sexta-feira, 29 de maio de 2015

QUANDO OS PÃES DE QUEIJO MURCHAM


O novo e moderno estádio da capital mineira parece estar predestinado ao "Mineirazzo".
Dessa vez não era a seleção brasileira de Felipão, que há pouco menos de um ano foi impiedosamente humilhada por 7 x 1 diante dos alemães. Era o Cruzeiro de Marcelo Oliveira. Jogo de volta das quartas-de-final da Copa Libertadores, Mineirão lotado, em festa. Afinal, o filme da decisão da Libertadores de 2009 não poderia se repetir. O River Plate de agora não era nem a sombra daquele Estudiantes de seis anos atrás, liderado por Verón. Nem o mais pessimista dos cruzeirenses imaginava um pesadelo assim.
O Cruzeiro havia vencido o primeiro jogo no estádio Monumental de Nuñez por 1 x 0 e jogava por um empate dentro de casa. Mas o filme de 2009 se repetiu em forma de pesadelo. E com ares de crueldade nos três gols dos argentinos Sanchez, Maidana e Téo Gutiérrez.
A torcida do Cruzeiro, num misto de espanto e desalento, assistia ao jogo incrédula nas arquibancadas.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

OS CORINTIANOS, SEUS ÍDOLOS E A PORTA DOS FUNDOS

E lá estavam eles, sentados no bar de sempre, falando sobre o de quase sempre.
Os dois corintianos roxos, ou como dizia um deles, "alvinegros". Nada de roxo, amarelo ou vermelho.
— E o Guerrero, hein? Depois de três anos, deixou o time. E meio que pela porta dos fundos - disse um deles.
 Qual a novidade? Sempre foi assim. Se lembra do Reizinho do Parque? - respondeu o outro.
 Rivellino? Ora, é claro que lembro. Muitos o consideram o maior jogador da história do Corinthians. Começou no Coringão com 19 anos e já foi pra seleção.
 Verdade. Se foi o maior da história eu não sei, mas que jogava muito, ahh... isso jogava. Chutava muito bem e seus passes eram sempre açucarados. Foi ele quem inventou o drible mais bonito do futebol, o "elástico" - afirmou sorridente o amigo.
 Pois é. Mas no fim o que aconteceu com ele? Saiu por baixo, considerado o grande culpado pela derrota por 1 x 0 para o Palmeiras na final do Paulista de 74, que manteve o jejum de títulos do Corinthians que durava 20 anos.

terça-feira, 26 de maio de 2015

LUXEMBURGO, A ESTRELA DO "PROJETO"


" Na Copa, eu trabalhei e analisei o que tem de moderno. Nada. Nós elogiamos a Holanda, a Costa Rica, e nós abominamos o 3-5-2. Para mim, é retrógrado. Não vi nada de novo. O que necessitamos é a mudança estrutural do futebol brasileiro."
(Vanderlei Luxemburgo, em julho de 2014, durante sua primeira entrevista coletiva como novo técnico do Flamengo)


Vanderlei Luxemburgo se acostumou a "ganhar" e agora tem sido difícil para ele aprender a "perder", principalmente depois de mais um "projeto" fracassado a frente de seu time do coração. Contestado, decadente e cada vez mais solitário num grupo de ex-treinadores vitoriosos, que estão a margem das mudanças que aconteceram no futebol mundial.
Luxemburgo ainda é um bom treinador, ao melhor estilo do boleiro disciplinador. Contudo, tem a incrível mania de repetir o mesmo defeito por onde passa: o de sentir-se mais importante que a instituição e, talvez, que o próprio futebol.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

IMAGEM DA SEMANA: "EL FANTASMA DE LA B"

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O clássico Boca Juniors x River Plate, disputado em La Bombonera e válido pelas oitavas-de-final da Copa Libertadores da América, estava paralisado pelo árbitro porque jogadores do River foram atingidos por um composto de pimenta lançado por membros da torcida local quando regressavam ao campo para o 2º tempo. De repente, um fato inusitado: para delírio dos xeneizes, um drone sobrevoa o gramado carregando um boneco fantasiado de fantasma com a letra "B" estampada, em alusão ao rebaixamento do River Plate para a segunda divisão do Campeonato Argentino em 2011. Alguns jogadores do River até tentaram acertar o drone chutando a bola em sua direção, mas sem êxito. Uma cena hilária.

domingo, 17 de maio de 2015

ELIMINAR O BOCA JUNIORS RESOLVE O PROBLEMA?


