terça-feira, 29 de abril de 2014

PAULO NOBRE x CARLOS MIGUEL AIDAR

" - O São Paulo foi extremamente antiético. Isso não é privilégio do Palmeiras. Se você perguntar a outros clubes, vão te falar o conceito do São Paulo. E isso acontece desde a base (...) O senhor que ganhou a presidência do São Paulo é um dos mentores do Clube dos 13 e já chega com essa atitude. Eu falava muito com a diretoria passada do São Paulo que precisávamos mudar essa história, que Palmeiras, Corinthians e Santos juntos são muito mais fortes. Mas com essa postura, concluo que isso não irá mudar."
(Paulo Nobre, presidente do Palmeiras, anunciando oficialmente a ida do atacante Alan Kardec para o rival São Paulo).

" - Queria dizer que a manifestação do presidente Paulo Nobre chega a ser patética. Demonstra infelizmente o atual tamanho da Sociedade Esportiva Palmeiras, que ano após ano se apequena com manifestações desta natureza. O São Paulo há algumas temporadas perdeu vários atletas e não ficou chorando pelos cantos. Faz parte da regra do jogo, o São Paulo agiu absolutamente dentro da legislação esportiva (...) Sei que outros clubes tentaram contratar esse atleta, já li isso. O fato é que o São Paulo foi mais hábil, só isso. Se perder um atleta para um concorrente estremece relação, mostra de novo a pequenez da atitude."
(Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo, rebatendo duramente a declaração do mandatário palmeirense).

segunda-feira, 28 de abril de 2014

PITACOS DA RODADA 2/38


* Palmeiras 0 x 1 Fluminense foi enganoso no Pacaembu. Poucas vezes vi tamanha superioridade do time visitante sobre o mandante. Será que os gritos de "ão ão aõ Segunda Divisão" entusiasmaram os jogadores do time carioca ou o técnico Cristóvão Borges realmente acertou a equipe? Só o Fluminense jogou. O Palmeiras, completamente passivo.
* O Santos empatou com o Coritiba em 0 x 0. Times e treinadores que se equivalem. Com a insistência em Leandro Damião, parece que o Santos também busca o mesmo que o Coritiba: se manter na Série A.
* Quem surpreendeu mesmo foi o Botafogo que conseguiu o empate contra o Internacional, após estar perdendo por 2 x 0. E com direito a gol do estreante Emerson Sheik. Gaúchos boquiabertos e com cara de espanto.
*Ao som de "Saudosa Maloca", o Corinthians venceu o Flamengo por 2 x 0 em sua despedida do Pacaembu. Resultado esperado. E como num jogo desses não pode faltar polêmica, a expulsão de Léo Moura ainda no 1º tempo foi exagerada. Típico lance para cartão amarelo. De qualquer maneira, um gol antes dos 10 minutos iniciais deu a tranquilidade que o time do Mano precisava para administrar a vitória.
* A bola pune? Sim, pune. O Cruzeiro jogou melhor, controlou a partida com mais posse de bola, mas 1 x 0 é um placar quase sempre traiçoeiro. E mesmo com o Ganso "acima da média" mais uma vez muito lento e distribuindo mal o jogo no meio, o São Paulo alcançou o empate no pôr-do-sol com gol de zagueiro. E nada de "empate amargo", como definiu o técnico Marcelo Oliveira. Não dá para levar gol de empate em jogada de bola parada nos acréscimos, né? É muita desatenção. A pergunta que não quer calar: será que o Cruzeiro consegue, um dia, vencer o São Paulo?
* Vitória x Atlético-PR sempre será jogo de empate. Mais que previsível. Dessa vez um 2 x 2.
* Chapecoense, Figueirense e Criciúma já mostram a que vieram no campeonato.
* Bastante "homenageado" por seus conterrâneos, Ronaldinho Gaúcho pouco fez para evitar a derrota de seu time por 2 x 1 para os reservas do Grêmio no sul. E finalmente "abaixaram" a câmera de transmissão na Arena Grêmio. Antes parecia que se estava vendo os jogos do topo de um arranha-céu.

