quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O ABENÇOADO TIME DOS RAIOS


Todo mundo sabia como seria difícil a vida sem ele.
Pior: Será que existiria vida sem ele?
Há 40 anos, a bola veio para o meio de campo durante um jogo contra a Ponte Preta e ele a segurou com as mãos. Ajoelhou no centro do gramado e, com os braços em forma de cruz, o Rei do Futebol reverenciou seus súditos aos quatro lados do campo, logo sendo reverenciado pelos companheiros e adversários. Era o fim.
Sua descida para o vestiário parecia deixar seu torcedor não apenas órfão, mas com a certeza de que aquele jogador era simplesmente insubstituível. Jamais haveria outro.
A vida realmente ficou mais difícil. Afinal, era complicado dissipar a sensação de que toda aquela magia existiria para sempre, de que os domingos e quartas se tornariam "normais" sem aquele time genial desfilando de branco pelos gramados do mundo inteiro.
Mas ali, naquele mesmo local, o futebol renasce de tempos em tempos, encontra forças dentro de si mesmo e devolve o brilho à imaculada camisa branca. Dos meninos da máquina de jogar bola com Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe ao futebol discoteca de Pita, João Paulo e Juari. Passando pelo futebol moleque e irreverente da turma de Robinho e Diego. E pela ousadia e alegria do Cirque Du Soleil liderado por Neymar e Ganso.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O QUE ACONTECEU EM NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2014?


NOVEMBRO

• Pelas semifinais da Copa do Brasil, o Atlético-MG repete o feito contra o Corinthians e goleia o Flamengo por 4 x 1 no Mineirão após perder o jogo de ida no Maracanã por 2 x 0. Com o resultado, vai disputar a final do torneio contra o arqui-rival Cruzeiro, que eliminou o Santos nas semifinais com placar agregado de 4 x 3.
• O Joinville é campeão da Série B e o Vasco, que tem Eurico Miranda novamente como presidente, volta à elite do Campeonato Brasileiro. A Ponte Preta também retorna à Série A, mas novamente sem o troféu de campeão.
• O Palmeiras perde para o Sport por 2 x 0 na partida de inauguração do Allianz Parque. A modernidade do novo estádio se contrapõe à agonia do time lutando mais uma vez contra o rebaixamento na reta final do Campeonato Brasileiro.
• O Cruzeiro vence o Goiás por 2 x 1 no Mineirão e é bi-campeão brasileiro com duas rodadas de antecedência. O time de Marcelo Oliveira termina 10 pontos na frente do São Paulo, o segundo colocado.
• No maior clássico da história entre os arqui-rivais mineiros, o Atlético-MG liderado por Diego Tardelli vence o Cruzeiro por 3 x 0 no placar agregado e é campeão da Copa do Brasil, conquistando um título nacional inédito e evitando a tríplice coroa dos cruzeirenses.
• Ao empatar em 1 x 1 no placar agregado diante do Atlético Nacional-COL, o São Paulo é eliminado nas semifinais da Copa Sul-Americana ao perder nos pênaltis por 4 x 1 no Morumbi. Em um ano, essa é a quarta eliminação seguida do time de Muricy Ramalho em torneios de mata-mata dentro de seu estádio. E sempre para times de pouca expressão.

O QUE ACONTECEU EM AGOSTO, SETEMBRO E OUTUBRO DE 2014?


AGOSTO

• Robinho e Kaká retornam ao futebol brasileiro para jogar nos clubes que os revelaram, Santos e São Paulo.
• O zagueiro brasileiro David Luiz deixa o Chelsea-ING e vai para o Paris-Saint-Germain-FRA por R$ 150 milhões, o valor mais alto pago por um jogador dessa posição na história do futebol.
• O técnico Luiz Felipe Scolari é contratado pelo Grêmio. Em todos os estádios onde seu time é visitante, Felipão é hostilizado pelos torcedores devido ao vexame da seleção brasileira na Copa do Mundo.
• Depois de quatro anos de domínio brasileiro, o argentino San Lorenzo vence o Nacional-PAR por 1 x 0 e é campeão da Copa Libertadores da América.
• O São Paulo perde por 3 x 1 para o Bragantino no Morumbi e é eliminado da Copa do Brasil. O time do interior paulista ocupa então a 18ª colocação da Série B do Campeonato Brasileiro.
• Petros, meio-campista do Corinthians, é suspenso por 180 dias pelo STJD em razão de uma suposta agressão ao árbitro Raphael Klaus durante o clássico contra o Santos, na Vila Belmiro, pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. No mês seguinte, em novo julgamento, os juízes reduzem a pena para apenas três partidas.

O QUE ACONTECEU EM JUNHO E JULHO DE 2014?


JUNHO

• A seleção brasileira vence a Croácia por 3 x 1 no Itaquerão e dá início à Copa do Mundo, 64 anos depois disputada novamente no Brasil. A estréia é tensa e com direito a gol contra, de bico, pênalti duvidoso e vaias para a presidente Dilma Roussef.
• Em uma semana de Copa, o torneio registra 55 gols, média de 3,05 por jogo, a maior de todas as edições. Arenas lotadas: média de quase 50 mil espectadores por partida. E duas goleadas surpreendentes: Holanda 5 x 1 Espanha e Alemanha 4 x 0 Portugal.
• Durante a partida Uruguai 1 x 0 Itália, que valeu vaga para as oitavas-de-final, o atacante Luiz Suárez morde o ombro do zagueiro italiano Giorgio Chiellini. O árbitro não vê e sequer marca falta. Porém, baseada em imagens de TV, a FIFA suspende o craque uruguaio por 9 jogos e 4 meses, o que o tira do torneio. Nas oitavas, a Colômbia elimina o Uruguai no Maracanã e milhares de torcedores uruguaios usam a máscara de Luizito nas arquibancadas.
• Angustiante, sofrido, dramático. Assim foi o jogo contra o Chile que classificou o Brasil para as quartas-de-final da Copa. Após empate em 1 x 1 no tempo normal e na prorrogação, a decisão da vaga vai para a disputa por pênaltis, vencida pelos brasileiros por 3 x 2. Aos prantos, jogadores como Julio Cesar, David Luiz e Thiago Silva desabam no gramado do Mineirão, mostrando o descontrole emocional do time de Felipão.

O QUE ACONTECEU EM ABRIL E MAIO DE 2014?


ABRIL

• Em entrevista coletiva, o goleiro são-paulino Rogério Ceni anuncia sua aposentadoria para o fim da temporada de 2014. “Envelheci 10 anos em 6 meses”, desabafa referindo-se à temporada do ano anterior.
• Após despachar o Palmeiras nas semifinais, o Ituano chega às finais do Campeonato Paulista diante do Santos, o time de melhor ataque e melhor campanha do torneio. Com o empate em 1 x 1 no placar agregado dos dois jogos realizados no Pacaembu, o time do interior vence a disputa por pênaltis na decisão e é campeão paulista.
• Com gol irregular na decisão, o Flamengo empata com o Vasco em 1 x 1 no Maracanã e é campeão carioca. Felipe, goleiro do Flamengo, causa polêmica ao declarar que “roubado é mais gostoso ainda”.
• Pelo Campeonato Brasileiro, o Corinthians vence o Flamengo por 2 x 0 no jogo de despedida do Pacaembu, após 74 anos jogando como mandante no estádio. Os jogadores corintianos entram em campo com a faixa: “Saudosa Maloca, Maloca Querida”, parafraseando a música de Adoniran Barbosa.
• O meia Paulo Henrique Ganso rebate as críticas sobre seu desempenho dentro de campo e afirma que “como armador não vejo alguém acima da média como eu”.

O QUE ACONTECEU EM JANEIRO, FEVEREIRO E MARÇO DE 2014?



JANEIRO

• O português Cristiano Ronaldo é eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo de 2013, quebrando a hegemonia de Lionel Messi durante quatro anos consecutivos. Pelé, o Rei do Futebol, também é agraciado com a Bola de Ouro honorária da FIFA. O sueco Zlatan Ibrahimovic recebe o troféu Puskás pelo gol mais bonito.
• Com 8 vitórias em 8 jogos, 29 gols marcados e apenas 3 gols sofridos, o Santos é bi-campeão da Copa São Paulo de Futebol Junior. Na final, os meninos da Vila superam o Corinthians por 2 x 1 no Pacaembu.
• Desmotivado e vaiado após cada partida, Alexandre Pato declara que "não joga sozinho" no Corinthians.
• Pelo Campeonato Paulista, o Santos goleia o Corinthians por 5 x 1 na Vila Belmiro. Arouca lidera uma equipe formada por meninos que nos últimos 15 minutos do clássico somente fazem a bola correr aos gritos de "olé" das arquibancadas.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

REAL JOGOU PARA SAIR NA FOTO DE CAMPEÃO. E SÓ.


O San Lorenzo sofreu para chegar à final do Mundial de Clubes. Primeiro teve que conquistar a América, um feito até então inédito em sua história. Era o tal do patinho feio dos clubes considerados grandes da Argentina, o único que ainda não tinha o troféu da Copa Libertadores em sua galeria. Além de um futebol valente, foi preciso também a fé de seu torcedor mais ilustre, o Papa Francisco. E todos os santos jogaram juntos para que o San Lorenzo finalmente chegasse ao Marrocos em dezembro, com o passaporte da FIFA.
O neozelandês Auckland City nem era tudo isso, mas era a zebra a ser batida, a bola sete da vez, o perigo iminente de sequer chegar à final caindo diante de um time da Oceania. O que seria motivo de chacota para os rivais argentinos.
E veio então o tal do jogo "fácil" que, como sempre, se tornou difícil, tenso, sofrido, nervoso, que foi até para a prorrogação. Mas o time do Papa, quase em forma de penitência, venceu. E seria franco-atirador diante do poderoso Real Madrid de Cristiano Ronaldo, Gareth Bale, Sergio Ramos, Benzema, James Rodrigues e Casillas. O time que sim, é tudo isso.

sábado, 13 de dezembro de 2014

A BOLA SE DESPEDE DE UM GENUÍNO CAMISA 10

Alexsandro de Souza, 37 anos, ou simplesmente Alex.
Revelado pelo Coritiba, projetado pelo Palmeiras, consolidado no Cruzeiro e consagrado no Fenerbahçe, clube turco que até o homenageou com uma estátua em tamanho real em frente ao seu estádio. Coisa para poucos. Um dos últimos camisas 10 autênticos do futebol brasileiro que decidiu abandonar os gramados.
Em todos os clubes que passou, Alex foi reconhecido e ovacionado pela torcida. E campeão. Torneio Rio-São Paulo, Mercosul, Copa do Brasil e Libertadores da América pelo Palmeiras da Era Parmalat. A tríplice coroa pelo Cruzeiro. Três vezes campeão turco, mais uma Copa da Turquia, troféu que o Fenerbahçe não levantava havia 30 anos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A 'MONUMENTAL' FESTA NO MONUMENTAL DE NUÑEZ



Estádio Monumental de Nuñez, Argentina. Final da Copa Sul-Americana de 2014.
River Plate 2 x 0 Atlético Nacional.
Com o empate em 1 x 1 no jogo de ida disputado em Medellín, na Colômbia, o time argentino é campeão após 17 anos de jejum em torneios internacionais.
Além do título conquistado de forma invicta e como sugere o nome do estádio, "Monumental" também a festa feita pela torcida do River durante o jogo inteiro, sem parar um só instante. Uma festa normal nos jogos dos Millionários alvi-rubros e que de forma alguma deixaria de acontecer na grande decisão, especialmente após despachar nas semifinais o arqui-rival Boca Juniors.

Nenhuma torcida no Brasil faz um ambiente assim, com tamanha vibração e intensidade.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

FRASE, Thiago Ribeiro

" - Eu joguei para vencer. Se meu gol rebaixou o Vitória ou ajudou o Palmeiras não me interessa. Cada um com seus problemas."
(Thiago Ribeiro, atacante do Santos, sobre seu gol na partida Vitória 0 x 1 Santos, disputada no Barradão, que selou o rebaixamento do Vitória para a Série B e a permanência do Palmeiras na Série A do Campeonato Brasileiro).

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

TORCIDA DO PALMEIRAS COMEMORA O GOL DO SANTOS



Última rodada do Campeonato Brasileiro de 2014.
Estádio Barradão, Salvador(BA), Vitória 0 x 1 Santos. O gol do atacante Thiago Ribeiro, nos acréscimos, sela definitivamente o rebaixamento do Vitória para a Série B e a permanência do Palmeiras na Série A. No Allianz Parque, a torcida palmeirense comemora bastante o gol santista, num misto de alívio e agonia.

O ALÍVIO IMEDIATO DE PALMEIRAS E VASCO


A Copa do Mundo do Brasil deixou pelo menos uma mensagem para o brasileiro.
O Mineirazzo (ou como queiram, aquele fatídico jogo das semifinais no estádio do Mineirão diante da Alemanha) serviu para evidenciar a disparidade que existe entre o futebol praticado na Europa e aquilo que ainda chamamos de futebol por aqui. Mais do que isso: serviu para o brasileiro que gosta de futebol cobrar mais de seus dirigentes e jogadores. Ou pelo menos cobrar o mínimo que se espera de clubes como Vasco e Palmeiras, por exemplo.
Quando empatou em 1 x 1 com o modesto Icasa no Maracanã lotado e conseguiu o retorno para a Série A do Campeonato Brasileiro, a esmagadora maioria de vascaínos vaiou e xingou seu time no apito final do árbitro. Jogadores e dirigentes foram hostilizados e o grito de “Time Sem-Vergonha” ecoou nas arquibancadas e arredores do estádio.
A mesma reação da grande maioria de palmeirenses que compareceu ao Allianz Parque no “jogo do centenário”, que (felizmente) culminou com a permanência do clube na Série A do ano que vem. Não por seus méritos, mas pelo demérito de seus oponentes diretos Bahia e Vitória que conseguiram fazer campanhas ainda mais sofríveis e vão disputar a Segunda Divisão no lugar do sofrido Palmeiras.

domingo, 7 de dezembro de 2014

FRASE, Nabil Khaznadar

" - Se eu for eleito no sábado, viajo na semana que vem para Londres, a fim de tentar trazê-lo."
(Nabil Khaznadar, candidato à presidência do Santos, afirmando que se for eleito vai contratar o atacante alemão Lucas Podolski para jogar no Santos na temporada de 2015. Podolski foi campeão mundial pela Alemanha na última Copa e atualmente joga no Arsenal-ING).