O estádio de futebol é talvez o único lugar capaz de reunir ao mesmo tempo, pelo mesmo motivo e com a mesma intensidade, milhares de pessoas de todas as idades, estilos, crenças e classes sociais. Faça frio ou faça sol, durante o dia ou de noite, é no estádio que a catarse coletiva transcende a razão. O torcedor ri, chora, xinga, berra, se lamenta, se desespera, celebra o gol. É no estádio que, enfim, o torcedor se liberta das amarras do cotidiano.
Porém, há uma ressalva. O torcedor pode e deve extravasar sua emoção, mas não pode acreditar que ali, dentro do estádio, tudo é permitido e liberado. Não, nem tudo é tolerado. Há limites, digamos, civilizados.
Jogar um composto de pimenta ou sabe-se lá o quê no rosto dos jogadores do River Plate quando entravam em campo para o 2º tempo é passar com folga desses limites. Nas arquibancadas, o torcedor pode pressionar, provocar, intimidar o adversário. Mas o futebol não pode se tornar uma guerra, pura e simples.

sábado, 16 de maio de 2015

É MUITO POUCO, SÃO PAULO


O argentino Centurión foi ovacionado no Morumbi lotado quando marcou, a minutos do fim, o sofrido gol que deu ao São Paulo a vitória por 1 x 0 sobre o Cruzeiro na partida-de-ida das oitavas-de-final da Copa Libertadores. A torcida comemorou bastante a vitória e a vantagem do empate no jogo de volta no Mineirão. Afinal, seja por meio a zero, vantagem é vantagem. Mas e se o gol são-paulino tivesse sido marcado aos 5 minutos do 1º tempo? Centurión e seus companheiros sairiam vaiados de campo, porque certamente o torcedor entenderia que o placar mínimo de 1 x 0 "era muito pouco" numa disputa de mata-mata com a segunda partida fora de casa. Coisas do futebol.
E foi mesmo muito pouco para um time cuja torcida está sedenta por um título. Muito pouco para o ídolo dessa torcida que resolveu até adiar novamente a aposentadoria pela mesma sede de um título. Para um time que espera por um lance genial de Ganso, um "maestro" que hoje só existe virtualmente. Pouco para depender apenas do talento individual de um Michel Bastos ou do esforço de um argentino recém-chegado. E muito pouco para acreditar que dessa vez Luis Fabiano decidiria um jogo importante ou que Alexandre Pato teria disposição o jogo inteiro.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

O CORINTHIANS E SEUS FANTASMAS


"As coisas que o Corinthians conseguiu prepararam o terreno para um crescimento contínuo. Estou confiante de que em quatro ou cinco anos o Corinthians vai ser um dos três clubes mais poderosos do mundo."
(Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, em entrevista à revista norte-americana "Forbes" em setembro de 2013)

O atacante Santander bate a falta, um chute fraco, rasteiro. O goleiro Cássio falha bisonhamente ao não segurar a bola que, caprichosa, faz uma curva e entra no canto direito do gol. Guaraní-PAR 1 x 0 Corinthians. Tite não muda a forma da equipe jogar e, aos 37 minutos, em jogada rápida de contra-ataque, o paraguaio Contrera invade a área corintiana e toca para o gol na saída de Cássio. 2 x 0.
Sim, o fantasma Tolima voltava a assombrar as noites dos corintianos. Como um pesadelo de mau gosto depois de tanto tempo dormindo de barriga cheia, pela soberba de quem um dia acreditou que viria a ser um dos clubes mais poderosos do planeta. Dessa vez, o fantasma foi ainda mais assombroso do que há quatro anos. O Guaraní era a reencarnação do Tolima dentro do Itaquerão lotado, jogando um futebol feio, sem riscos, sem brilho, vencendo por um insuportável placar de 1 x 0, exatamente como era o Corinthians de Tite que ganhou tudo em 2012 (porque jogar feio também dá resultados, como também mostrou o inexpressivo time paraguaio do atacante com nome de banco).

quinta-feira, 14 de maio de 2015

CHAMPIONS LEAGUE: DUAS PERGUNTAS E UMA AFIRMAÇÃO


Desde o apito final e a vitória estrondosa do Barça na semana passada no Camp Nou, uma pergunta ficou martelando em minha cabeça.
O que fará Pep Guardiola para tirar o coelho da cartola diante de um placar tão adverso?
Em entrevistas, ele afirmou que achava fundamental se defender muito bem, pois tomar um gol em casa colocaria rapidamente ponto final em qualquer possibilidade do sonho bávaro.
Eis que a partida começou e o que se viu foi que se defender ficou mesmo só nas entrevistas. Nos minutos iniciais, um Bayern eletrizante partiu pra cima, dando tanto espaço quanto no jogo na Catalunha e isso, meus amigos, frente a Messi, Suárez e Neymar é suicídio.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

ALLIANZ PARQUE: A IMAGEM DA PRIMEIRA RODADA

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"7 x 1 foi pouco". Essa foi a reação de muita gente quando soube que a marca "Allianz" foi coberta no interior do estádio Allianz Parque, antes do jogo de abertura do Campeonato Brasileiro entre Palmeiras x Atlético-MG.
Quer dizer que uma companhia de seguros investe cerca de R$ 300 milhões para associar sua marca a um moderno estádio pelos próximos 20 anos e tem sua logomarca coberta durante a transmissão de TV do maior torneio de futebol do país? Em terras tupiniquins, sim.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

SEMIFINAIS DA CHAMPIONS LEAGUE, OS JOGOS DO ANO!

JUVENTUS STADIUM, JUVENTUS 2 x 1 REAL MADRID

Querido diário,
Chegou a hora. Hoje tem!
Aquela velha máxima, “quando muito se espera do futebol, pouco acontece” definitivamente não vale quando se trata de Champions League. Aliás, esta é a competição que faz o coração desta que vos fala bater muito, muito mais forte.
Caminhamos ao final da temporada na Europa e já bate aquela saudade. Ainda temos algumas finais importantes pela frente, mas, meus amigos, esses jogos da semi da UCL, para mim, são e serão os confrontos do ano.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

CAMPEÃO PAULISTA JOGANDO FUTEBOL


Um time que joga com alegria. Com vocação ofensiva, que busca o gol a todo momento. Que dribla, corre, pedala, que se diverte jogando futebol. Que não diminuiu seu ritmo nem mudou seu jeito de jogar mesmo quando perdeu seu treinador no meio do campeonato. Seus jogadores sempre com sorriso na boca quando fazem uma jogada, qualquer jogada, quando fazem ou perdem um gol. Porque um minuto depois já estarão lá novamente correndo e sorrindo com a bola nos pés. Um time irreverente e moleque dentro e fora de campo, seja numa coreografia para comemorar um gol ou na improvisada letra de um funk onde provoca seu rival às vésperas de uma decisão. O brilho sempre nos olhos de quem pulou o alambrado e agora faz dentro de campo o que fazia nas peladas da praia.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

O "FUNK DO ROBINHO" É FALTA DE RESPEITO OU SÓ FUTEBOL?

 

Vivemos hoje na era da chamada hipocrisia dos "bem resolvidos socialmente". Quem nega que a última instância da moral pública é a hipocrisia, está sendo ainda mais hipócrita. Afinal, bastam 10 minutos em alguma rede social para se constatar que todo mundo é bem resolvido, realizado e feliz. Quando, na verdade, a esmagadora maioria das pessoas é cheia de dúvidas, insegura e infeliz. Como dizia Nelson Rodrigues, "o desejo é triste".