sábado, 26 de abril de 2014

#QuemGanhaFica NIKE CRIA A MAIOR PELADA DE TODOS OS TEMPOS



Ao melhor estilo do "Quem Ganha Fica", a Nike lançou sua mais nova peça publicitária, estrelada por craques como Cristiano Ronaldo, Neymar, Wayne Rooney, Ibrahimovic, Gerard Piqué, Higuaín, Mario Götze, Hazard, Thiago Silva, Pirlo, David Luiz e Andrés Iniesta. O filme mostra garotos se divertindo em uma pelada e se transformando em seus ídolos. Segundo Davide Grasso, diretor de marketing da Nike, "o video se conecta com a paixão dos atletas pelo futebol, quer sejam os melhores do mundo que vão jogar no Brasil, ou jogadores de parques e ruas, expondo sentimentos comuns dos jovens atletas ao redor do mundo: competir com os amigos, jogar com os seus heróis ou sonhar em ser um deles."

sexta-feira, 25 de abril de 2014

FRASE

" - Leandro Damião é um jogador insuspeito, de seleção brasileira. Estava sendo negociado por valores muito superiores para a Europa (...) O Santos achou que ele seria seu atacante de referência para os próximos anos. E temos a mesma opinião. O futuro vai mostrar que essa operação não foi arriscada."
(Nélio Lucas, diretor da companhia Doyen Sports, que financiou a negociação do atleta do Internacional para o Santos por R$ 42 milhões).

quinta-feira, 24 de abril de 2014

PALPITES DA RODADA 2/38

* Coritiba 1 x 1 Santos
* Palmeiras 2 x 1 Fluminense
* Botafogo 0 x 1 Internacional
* Corinthians 2 x 0 Flamengo
* Cruzeiro 2 x 1 São Paulo
* Vitória 1 x 1 Atlético-PR
* Sport 1 x 0 Chapecoense
* Grêmio 2 x 0 Atlético-MG
* Figueirense 0 x 0 Bahia
* Goiás 0 x 1 Criciúma

CUSTOU MUITO CARO. AGORA TEM QUE JOGAR.

Um jogador que custou muito caro. E que, mesmo jogando mal, tem que ser titular exatamente porque custou caro e o clube precisa apostar no investimento. Um jogador que não é unanimidade e que boa parte da torcida já o culpa, há tempos, pelo decréscimo de desempenho do time dentro de campo.
Não, não estou falando de Paulo Henrique Ganso, do São Paulo. Ou de Alexandre Pato, quando estava no Corinthians.
Estou falando de Leandro Damião, que a diretoria do Santos contratou junto ao Internacional pela bagatela de R$ 42 milhões. O que representa o maior negócio da história do clube gaúcho, superando em dobro os valores da venda de Ganso, do Santos para o São Paulo em 2012.
Qual a semelhança entre Damião, Ganso e Pato? Todos custaram bem acima da média para os padrões tupiniquins (Pato chegou ao Parque São Jorge em 2013 por R$ 40 milhões) e se tornaram enormes interrogações dentro de campo. Qual a diferença? Ganso e Pato já experimentaram o banco de reservas. Menos Leandro Damião, com titularidade garantida até aqui pelo técnico Oswaldo de Oliveira e que não consegue "encaixar" no jovem ataque santista, formado por Gabriel, Geuvânio e até Stefano Yuri, os três com produtividade bem maior e custo bem menor.
Se a esperança era a presença de Damião na Copa e uma eventual supervalorização de seu passe, certamente tudo não passou de uma aposta frustrada e o prejuízo é agora iminente para o Santos. Nem se estivesse fazendo os gols que costuma desperdiçar ele faria jus a tamanho investimento. Quem deve ser mais cobrado? O jogador ou os dirigentes que um dia acreditaram que poderiam comprá-lo e futuramente vendê-lo por um valor acima dos R$ 42 milhões? Ou será que existe "boi na linha" nessa história?
Resta aguardar por um "negócio da China". Literalmente.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

FRASE

" - Como armador, não vejo alguém acima da média como eu (...) Sempre fui acima da média. Procuro mostrar isso nos jogos. Problemas que tive dentro e fora de campo me prejudicaram muito."
(Paulo Henrique Ganso, meia do São Paulo, sobre as críticas ao seu desempenho).

terça-feira, 22 de abril de 2014

FRASE, por JOSÉ LUIZ FERREIRA

" - Hoje é Série B. Mas as ações de torcedores e da Portuguesa continuam. Se sair uma nova decisão mesmo depois de sábado, não entraremos em campo na rodada seguinte. E caso haja uma ação favorável lá na frente que dê ganho de causa para a Portuguesa, vai ter de anular tudo. Isso pode durar o campeonato inteiro."
(José Luiz Ferreira de Almeida, advogado da Portuguesa de Desportos, sobre a liminar concedida pela Justiça que causou o abandono de campo do clube paulista durante o jogo contra o Joinville, em Santa Catarina, pela 1ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro).

segunda-feira, 21 de abril de 2014

PITACOS DA RODADA 1/38


* Com a petulância de quem organiza, o Fluminense fez o jogo de abertura da Série A do Campeonato Brasileiro. E venceu fácil por 3 x 0, com direito a golaço de Rafael Sóbis, o mais belo da 1ª rodada. Parece que o Figueirense já mostrou a que veio. De novo.
* Na Europa, chega-se à marca de 52 faltas após a soma de 3 ou 4 partidas. Por aqui, bastou um Chapecoense 0 x 0 Coritiba para se atingir em uma só partida a mesma (absurda) marca.
* O São Paulo venceu fácil, mas muito fácil o frágil time do Botafogo por 3 x 0 no Morumbi. Mas os 2 meses de salários atrasados no clube carioca tiram qualquer referência positiva em relação à vitória. Ficaremos sabendo melhor do time do técnico Muricy Ramalho na próxima rodada, em jogo contra uma equipe que tenha ao menos motivação. O que, por motivos óbvios, o Botafogo não tem.
* Em Uberlândia-MG, todos voltam a enaltecer o "paredão" corintiano, agora com o Mano. Mais do mesmo. O sonho do Tite, a eterna sombra de Mano, era poder tirar um jogador de linha e atuar com dois goleiros. Mas o 0 x 0 fora de casa contra o Atlético-MG não foi ruim. 
* Esperava-se mais do Flamengo contra o Goiás. E ninguém imaginava um 0 x 0.
* Muita gente não entendeu porque o time do Santos saiu vaiado de campo após o empate contra o Sport por 1 x 1, na Vila Belmiro. É fácil de entender. A perda do título paulista para o modesto Ituano só reforça mais o que eu sempre digo: no Estadual, o time campeão não fez mais que a obrigação num torneio que "não vale nada". Mas para o time que perdeu vêm as cobranças. E com elas talvez uma crise. Agora sim caiu a ficha para muitos santistas em relação ao potencial do time e do treinador. O Santos perdeu 2 pontos diante de um adversário bem inferior, dentro de casa. Vai fazer muita falta lá na frente. Sempre faz.
* Uma vergonha nos jogos realizados em Santa Catarina durante o fim-de-semana: o abandono de campo da Portuguesa em Joinville e o pênalti discarado não marcado em Criciúma. O jogador Thiago Alves, do Palmeiras, cometeu 2 faltas no mesmo lance, dentro da área, sobre o atacante do Criciúma. Uma "voadora" impiedosa e a mão na bola, ao mesmo tempo (veja a foto acima). O juiz fingiu que não era com ele. Pior: o juiz, o assistente e o auxiliar atrás do gol. Um absurdo. Foi "muito" pênalti como diz o outro e o palmeirense merecia até o cartão vermelho. Mas o jogo seguiu, para a revolta da torcida local, e como desgraça pouca é bobagem, veio a virada do Palmeiras por 2 x 1. Vergonhoso. Embora o time do técnico Gilson Kleina não tenha nada a ver com isso.

FRASE, POR NETO BAIANO

" - É difícil. Estava impedido. Contra time pequeno é sempre assim, ainda mais vindo do Nordeste."
(Neto Baiano, jogador do Sport-PE, sobre o gol "irregular" do atacante santista Gabriel que empatou a partida contra seu time por 1 x 1, na Vila Belmiro. As imagens de TV mostraram depois do jogo que o gol foi feito em posição legal).

sábado, 19 de abril de 2014

LUCIANO DO VALLE, UMA DAS VOZES DO FUTEBOL QUE SE CALA.

Há profissionais do futebol que, goste-se ou não deles, são ícones, personagens, se tornam mitos, fazem parte da história, da cultura do esporte. No jornalismo esportivo existem muitos. José Silvério, Oliveira Andrade, Luis Noriega, Fernando Solera, Milton Neves, Juca Kfouri, José Trajano, Jorge Kajuru, Flavio Prado, Wanderley Nogueira, Silvio Luiz, Renato Mauricio Prado, Osmar Santos, Alberto Helena Junior, Orlando Duarte, Pedro Luis, Fiori Gigliotti, Léo Baptista, Armando Nogueira, Mauro Beting, João Saldanha, Galvão Bueno... e Luciano do Valle.
Cresci ouvindo as narrações de futebol nas vozes inigualáveis de dois locutores: José Silvério no rádio e Luciano do Valle na televisão. Cada um em seu meio, ao seu estilo.
Quando fiquei sabendo da morte de Luciano (durante um vôo para Uberlândia-MG, onde faria a transmissão da 1ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2014), foi irremediável a emoção e a lembrança da voz da Copa do Mundo de 1982, na Espanha. O primeiro time que me encantou no futebol e que também encantou o planeta, na voz do maior narrador esportivo da televisão brasileira. Luciano do Valle fazia parte do encanto da seleção na Copa de 82. Aquele time que jogava por música. A música da voz de Luciano. Afinal, aqueles belos gols não seriam tão belos sem a emoção de sua narração. O futebol daquele mágico time de amarelo desfilava e embalava em campo ao som inconfundível da voz sempre marcante de Luciano do Valle, então o locutor nº 1 da TV Globo. Luciano tinha de forma natural uma coisa que, atualmente, os locutores se esforçam para conseguir: um estilo próprio de narração. Na televisão era praticamente único. O melhor. Era respeitado por todos os profissionais de rádio e TV, de todas as casas. Quando morre um cara como Luciano do Valle, morre junto com ele um pedaço do futebol. Quantas jogadas, quantos dribles, quantas defesas, quantos gols não foram eternizados por suas narrações? Um de meus ídolos desse apaixonante mundo da bola há pelo menos 30 anos.
Um de seus maiores sonhos era narrar uma Copa do Mundo de futebol em seu país. Infelizmente um mal súbito lhe tirou a vida aos 66 anos e a 53 dias do Mundial a ser realizado no Brasil. Os gols de Neymar e companhia não terão a mesma vibração sem o timbre de sua voz. Que Deus o receba em paz.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

FRASE

" - Já são dez anos que o Vasco está jogando o Campeonato Paulista, e não o Carioca, pois eles não ganham nunca. A felicidade é ver a torcida rival indo embora de cabeça baixa. Roubado é mais gostoso ainda".
(Felipe, goleiro do Flamengo, comemorando após a decisão contra o Vasco, sobre o gol ilegal marcado por Márcio Araújo aos 45 minutos do 2º tempo que deu o título carioca ao time rubro-negro com o empate em 1 x 1).

quarta-feira, 16 de abril de 2014

VICENTE MATHEUS x JUVENAL JUVÊNCIO

Em mais ou menos 30 anos acompanhando futebol, me lembro de ter visto em algum lugar do rádio ou da televisão uma história bem interessante envolvendo dois ícones do mundo da bola: Vicente Matheus e Juvenal Juvêncio. Ambos são personagens do futebol, folclóricos, irreverentes, petulantes, admirados e, claro, queridos. Costumo dizer que Vicente Matheus foi o mais corintiano de todos os presidentes do Corinthians. Permaneceu no comando do clube por 18 mandatos, entre 1959 e 1989, e com toda sua influência e história dentro do Parque São Jorge, acabou por eleger sua mulher, Marlene Matheus, que o sucedeu na presidência até 1993 (a primeira mulher a ocupar o posto). Foi vencedor em várias batalhas pelo Corinthians, mas na vida pessoal foi derrotado por uma insuficiência pulmonar que lhe tirou a vida aos 88 anos, em 1997. Deixou saudades.
Juvenal Juvêncio é advogado, ex-investigador de polícia e ex-deputado estadual. Está no São Paulo FC desde 1984, quando assumiu o cargo de diretor de futebol. Presidente do clube desde 2006 (já havia ocupado o posto de 1988 a 1990), Juvenal é carismático, polêmico, provocador, conhecido por seu estilo falastrão, sem papas na língua.
Os dois dirigentes representam o futebol a moda antiga, genuíno, autêntico, cheio de rivalidade, como tem que ser.
A tal história interessante? Pois bem.

“Diz a lenda que, em certa tarde de um certo dia no fim da década de 80, os presidentes dos principais clubes do país estavam reunidos na sede da CBF, no Rio de Janeiro, para discutir e votar uma decisão importante para todos. Uma espécie de reunião do 'Clube dos 13' da época.
Faltava um só dirigente: Vicente Matheus. Porém, mesmo com o atraso do corintiano, a reunião teve que começar, pois todos tinham seus compromissos. Depois de toda a discussão, chegou a hora da votação para decidir o que seria feito e nada de Vicente Matheus aparecer. Depois de um longo período de espera e imaginando que ele não mais chegaria, todos decidiram começar a votação mesmo sem o representante do Corinthians. Quase no fim dos votos, adentra-se na sala um Vicente Matheus apressado, efusivo, derrubando papéis de sua pasta por todos os lados e falando em tom ofegante:
 – Me atrasei demais, foi a Ponte-Aérea, me desculpem... O que foi que eu perdi?
Irritado, um dos dirigentes se dirigiu a ele e disse:
 – Perdeu toda a discussão, Matheus. Mas não há mais tempo para explicações, já estamos terminando a votação. Vamos lá, você vota sim ou não?
Desconfiado, Matheus perguntou:
 – O quê o Juvenal votou?
 – O Juvenal votou ‘sim’, respondeu outro dirigente.
E Matheus, sorrindo sorrateiramente:
 – Então o meu voto é ‘não’. O que é bom para o São Paulo não é bom para o Corinthians.
Todos caíram na gargalhada e a votação, logo depois, se encerrou.”

A velha e boa rivalidade do esporte mais popular da Terra.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

CAMPEÃO, ITUANO VÊ OS GRANDES PELO RETROVISOR.


Sejamos francos. Pouca gente acreditava. Até mesmo entre os ituanos. Tampouco eu. Um time esforçado e de um conjunto forte, no máximo. De jogadores desconhecidos, a exceção do veterano Marcinho, do técnico Doriva e do presidente Juninho Paulista. Duvido que, no começo do campeonato, os ituanos apostassem tanto nesse time. Seria novamente jogar para se manter na elite do futebol paulista. E só. Do outro lado, toda a tradição do time grande, com uma equipe formada por jogadores novatos e experientes que esbanjava irreverência, os donos do melhor ataque do Brasil na temporada. Que faria sua oitava final de Estadual nos últimos dez anos, levantando o troféu em cinco edições.
Mas o imponderável do futebol nos prega peças "saborosas", maravilhosas, nos engana de maneira agradável, nos faz de bobos. Tudo isso empolga o mais tímido torcedor e faz valer a paixão pelo esporte mais popular do mundo.
Atitude e vontade de vencer deram ao Ituano o título de campeão paulista de 2014, dessa vez sim um troféu carimbado com certificado de excelência. Ao contrário de 2002, quando o time do interior venceu um torneio sem graça, com a ausência dos clubes considerados grandes. Neste ano, a eficiência do Ituano passou por cima de todos, deixando Santos, Palmeiras, São Paulo e Corinthians nivelados abaixo dele exatamente nessa ordem, sendo vistos pelo retrovisor. Aliás, nota-se o nível dos times rivais do Santos quando a alegria de seus torcedores é justamente comemorar o título do Ituano. Será que verdadeiramente há motivos para tanta alegria?
Foi injusto para o Santos, o time da melhor campanha e que passou pelos mata-matas até a final? Talvez. Futebol é isso e esse é o preço que se paga numa fase final em disputa por mata-mata. O time classificado em 8º lugar pode desbancar o que chegou em 1º lugar. Contra isso não há fórmula mais justa e infalível que a de pontos corridos. Mas e daí? O campeonato foi elaborado com a conivência de todos os envolvidos, seja com emoção ou com injustiça. O Santos foi o melhor time do campeonato. O Ituano foi o melhor dos mata-matas.
Por outro lado, o Santos teve a seu favor duas finais dentro de um Pacaembu lotado de santistas. Teve o retrospecto, teve a estrutura, a logística, a preparação, o elenco, os meninos atrevidos, o centroavante mais caro do país, os vencimentos, a camisa. Não deu certo. A derrota na primeira partida pelo placar de 1 x 0 foi até lucro para o time do técnico Oswaldo de Oliveira. Poderia ser pior. Quando se achava que a pegada seria outra na partida decisiva, o time mostrou ansiedade, nervosismo, falta de esquema tático, falta de concentração, falta do talento que lhe foi peculiar em toda a campanha de 45 pontos e 47 gols. Lhe faltou a ousadia no momento mais importante e o futebol vistoso de todo o campeonato. E sobrou confiança e determinação para o Ituano. O pequeno do interior que desbancou os grandes.
Fazer uma campanha brilhante e não levantar o troféu é como o piloto que faz uma corrida irretocável e seu carro pára na última volta. O sentimento do santista na "última volta" foi de decepção. Uma decepção tão grande quanto as coisas de Itu.
Parabéns ao Ituano, campeão paulista de 2014. O resto é choro de quem não sabe perder ou provocação barata de quem também perdeu.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

O MOMENTO DE EUFORIA EM ITU


O município de Itu, a 102 Km da capital paulista, deve estar em polvorosa. Diferentemente de 12 anos atrás, dessa vez o time da cidade pode ser campeão paulista, digamos, de verdade. Sim, pois em 2002 o campeonato não contou com a participação dos clubes grandes. Agora foi pra valer. E como os grandes sofreram com o time de Itu. O Corinthians perdeu para ele a vaga na fase final, pois estava pior colocado na tabela. O São Paulo foi derrotado na 1ª fase em pleno Morumbi. O Palmeiras foi eliminado por ele nas semi-finais dentro do Pacaembu. E contra o Santos na final, o time de melhor ataque do Brasil até agora, mais uma vitória, 1 x 0, no mesmo Pacaembu, pelo 1º jogo das finais.
O competente técnico Doriva sabe que, irremediavelmente, essa mesma euforia também invade o ambiente de sua equipe. E isso é perfeitamente normal. Aliás, tem que ser assim. Sabe-se lá quando o presidente Juninho Paulista conseguirá novamente formar outra equipe tão competitiva para ter outra oportunidade como essa. Até porque Juninho sabe como a banda toca e o quanto tudo é mais difícil para os clubes do interior. E sabe também que o time se desmanchará depois do Paulista, com ou sem o troféu. É assim com todos os bons times do interior que se destacam. Foi assim com o bom São Caetano em 2007, com o ótimo Santo André em 2010, com o esforçado Guarani em 2012 e não será diferente com o Ituano.
A decisão do melhor ataque contra a melhor defesa. Uma espécie de David contra Golias e o menor com a vantagem do empate. Quem diria? Mas futebol é exatamente isso. O imponderável sempre pode acontecer.
Não morro de amores pelo técnico Oswaldo de Oliveira, muito pelo contrário. Mas pelo menos até aqui o treinador não atrapalhou o time com esquemas mirabolantes. A equipe se mostra a vontade dentro de campo, joga de forma leve, envolvente, irreverente, faz (muitos) gols e Oswaldo parece ter o time fechado com ele. Tem agora a missão de ser o destaque individual da partida derradeira que vai decidir a competição.
De um lado, Doriva já fez a sua parte, o Ituano chegou onde chegou e conseguiu levar a decisão para a 2ª partida das finais. Por outro lado, é praticamente impossível o time do Santos deixar de jogar por duas partidas seguidas. Por isso cabe a Oswaldo de Oliveira reacender os ânimos, esquentar o clima de sua equipe, controlar a ansiedade, motivar, retirar o peso das costas de alguns jogadores, usar as alternativas que o elenco lhe oferece em qualquer esquema tático.
O Ituano teve seus méritos ao vencer por 1 x 0? Sim. Porém, o demérito do Santos de cair em sua armadilha contribuiu bastante.
O Santos é o time que joga e deixa jogar, mas não é o time que deixa de jogar, como foi na primeira partida. A proposta do Ituano será clara desde o começo, tem o regulamento debaixo dos braços. Ao Santos, fazer mais do mesmo: gols. Mas não poderá se expor como de costume, jogando em alta velocidade. Terá que manter a posse de bola, jogar com inteligência e, principalmente, paciência. Essa será a lição que o tio Oswaldo terá que ensinar aos seus meninos na última aula do Campeonato. Difícil? Não. Futebol é raça, aplicação tática, determinação. Mas, acima de tudo, é talento. E o talento sempre prevalece.

sábado, 5 de abril de 2014

QUEM MANDA NUM DOS MAIORES CLUBES DO MUNDO?

Imagine um clube de 115 anos conhecido em todo o planeta e com mais de 57 milhões de torcedores. Seus jogos são considerados eventos turísticos na região de seu país e sua filosofia constitui uma demonstração clara de nacionalismo regional. Seu futebol é sinônimo de talento e o clássico contra seu rival é exibido em rede planetária de televisão. Um clube que, até 2011, jamais havia estampado algum logotipo de empresa em sua camisa. E que, desde 2011, recebe 30 milhões de euros anuais para exibir, juntamente com a da Unicef, a marca da "Qatar Foundation", o que representa o maior contrato de patrocínio da história do futebol mundial. O clube que jamais foi rebaixado de divisão e o que mais cedeu jogadores para a sua seleção nacional. Um clube cujo faturamento anual é de 483 milhões de euros (aproximadamente R$ 1,5 bilhão), sendo 117 milhões de euros com venda de ingressos, 188 milhões de euros em cotas de televisão e 176 milhões de euros em patrocínios e licenciamento de sua marca.
E quem é o dono deste clube? Quem dá as ordens? Quem manda?
Os torcedores. Os sócios.
Uma prova? Por 72% dos votos, os sócios do Barcelona aprovaram o projeto de reforma do Camp Nou, intitulado "Novo Espaço Barça". A proposta inclui a ampliação do estádio, dos atuais 98 mil lugares para 105 mil, além de uma nova cobertura e melhorias em todo o bairro onde o Camp Nou está localizado. O custo previsto é de 600 milhões de euros (ou cerca de R$ 1,8 bilhão).
Mais de 37 mil sócios votaram, pouco mais de 30% do total. Também participaram do plebiscito jogadores como Xavi, Iniesta, Piqué e Puyol. Dirigentes e ex-dirigentes, além de autoridades públicas, também compareceram.
As obras têm data para começar e terminar. Se iniciam em maio de 2017 e finalizam em fevereiro de 2021. Até mesmo a cessão de "Naming Rights" foi decidida pelos sócios, ou seja, o direito de uma empresa explorar o nome e as dependências do estádio. Por tudo isso o Barcelona seja, talvez, um clube com números tão expressivos.
Existe algo no mínimo parecido em terras tupiniquins?
Claro que não. Por aqui, os dirigentes pensam completamente diferente e sentem-se donos dos clubes. Mandam e desmandam sem pudor e não consideram a opinião de ninguém. O que importa são os interesses em torno do futebol. Os torcedores são meros espectadores que pagam ingressos caros, em estádios desconfortáveis e sem segurança, e se quiserem são obrigados a ir aos estádios em horários ruins definidos pela emissora de TV que detém os direitos de transmissão.
No tal do "País do Futebol" os sócios e torcedores não "apitam" absolutamente nada. Não importa o tamanho da torcida ou a grandeza do clube. O interesse do torcedor ou sócio é voto vencido.

FRASE, POR ROGÉRIO CENI

" - Não vou postergar. Este é meu último ano, e não só do São Paulo, mas como atleta profissional de futebol (...) 2013 foi meu ano mais difícil, porque o lado emocional foi muito pesado. Espero que tenhamos um caminho diferente em 2014."
(Rogério Ceni, capitão e goleiro do São Paulo, anunciando sua aposentadoria em 2014 durante entrevista coletiva no CT do clube).

ROGÉRIO CENI É MITO PARA OS SÃO-PAULINOS. ENTÃO POR QUE ARRISCAR?


Pelé nunca foi brilhante com as palavras da mesma maneira que foi brilhante com a bola nos pés. Mas uma das frases do Rei do Futebol merece destaque: “O jogador deve abandonar o futebol antes que o futebol o abandone”. Concordo. Compreender o momento certo de parar é tão louvável quanto uma carreira vitoriosa e repleta de títulos. Tão importante quanto o caminho que se percorre.
O paranaense Rogério Ceni, 41 anos, anunciou sua aposentadoria para o fim da temporada de 2014. Dessa vez em entrevista coletiva e de forma “oficial”, já que o fim da carreira vem sendo arrastado pelo goleiro há dois anos.
Trata-se do maior jogador da história do São Paulo, a frente de Pedro Rocha, Daryo Pereira e Raí. No Morumbi desde 1990, já atuou em 1.119 partidas oficiais pelo clube, ultrapassando o recorde de Pelé, que fez 1.116 jogos pelo Santos. O ídolo que conquistou 17 troféus com a camisa são-paulina e o goleiro-artilheiro que já marcou 113 gols, um feito que jamais será alcançado por outro jogador de sua posição.
Mas por quê Rogério adiou sua aposentadoria há dois anos e agora diz que realmente vai parar?
Porque ele queria encerrar a carreira com um título, de preferência expressivo. Uma Libertadores, por exemplo, para coroar uma trajetória tão vitoriosa. Seria a cereja do bolo. Teve a chance no ano passado, mas o São Paulo fez sua pior temporada da carreira de Ceni. Em 2013, o capitão do time encarou um inferno astral. No Paulista, teve sua pior média de gols sofridos: 20 gols em 17 partidas. Na Libertadores, uma campanha frustrante, que quase não passou da etapa de grupos. No Brasileiro, o clube viveu seu pior campeonato da história e somente se livrou do rebaixamento para a 2ª divisão a poucas rodadas do fim. Não era isso que Rogério esperava para o fim de sua carreira. O próprio goleiro disse mais de uma vez que “seu lado emocional estava muito pesado e que havia envelhecido 10 anos em 6 meses”. Afinal, sobre quem recaíram a maioria das críticas? Em qualquer time grande, o jogador que mais se destaca é também o mais cobrado.
Ceni sabe que o momento do São Paulo ainda é confuso e pode não ser diferente em 2014, como mostrou a participação do time atual no Campeonato Paulista. Por isso, resolveu que parar ainda “por cima” é o melhor a ser feito.
Exatamente o que fez o ex-goleiro Marcos, ídolo do Palmeiras e também de outras torcidas, muito por seu estilo “boleirão” e “despojado” de ser. Além de questões físicas (que também atrapalham Ceni), Marcos percebeu que o Palmeiras não lhe daria a oportunidade de encerrar a carreira com um título importante e decidiu parar. E Rogério não tem o mesmo carisma de Marcos diante dos torcedores de outros clubes, por isso se torna ainda mais “alvo” das críticas. Em qualquer situação negativa de seu time, é a primeira “vidraça” a ser apedrejada.
Além da questão física, há também a parte técnica. Rogério Ceni ainda é o goleiro rápido e habilidoso de antes, que sempre fazia gols e que sempre se mostrava bastante seguro com a bola nos pés? Ainda é aquele goleiro que sabia como poucos sair jogando, que não errava reposição de bola e que esbanjava confiança? Se ao invés de uma "chegada triunfal" começam a aparecer tantas pedras no meio do caminho, por que então arriscar tudo o que já foi tão bem percorrido?
Ele tem um nome e uma história a zelar dentro do São Paulo e diante de seus súditos são-paulinos. Uma história que ele próprio escreveu com dedicação.
Por isso resolveu pendurar as chuteiras no fim da atual temporada e perpetuar sua imagem na galeria dos grandes jogadores. Sem arranhões.