QUANDO CHEGA A HORA DE UM ROGÉRIO CENI PARAR?


Era o começo da noite de uma quarta-feira quente, de baixa umidade, temperatura batendo na casa dos 30 e poucos graus, ele havia encerrado o expediente e se deu ao direito de beber uma cerveja gelada num bar mais ou menos conhecido da região. A “loira da vitória”, como costumava dizer.
Aos poucos, o local foi ficando bastante movimentado e com a presença de vários torcedores. E torcedoras também, claro. Haveria jogo de futebol e muita gente se concentrava ali para assistir.
Pouco antes do início da partida, o bar estava lotado. E o assunto recorrente era a aposentadoria anunciada do goleiro e capitão daquele time grande da capital. Mais do que isso: um goleiro-artilheiro, cheio de recordes.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

FRASE, Valdivia

" - Eu gosto de ser cobrado, de ter responsabilidades. Quando o Palmeiras nunca precisou de mim? Nunca teve um jogo que o treinador me disse que eu não precisava jogar. Já entrei em campo com uma melancia no tornozelo. O trabalho de vocês é cobrar, não tem problema nenhum. Quando vira pessoal, a coisa muda. Repito: quando o Palmeiras não precisou de mim?"
(Jorge Valdivia, meia do Palmeiras, sobre sua responsabilidade na atual situção de seu time a um ponto da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro restando apenas uma rodada).

NO BAR DE SEMPRE, O CORINTIANO E O SÃO-PAULINO


E lá estavam eles, sentados no bar de sempre, falando sobre o de quase sempre.
Na segunda cerveja, um corintiano e um são-paulino resolvem fazer uma retrospectiva da temporada de seus times.

“ - 2014 foi um ano difícil para os times paulistas, hein.. Ninguém ganhou nada!”, disse um deles.
“ – Ihh rapaz.. Parece que isso não acontecia há 89 anos. Fora que, além disso, nenhum deles disputou a Libertadores. Isso também não acontecia há 15 anos.”
“ - Pois é exatamente esse o prêmio de consolação do Corinthians neste ano. Conseguiu uma vaga na Libertadores. Além do estádio ‘concedido’ pelo governo, é claro”, provocou o são-paulino.
“ - Concedido? Se o clube tem uma dívida e ela está em dia, a propriedade é dele. Não houve nenhuma ‘concessão’. Além do mais, parece que o seu time também só ganhou o mesmo prêmio de consolação, não é?”, rebateu o corintiano.
“ - Mas pelo menos meu time é vice-campeão brasileiro.”

domingo, 30 de novembro de 2014

O FUTEBOL QUE ESCORREGA E CAI


O pênalti batido pelo são-paulino Allan Kardec contra o Atlético Nacional-COL é o retrato atual do futebol paulista. Pressionado, confuso, tenso, quase uma nau a deriva.
Se a campanha dos paulistas em 2013 foi fraca, em 2014 foi vazia. Ao contrário do ano anterior, quando o Corinthians ainda conquistou o Paulista e a Recopa Sul-Americana, nenhum dos quatro grandes foi campeão na temporada de 2014. Algo que não acontecia desde 1925, quando o São Bento foi campeão paulista, o Palmeiras ainda era Palestra Itália e o São Paulo sequer existia. Pior: Em 2014, nenhum time paulista disputou a Copa Libertadores da América, o que também não acontecia há quinze anos.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O "ALGO A MAIS" DO CAMPEÃO ATLÉTICO-MG


Tudo caminhava bem para o Cruzeiro desde a temporada passada. Estava até sem graça. Apesar da eliminação na Libertadores, neste ano vieram dois títulos: o estadual e o bi-campeonato brasileiro. Um time forte, entrosado, bem treinado, que jogava acima da média e contava com o tropeço quase constante de seus adversários diretos.
Mais sem graça ainda ficou quando a Copa do Brasil se tornou o sonho possível da tríplice coroa, que já havia sido conquistada pelo próprio Cruzeiro há onze anos. Um time grande daqui, um time mais ou menos dali, e deu a lógica: o Cruzeiro chegou às finais.
Até que, num estalo, alguma coisa aconteceu. Surgiu pela frente o que seria a tormenta revirando as águas calmas por onde navegava o time celeste: o arqui-rival Atlético-MG. Pior: embalado por duas viradas épicas. Um time avassalador, com o algo a mais necessário para não apenas mudar a lógica, como torná-la impensável até para o mais otimista dos atleticanos. Afinal, eliminar Corinthians e Flamengo, dois times de massa, nas mesmas circunstâncias, revertendo um placar adverso de 2 x 0 no jogo de ida com duas goleadas por 4 x 1 no jogo de volta? Não, não é apenas mérito, tampouco sorte.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

FRASE, Felipão

" - Já estão escolhidas as equipes que estarão na Libertadores (...) Não é interessante para o futebol brasileiro ter dois clubes do Rio Grande do Sul na Libertadores e dois de Minas. É bom que tenha um de Minas Gerais, dois de São Paulo, e quem sabe um do Rio Grande do Sul. Quem sabe... São coisas que ficamos olhando... Mas quem decide somos nós dentro de campo. Teríamos que passar por cima de tudo. Caso contrário ficamos no caminho."
(Luiz Felipe Scolari, técnico do Grêmio, em entrevista após a derrota para o Corinthians por 1 x 0, ironizando sobre os times a serem classificados para a Copa Libertadores da América de 2015).

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A SUPREMACIA DO CRUZEIRO, BI-CAMPEÃO BRASILEIRO

O Cruzeiro comprovou o óbvio: é o clube mais planejado e organizado do Brasil há pelo menos duas temporadas. Em 2014, campeão mineiro, bi-campeão brasileiro e com possibilidade da tríplice coroa, se for também campeão da Copa do Brasil, revivendo uma façanha já alcançada por ele mesmo em 2003.
Nem sempre brilhante em campo, mas eficiente e seguro. Esse foi o time que mais pontuou, mais venceu, teve o melhor ataque com o melhor saldo de gols entre os 20 clubes participantes. Quando perdeu foi para times de quase o mesmo nível, mas acumulava gordura atropelando as equipes inferiores, enquanto seus adversários diretos tropeçavam.
Ainda deu chance para o azar em alguns momentos, como nos empates diante de Botafogo e Palmeiras. Prova disso é que o título brasileiro de 2014 veio “apenas” com duas rodadas de antecedência, ao contrário do ano passado, conquistado a quatro rodadas do fim.

sábado, 22 de novembro de 2014

O ÊXTASE E A AGONIA DO PALMEIRAS


Cair quando se está em pé geralmente é doloroso. Mas cair quando se está deitando é bem menos sofrido. É uma queda previsível, bem menos traumática, amortecida.
Essa é a conclusão depois de ouvir alguns palmeirenses após a última derrota do time para o Sport por 2 x 0, justamente na inauguração oficial do Allianz Parque, cujas cortinas se abriram para um espetáculo bem aquém de sua beleza e modernidade (culpa dos dirigentes, que poderiam fazer um jogo festivo depois, fora do olho do furacão que é a zona de descenso do Campeonato Brasileiro).
" - O Palmeiras será rebaixado?", foi a pergunta feita. Dos quatro palmeirenses, apenas um respondeu que "não". Os outros três disseram que "sim", mesmo com o time ainda fora da zona da degola e com nove pontos a serem disputados até o fim do torneio.

domingo, 9 de novembro de 2014

A PONTE PRETA VOLTOU. MAS FALTA O "ALGO A MAIS".


Diferentemente de boa parte das coisas da vida, o futebol é uma opção. É você quem escolhe o time que deseja torcer. Por exemplo, seria ótimo se ao nascer todos tivessem a opção de escolher ser pobre ou rico. Mas a vida é de verdade. E o futebol é uma das raras coisas na vida que nos permite essa escolha.
Sendo assim, por quê cargas d’água alguém escolhe torcer para um time pequeno, do interior, que pouca gente conhece a história, que será eternamente a “zebra”, já que você pretende amá-lo para o resto de sua vida, faça chuva ou faça sol, na alegria ou na tristeza? De certa forma, por que alguém pode escolher "sofrer"?
Mas existem as tais "coisas da coisa", aquelas que não têm explicação. E o futebol faz parte desse universo.
Longe de sofrer, torcer para a Ponte Preta é um caso de amor. E quase uma obrigação.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O SANTOS, O FLAMENGO E A LÓGICA


O Cruzeiro é um time muito bom, bem acima da média. Tem seus momentos de "piloto automático", dá alguma chance ao azar, mas continua sendo o time que mostra o melhor futebol do país desde a temporada de 2013. Bem treinado, coeso, consciente, aquele time que acredita que pode fazer um gol a qualquer momento, quando bem entender. E faz. Porque espera o momento certo, tem paciência e um toque de bola preciso, envolvente. Seus talentos individuais sabem se organizar taticamente, o tempo todo.
O Atlético-MG é talvez o time do futebol mais empolgante da atualidade, mesmo que isso não tenha tanta explicação. Enquanto seu rival azul é um time regular e eficiente, o time alvinegro de Levir Culpi é irreverente, audacioso, quase irresponsável quando precisa vencer. E faz isso a qualquer custo, mostrando capacidade de superação. Afinal, não é normal duas viradas épicas seguidas, como fez o Atlético-MG. Eliminar Corinthians e Flamengo, dois times de massa, nas mesmas circunstâncias, revertendo um placar adverso de 2 x 0 no jogo de ida com duas goleadas por 4 x 1 no jogo de volta? Não, não é normal. É incrível, traduz a verdadeira essência do futebol: jogar bonito, para frente, com ousadia, alegria. Futebol de verdade. E não apenas "jogar para o gasto, para classificar, para pontuar" (mas ok, futebol feio também dá resultados e ganha títulos. Temos muitos exemplos assim. E tem quem goste).

terça-feira, 4 de novembro de 2014

DICAS PARA UMA BOA CAMINHADA - NO CAMPEONATO


Você caminha com segurança?
Certamente, a maioria de nós não costuma pensar nisso.
Afinal, percorremos tantas vezes o mesmo caminho que acabamos não dando a devida importância para ele.
Contudo, isso não pode (ou pelo menos não deveria) acontecer.
A distração ou até mesmo o fato de subestimar os perigos são os fatores que mais causam acidentes de percurso.
Muitos times do Campeonato Brasileiro não fogem à regra e se descuidam na longa caminhada que vai de maio a dezembro. Portanto, seguem algumas dicas para o seu time:

sábado, 1 de novembro de 2014

100 ANOS DO TIME QUE NÃO ACABA


O primeiro time Campeão Paulista do Interior em 1919, o que pouca gente sabe.
O time que revelou Zito, que depois se consagrou no Santos ao lado de Pelé. Aliás, apesar de nascer em Roseira, o craque "taubateano" foi simplesmente o jogador mais respeitado pelo Rei do Futebol dentro de campo. Fez até gol em final de Copa do Mundo.
O time que parou Zito, Pelé e Pepe em 1958. Pois quem foi ao antigo Campo do Bosque para ver Pelé, acabou vendo Zé Américo. E mais que isso, viu algo incomum naquela época: uma derrota do Santos, a então máquina de fazer gols.
O time que foi Campeão Paulista da Segunda Divisão de 1979. E, quis o destino, justamente sobre eles, 2 x 1 diante do arqui-rival São José. Com direito a final no Parque Antarctica, arbitragem de José de Assis Aragão e televisão. E eu, pivete, estava lá com meu velho.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O GOVERNO REELEITO E O FUTEBOL


Das coisas menos importantes da vida, o futebol é a mais importante.
Estranho é saber que a influência que exerce na sociedade é tão intensa, porém bastante desproporcional à seriedade de quem o conduz no Brasil, sejam eles dirigentes, empresários ou quem ganha -muito- dinheiro através de sua exploração comercial.
Pois bem. Futebol tem a ver com política? Sim, claro que sim. Afinal, a esmagadora maioria dos políticos tem uma bandeira em comum: “é preciso estruturar e democratizar o esporte”. Perfeito.
No entanto, durante toda a longa campanha eleitoral que se passou, nenhum candidato falou sobre o futuro do futebol brasileiro de forma consistente, mesmo pouco tempo depois do vexatório 7 x 1 para a Alemanha dentro de nosso quintal. Nem mesmo os candidatos que foram derrotados ainda no 1º turno.
Neste caso, onde estavam, ou no caso do governo reeleito, onde estão as propostas concretas para um esporte que, sabe-se há décadas, “é uma ferramenta de inclusão social”?

domingo, 19 de outubro de 2014

ATÉ ONDE VALE O SACRIFÍCIO DE JOGAR SEM RECEBER?

Muito se falou sobre a conduta do goleiro Jefferson ao não se apresentar para a partida contra o Santos, no meio de semana, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil. Teve gente que até mesmo atribuiu à essa ausência a goleada por 5 x 0 que causou a eliminação do Botafogo. Comentaristas na TV falando que "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa", relacionando a não-apresentação do goleiro ao atraso dos salários no clube carioca que já dura meses. Pois bem, quantos comentaristas trabalhariam meses sem receber salário? E, no caso, dentro de uma sala com ar-condicionado e cadeira confortável. Será que o comentarista, após uma longa viagem de avião voltando da China para cobrir um jogo da seleção brasileira, chegaria ao Brasil e iria direto do aeroporto para o Pacaembu para comentar um jogo da Copa do Brasil? Sem receber seu salário há três, quatro meses?
Diretoria e atleta resolveram encerrar essa discussão afirmando que houve um erro de comunicação entre as partes. Ponto.

sábado, 18 de outubro de 2014

IMAGEM DA SEMANA - "A DANÇA DO GALO, MANO"

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Após a goleada por 4 x 1 sobre o Corinthians, no estádio do Mineirão, que garantiu a classificação da equipe para as semifinais da Copa do Brasil, jogadores do Atlético-MG comemoram imitando a dancinha do treinador corintiano Mano Menezes, que na partida de ida, no Itaquerão, "dançou" dessa maneira para festejar um dos gols do triunfo inicial de seu time por 2 x 0. No placar agregado: Atlético-MG 4 x 3 Corinthians. E Mano Menezes foi eliminado com direito a "sua" dancinha, só que do lado adversário.

FRASE, Felipão

" - Não espero tratamento carinhoso a não ser da minha família. Se eles gritarem ‘a, b ou c' não vai mudar a minha vida. Gostem ou não, eles têm que lembrar que o último título fui eu que dei para eles. Não estou preocupado (...) É bobagem a gente esperar reconhecimento. Eles têm que torcer pelo Palmeiras. Eu fui muito bem recebido toda vez que fui em Porto Alegre quando era técnico. Eu sei como é o povo gaúcho e eu sei o sentimento do torcedor do Grêmio. Não dou bola. Isso é a vida."
(Luiz Felipe Scolari, técnico do Grêmio, sobre os gritos de provocação feitos pela torcida do Palmeiras, no jogo Palmeiras 2 x 1 Grêmio, no estádio do Pacaembu, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro).

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

GARRINCHA NÃO JOGARIA NOS DIAS DE HOJE


Leandro Damião puxou a própria camisa dentro da área após cobrança de escanteio. A grande maioria entendeu que o atacante santista usou de malícia para simular uma eventual infração e induzir o árbitro a assinalar um pênalti. Mas e daí?
Fanfarrão, canastrão ou esperto, Damião usou um de uma infinidade de "recursos" que fazem parte de qualquer jogo.
Garrincha, por exemplo, um dos maiores gênios da história do futebol, teria dificuldade para jogar nos dias de hoje.
E não seria por causa do suposto jogo “mais pegado” ou de “forte marcação”. Isso não seria nenhum problema para as mágicas pernas tortas do Mané. Muito pelo contrário. Se Garrincha e tantos outros craques de sua geração tivessem a estrutura, as chuteiras, os salários e os gramados que temos hoje, certamente fariam jogadas ainda mais irreverentes e desconcertantes.
E é justamente esse o motivo da dificuldade que teriam hoje: desconcertar.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O CAMPEONATO QUE NÃO SE DECIDE


Ninguém é melhor do que ninguém.
Essa é a constatação depois de 28 rodadas desse quase empolgante Campeonato Brasileiro.
Quando o lanterna Botafogo perde em casa para o Palmeiras e, na rodada seguinte, vence o Corinthians, que antes venceu fora de casa o badalado Cruzeiro, que havia ganho do Internacional, que perdeu por 5 x 0 para a Chapecoense. Quando o Santos vence quatro partidas seguidas, sendo duas fora de casa, e depois perde por 3 x 0 para o time de pior ataque do torneio. Quando o Flamengo, o tempo todo na zona da confusão, fica a 3 pontos da degola e bate o Cruzeiro por 3 x 0. Quando a debutante Chapecoense passa por cima de tanta gente grande, dentro e fora de casa. Quando o São Paulo perde fácil para o Fluminense dentro do Morumbi e depois ganha do Grêmio no sul, que também perde fácil para o Palmeiras, de virada, sob gritos de olé.

sábado, 11 de outubro de 2014

FRASE, por Luis Álvaro Ribeiro

" - Um centroavante que não faz gol, pula a dez centímetros do solo, não ganha essa coisa toda. Começou bem no Inter, no ano seguinte ficou mais tempo na enfermaria do que em campo e ano passado era banco. Você comprar um jogador desse por R$ 42 milhões não faz sentido. A ideia do fundo maltês era colocá-lo em uma vitrine como o Santos, um dos poucos com prestígio internacional. Mas é você apostar em um pangaré, não vai ganhar um prêmio nunca. Se ganhar, ganha uma fortuna. Que é esquisito, é."
(Luis Álvaro Ribeiro, ex-presidente do Santos, sobre a contratação e o desempenho de Leandro Damião com a camisa santista).

OS DOIS TOQUES DO PANGARÉ


Futebol é bola na rede desde que o mundo é mundo. Há inúmeras teorias sobre o tal do futebol moderno. E citam exemplos daqui e dali, e de seleções que deram "aula de futebol" na última Copa do Mundo, aqui em nosso quintal. Só quem joga ou já jogou consegue entender que o futebol é, essencialmente, "jogar bola". Simples assim. Sem surpresas ou esquemas táticos mirabolantes. Defender e atacar, porém sempre em função do gol.
E todo time possui um jogador com essa função tão primordial e que deixa sua torcida feliz da vida: fazer mais gols do que seu time levar. Esse jogador está ali para isso. Somente para isso.
Esses não são necessariamente jogadores de futebol. São boleiros. Uns chamam de centroavantes. Alguns podem até ser chamados de "pangarés" por dirigentes ávidos pelos holofotes da mídia, porém que mais atrapalham do que colaboram. Mas e daí? Seja qual for a alcunha que lhes destinarem, eles estão ali para fazer gols. Dar, no máximo, dois toques na bola e correr para o abraço, ovacionados pela torcida. Muito mais importantes do que o dirigente que, na maioria das vezes, nunca chutou uma bola na vida.

domingo, 5 de outubro de 2014

O CAMPEONATO DO CRUZEIRO, DOS LIBERTADOS E DOS REBAIXADOS


O campeonato já está decidido faz tempo. Mas para o campeão, parece até que ainda não está. Os primeiros 45 minutos da última "partida decisiva" do Cruzeiro diante do 2° colocado Internacional mostrou isso. A disposição e a fome de bola do time mineiro, mesmo desfalcado de peças importantes como Alisson e Ricardo Goulart, foram de dar inveja a outras equipes que, a cada rodada, insistem em fazer cálculos mirabolantes para ver "se ainda dá para brigar pelo título". Não dá. Um time que, mesmo com a ausência de seu principal jogador, consegue atuar no mesmo nível e do mesmo jeito contra um adversário forte como o Inter, prova que não está no topo da tabela há tanto tempo por acaso. Mais precisamente desde o ano passado.
Na parte de cima sobram agora as outras três vagas para a Copa Libertadores.
Caso o Cruzeiro seja campeão também da Copa do Brasil (o que é possível, claro), sobrariam mais quatro vagas para poucos postulantes. O Inter está quase assegurando uma das vagas, mesmo sendo um time que perdeu tantos jogos considerados fáceis. Mas quem não perdeu jogos imperdíveis neste torneio, com exceção do Cruzeiro?

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

SORTE OU AZAR, SEU JUIZ?


Você já viu alguma vez um sorteio dos árbitros para cada rodada do Campeonato Brasileiro? Você conhece os critérios utilizados para definir os tais sorteios de cada partida?
O sorteio foi instituído pela Lei Pelé justamente para isso. Ser público, explícito e tentar evitar manipulação no campo de jogo. No entanto, pouca gente conhece o processo. Mas “sortear” um árbitro resolve esse problema, elimina esse risco? Baseado em quê?
O conceito e as regras de arbitragem são estabelecidos pela FIFA. No mundo inteiro. Porém, por razões óbvias, no caso do futebol brasileiro, as informações se confundem e dentro de campo vemos um festival de interpretações erradas e duvidosas que resultam em péssimas arbitragens. Quais são as tais razões óbvias?

terça-feira, 23 de setembro de 2014

UM TIME DE SEGUNDA NA PRIMEIRA


E lá estavam eles, sentados no bar de sempre, falando sobre o de quase sempre.
Uma cerveja, um tira-gosto e os olhos na tela da TV para assistir Goiás x Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro, a quinze rodadas do fim.
Começa o jogo.
“ – Ta difícil, mas vamos começar a escapar do rebaixamento a partir de hoje”, disse confiante o palmeirense.
– Sei não.. Palmeiras possui um time fraco, sem conjunto. Se tornou presa fácil para os adversários”, retrucou o amigo, torcedor de um time rival.
– Pois é. Quando assumiu, o Paulo Nobre e o Brunoro prometeram uma gestão baseada em profissionalização e...
Gooool do Goiás! 7 minutos do 1º tempo, Ramon. Goiás 1 x 0 Palmeiras.
Os dois amigos se entreolham e continuam a conversa.

sábado, 20 de setembro de 2014

FRASE, por Emerson Sheik

" - CBF, você é uma vergonha, vergonha! (...) Os árbitros têm que estar preparados para trabalhar com atletas de alto nível".
(Emerson Sheik, atacante do Botafogo, ao receber dois cartões amarelos e ser expulso pelo árbitro Igor Junio Benevenuto na partida contra o Bahia, que venceu seu time por 3 x 2, no Maracanã, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro).

O FUTEBOL INIGUALÁVEL DO RÁDIO



Eu sou da época em que o futebol, nas noites de quarta ou tardes de domingo, era somente pelo rádio. Duas horas antes já se estava lá, acompanhando as transmissões, ouvindo as escalações, o que se passava dentro e fora do estádio, os times chegando, as entrevistas... Ouvia-se as narrações nas vozes de Osmar Santos, Fiori Gigliotti, José Silvério, entre outros, para só depois, no fim da noite de domingo, descobrir no videotape exibido na íntegra pela TV, se o gol ou qualquer outro lance realmente correspondia ao que você imaginou ouvindo pelo rádio. A essência do futebol pelo rádio é a mesma até hoje. A emoção do futebol continua inigualável pelas ondas do rádio.

"Vozes do Futebol: nos bastidores das transmissões de rádiohttp://youtu.be/7PksgHr64lk

FRASE, por Aranha

" - Eu sinceramente pensava que a maioria não concordava com as atitudes, que eles iam tentar passar outra imagem. Mas ficou claro que é um pensamento quase geral da torcida do Grêmio. Pode pegar no meu pé, não tem problema. Eu não vou desrespeitar ninguém. A denúncia eu fiz para fazer valer meus direitos."
(Aranha, goleiro do Santos, sobre a hostilidade da torcida na Arena Grêmio, no empate em 0 x 0 pela 22 ª rodada do Campeonato Brasileiro, três semanas após a partida válida pela Copa do Brasil onde parte dos torcedores gremistas cometeu injúria racial contra ele no mesmo estádio).

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

SEEDORF, KAKÁ E ROBINHO, OS TÉCNICOS DE CAMPO


Seedorf, Kaká e Robinho têm algumas coisas em comum.
São considerados veteranos, já estiveram em Copas do Mundo e jogaram pelos mesmos times no futebol europeu (Real Madrid e Milan). Mais: são os precursores de uma nova categoria de jogador no Brasil: os técnicos de campo.
Clarence Seedorf veio encerrar a carreira de jogador no Rio de Janeiro, atuando pelo Botafogo, no mais inesperado caso de amor de uma estrela solitária. O então meia holandês de 37 anos liderou o time carioca na ótima campanha da temporada de 2013, o que levou o clube de volta à Copa Libertadores da América depois de 17 anos sem disputar torneios internacionais. Com sua experiência e seu futebol técnico e clássico, Seedorf era a voz de comando que os jogadores respeitavam e seguiam em todos os setores do campo.
Kaká e Robinho resolveram retornar neste ano, depois da Copa, para disputar

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

KAKÁ, O DONO DO QUARTETO


Ricardo Izecson, 32 anos, bem mais conhecido como Kaká, é mais um craque veterano que resolveu repatriar-se, a exemplo de Ronaldinho Gaúcho, Alex e Robinho. Dono de um troféu de melhor jogador do mundo na bagagem recheada de partidas memoráveis na Europa com a camisa do Milan, já esteve em três Copas do Mundo defendendo a seleção brasileira. Há quase dois meses, retornou ao São Paulo por empréstimo junto ao Orlando City-EUA para jogar o restante da temporada pelo clube que o revelou e onde é ídolo da torcida.
Já disputou nove partidas no Campeonato Brasileiro, balançou a rede uma única vez e de seus pés quase não saíram assistências que culminaram em gols. Mas o futebol não é matemática, tampouco uma ciência exata, e a grande verdade é que

domingo, 14 de setembro de 2014

"NEXT GOAL WINS - O PRÓXIMO GOL SERÁ SEMPRE UMA VITÓRIA"

" - O filme me fez comemorar um gol pela primeira vez na minha vida".
(Mark Kermode, jornalista, em texto publicado no jornal inglês "The Observer")

Samoa Americana é uma ilha que pertence aos Estados Unidos desde 1899, possui pouco mais de 65 mil habitantes e está localizada no Arquipélago da Polinésia.
Lá também existe futebol e sua seleção nacional ocupa hoje a 198º colocação no ranking oficial da FIFA, dos 207 lugares possíveis. No rodapé da tabela. Aliás, por uma década eles ocuparam a lanterna desse ranking.
Contudo, mesmo diante de estatísticas tão ruins e, sabe-se lá por qual motivo, os deuses do futebol reservaram para Samoa Americana um capítulo simplesmente especial na enciclopédia do esporte mais popular da Terra.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

FIFA 15. SINTA O JOGO.



Será lançada em setembro pela "Electronic Arts" a versão DEMO do novo game FIFA 15. O maior destaque será o aperfeiçoamento dos gráficos, especialmente no que se refere à ambientação do jogador, fazendo com que ele se sinta dentro do estádio. A EA aprimorou também o realismo das partidas e priorizou melhorias nas movimentações e na inteligência artificial dos goleiros, nas disputas de bola corpo a corpo (incluindo os tradicionais empurrões e puxões de camisa que vemos nos campos reais) e no domínio de bola dos atletas. Com o FIFA 15, a EA pretende manter a hegemonia no segmento de jogos de futebol virtuais.

domingo, 7 de setembro de 2014

TORCIDA DO ROSARIO MOSTRA O QUE É UM "CALDEIRÃO"



Impressionante a festa dos torcedores do Rosario Central na entrada da equipe em campo, em partida contra o Boca Juniors, válida pela Copa Sul-Americana de 2014. O jogo terminou empatado em 1 x 1, mas a torcida local mostrou o que é um "caldeirão" de verdade.

sábado, 6 de setembro de 2014

FRASE, Carlos Miguel Aidar

" - Eu acho que não se pode punir o clube quando você identifica o torcedor. Suponha que alguém mal intencionado se misture à torcida do São Paulo, atire alguma coisa no campo e o clube, mesmo identificando o sujeito, acaba sendo punido (...) Ela deve pagar pelo crime de racismo, que é inafiançável, tem que ser presa, detida, processada. Na minha opinião, ela é a grande responsável, jamais o clube."
(Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo, sobre a exclusão do Grêmio da Copa do Brasil pelo STJD devido à insultos racistas de seus torcedores ao goleiro santista Aranha, e referindo-se à torcedora flagrada em imagens de TV).

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

EXCLUIR O GRÊMIO ACABA COM O RACISMO?


O estádio de futebol é talvez o único lugar capaz de reunir ao mesmo tempo, pelo mesmo motivo e com a mesma intensidade, milhares de pessoas de todas as idades, estilos, crenças e classes sociais.
Faça frio ou faça sol, durante o dia ou de noite, o estádio se torna a catarse coletiva que transcende a razão. O gari e o médico que se abraçam celebrando o grito de gol. O vendedor e o advogado que berram juntos xingando o árbitro pela marcação de um impedimento duvidoso.
É ali, no meio de tanta gente movida pelo mesmo ideal, que o torcedor ri, chora, se lamenta, vibra, se desespera, desabafa a insatisfação com seu emprego, digere a bronca do chefe no fim do expediente, se liberta da relação mal resolvida que vive dentro de casa.
É no estádio que o torcedor pode extravasar sua emoção. No entanto, o mesmo torcedor

terça-feira, 2 de setembro de 2014

FRASE, por Mario Gobbi

" - O grande erro não foi um erro... Você faz convicto de que vai acertar, e nem tudo dá certo. Por exemplo, eu não chamo de erro, mas é uma frustração grande o Pato não ter dado certo aqui no Corinthians. Pelo investimento feito nele, muito alto, 15 milhões de euros. Ele tem um potencial grande e nós esperávamos outra coisa do Pato (...) E nós queremos o bem do Pato, que ele jogue, faça gols, aproveite todo o seu potencial. Ele é jovem. Já que não tivemos o futebol dele, pelo menos vamos recuperar o rico dinheirinho... "
(Mario Gobbi, presidente do Corinthians, sobre o mau desempenho do atacante Alexandre Pato em seu time e o empréstimo do jogador para o rival São Paulo).

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

FRASE, por Jorge Henrique

" - Eu acho ótimo. Fico feliz."
(Jorge Henrique, atacante do Internacional, sobre a situação ruim do Palmeiras no Campeonato Brasileiro, autor do gol da vitória de seu time sobre os palmeirenses por 1 x 0, no estádio do Pacaembu, pela 18ª rodada).

domingo, 31 de agosto de 2014

NA HORA DA PESQUISA, QUEM É O TORCEDOR?


Na semana que passou foi divulgada a mais recente pesquisa em nível nacional sobre torcidas, realizada pelo instituto Ibope e encomendada pelo jornal esportivo "Lance!".
Pela metodologia utilizada, esse tipo de pesquisa é superficial. Por quê?
Primeiramente, porque é necessário distinguir o torcedor do simpatizante.
Será que o Flamengo, mesmo com o advento da internet e a transmissão massiva pela TV dos torneios europeus, possui realmente mais de 32 milhões de torcedores? Todas as pessoas que responderam a pesquisa e que dizem torcer para o Flamengo sabem pelo menos o nome de quatro jogadores do atual elenco? Todas sabem dizer contra quem será o próximo jogo e quando e qual foi o último título conquistado pelo clube? Então seria justo a pesquisa classificar quem não sabe o básico de seu "time do coração" como um torcedor?
Torcer para um time porque é o mesmo do pai, do irmão, do namorado ou do marido não faz alguém "torcedor". No máximo, um simpatizante. Gosta daquele time por influência direta ou indireta.
Exemplo: Meu avô (que Deus o tenha) era corintiano fanático. Teve oito filhos, entre homens e mulheres. Um deles é corintiano. O restante se dizem corintianos. Porém, mal sabem quem é o atual goleiro da equipe. E se no almoço de domingo eu perguntar se "o Dentinho deve ser titular no jogo das 16h00", responderão que sim. São torcedores? Para o Ibope, sim.
Uma partida importante do Corinthians sendo transmitida ao vivo na tarde de domingo e a TV sintonizada em algum programa de auditório. Então são esses torcedores que representam os corintianos em uma eventual pesquisa?
O Flamengo, por exemplo, criou uma enorme campanha institucional para angariar 60 mil associados nos últimos dois anos. Por que tanto esforço para um time que possui mais de 32 milhões de torcedores espalhados pelo Brasil inteiro?
Uma pesquisa confiável deveria ter acuracidade maior para identificar quem são, de fato, os torcedores de um clube e não apenas anotar em uma planilha o nome de uma equipe que uma pessoa escolheu por um motivo qualquer. Afinal de contas, o Brasil é o "país do futebol" e, sendo assim, todo brasileiro precisa então ter um time para "chamar de seu", correto? É mais uma questão cultural do que de identificação com o clube para o qual diz torcer.
Qualquer pessoa pode gastar R$ 200 para comprar uma camisa oficial e se dizer "torcedor". Mas também precisa saber onde e contra quem seu time vai jogar na próxima rodada, além de como está sua situação no campeonato. É o mínimo para ser classificado como torcedor. Por que os torcedores são "clientes em potencial" de um clube, ao contrário dos simpatizantes. Os torcedores consomem, vão aos estádios, geram audiência, acompanham e compartilham tudo sobre seus times. Os simpatizantes só ouvem falar.
Outro dado curioso da atual pesquisa: a torcida do Atlético-MG ultrapassou a do Cruzeiro. Só por que o ex-time de Ronaldinho Gaúcho ganhou um título expressivo em 2013 depois de décadas? Se for assim, porque então o Flamengo continua sendo o time brasileiro mais "querido" apesar das campanhas sofríveis na última década?
A paixão por um time de futebol não pode ser explicada por números ou estatísticas. Se torce pelo time pela capacidade que ele possui de mexer com nossas emoções e não por que está mal ou bem nas competições que disputa, tampouco porque ele possui mais ou menos torcedores. Não se mede uma torcida por seu tamanho numérico, mas pela força do sentimento de cada torcedor, que são somados individualmente. Aí se tem uma torcida no sentido próprio e não no sentido figurado.
O Flamengo é o time de maior torcida, depois vem o Corinthians, seguido pelo São Paulo, etc. Isso eu já sei desde quando jogava no campinho com bola de capotão. Contudo, esses números jamais me fizeram "mudar de lado" mesmo durante um longo jejum de títulos, quando meu time sequer ganhava um torneio de par ou ímpar na esquina.
Por essas e outras razões, é difícil confiar em uma pesquisa que pode fazer mudar de lado ou  desaparecer torcedores de um time. A não ser que os tais "desertores" sejam meros simpatizantes.
Pesquisas sobre torcidas deveriam ser bem mais substanciais. Da forma como são elaboradas, servem apenas para confirmar ao mercado que um determinado time pode ser mais "rentável" que outro e, baseados nisso, para os empresários escolherem em quais uniformes vão estampar suas marcas. Também podem ser a"referência" utilizada pelas emissoras para mensurar o espaço de cada clube em suas grades de programação. E para a dona dos direitos de transmissão dividir as cotas de televisão entre eles. Ou então para definir quantas páginas dos jornais devem ser destinadas para esse ou aquele time.
Mas para o torcedor de verdade, que não vê o futebol apenas como negócio, pesquisas como essa não servem para nada.

Pesquisa "Lance!Ibope" sobre os 18 clubes com maiores torcidas do Brasil: http://nolance.net/1tUcl6d

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O ATLETA E O BOLEIRO


Para cair nas graças da torcida, um jogador precisa ser protagonista. Para o bem ou para o mal. Muitas vezes, para o bem e para o mal.
Mas, afinal, o que é mais fácil? Ser um bom moço, artilheiro, vencedor, profissional, que “sabe falar direitinho e tem todos os dentes na boca”? Ou ser um ídolo polêmico, o vencedor provocador, marrento e vilão?
Existem os atletas e existem os boleiros.
Ambos com o mesmo propósito dentro de campo, porém de estilos muito diferentes. Cada um ocupa um espaço e um sentimento reservado no coração dos torcedores. No fundo, o torcedor sabe distinguir a importância de cada um, adora os dois e não consegue imaginar o time sem eles.
O atleta treina diariamente, é moderado nas palavras, cumpre todas as ordens táticas.
O boleiro normalmente fala e faz o que quer, dentro e fora de campo. É irreverente, o porta-voz do elenco, debochado, divide sua própria torcida. Até resolver um jogo, fazer o gol da vitória num clássico, decidir um título e caçoar do rival nas matérias do noticiário.
O atleta se dedica bastante no treinamento de sexta. O boleiro prefere a balada de sexta. E ambos são ovacionados pela torcida no domingo.
Boleiros tem momentos de heróis e lampejos de estupidez. Fazem jogadas de craque, marcam gols importantes e, de repente, mordem o ombro do jogador adversário. Possuem legiões de fãs. E também de desafetos.
No entanto, os boleiros acabam se tornando ídolos e são tolerados até pelos próprios adversários "mordidos" de raiva. Porque o futebol precisa deles.
E se tivéssemos apenas Didas, Kakás, Caio Ribeiros e Bebetos?
Qual seria a graça do futebol sem os Edmundos e os Romários? Sem os Marcos e Maradonas? Sem os Ibrahimovics e Luis Fabianos?
O futebol não teria a dimensão que possui, nem despertaria essa paixão tão emblemática.
O ídolo erra e acerta, torna a errar e se regenera de novo. Um ciclo quase vicioso que leva torcida aos estádios, que gera audiência, que instiga a rivalidade, que conduz ao delírio.
O atleta faz gols em muitos jogos. Mas certamente gols e partidas inesquecíveis tiveram ele, o boleiro, como protagonista.
O atleta também vive de jogos e gols. Mas o boleiro vive de emoção, de declarações polêmicas, de farpas, de provocações, de dancinhas, de coreografias. Até de gols. No caso, aquele gol. O atleta faz gol quando o placar está 2 x 0. O boleiro faz o gol salvador e sai em disparada no sentido da torcida adversária, dedo em riste pedindo silêncio, batendo forte no escudo do peito, com sorriso de deboche.
O atleta faz parte do time. O boleiro geralmente é a referência do time.
O atleta é apaixonado. O boleiro é apaixonante.
O atleta dribla. O boleiro chama pra dançar.
O bom e velho boleiro faz a jogada inesperada, a pedalada, a letra, o arremate improvisado e certeiro, a plástica, o teatro, a firula, a arte, a molecagem.
O atleta transpira para o boleiro se inspirar.
Na hora do sufoco, jogo acirrado, os atletas tocam a bola para o boleiro. E lhe dizem:
– Está contigo, resolve essa parada aí...”
Há atletas que são craques indispensáveis, porém quase sempre previsíveis. Eu gosto e prefiro o futebol dos boleiros.
Porque futebol é isso, é pura rivalidade, é alegria, é alma, é o que vem de dentro para fora. É emoção. Se não puder mais ser assim, vira jogo de tênis e perde toda a graça.

" - Se eu tivesse levado uma vida regrada como atleta, eu teria feito muito mais gols (...) Mas tenho consciência de que tudo foi muito divertido."
(Romário, ao anunciar o fim de sua carreira como jogador em 2008).

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O DOMINGO DE GANSO E GABRIEL


Em comum, Paulo Henrique Ganso e Gabriel Barbosa têm o clube em que ambos cresceram e foram projetados para o futebol.
Ganso, um pouco antes. Gabriel, neste momento.
Paulo Henrique Lima, que depois se tornou Ganso, fez parte da terceira geração de Meninos da Vila que conquistou títulos e encantou o país ao lado de Robinho, Neymar, André, Wesley e companhia. Foi decisivo e maestro de um time que jogava um futebol ofensivo, ousado, de toque de bola envolvente e que fazia muitos gols. Atrapalhado por seguidas lesões e com rendimento em declínio, entrou em rota de colisão com a torcida e dirigentes. