jesus, onde recebeu dentro da área o cruzamento rasteiro para inaugurar o placar.
A torcida do Sport calou-se e pouco se viu daquela vibração que se via pela televisão, apenas alguns lampejos principalmente após o gol de empate que aconteceu aos 14 minutos da 2ª etapa com Gabriel Xavier.
Depois, com os espaços cedidos pelo mandante, principalmente pela empolgação do gol, era questão de tempo para a virada do Palmeiras. Aos 20 minutos, Jesus saiu cara a cara com o goleiro Agenor e bateu forte fazendo 2 a 1. Nos minutos seguintes houve tamanha intensidade que, aos 24, Jesus novamente estava na cara do goleiro e foi derrubado dentro da área sofrendo pênalti. Cleiton Xavier cobrou e converteu. 3 a 1 para o Verdão.
Daí em diante foi apenas festa, a torcida do Sport começou a sair do estádio, gritos de "segunda divisão" e de "festa no chiqueiro".


Acabou a "zica" da Ilha do Retiro, vieram mais três pontos e a confirmação da liderança. Hoje quem duvidava tem a certeza que sim, o Palmeiras briga pelo título do Brasileirão.
Eu, feliz, pois um pedacinho de meu sonho veio convertido em vitória.


* como todo brasileiro, Juliane Madison tem um pouco de comentarista esportivo, treinador e árbitro. Fanática e sempre direta ao ponto, ela vê no futebol muito mais que um gosto, mas uma paixão que carrega a cada dia e por toda a vida.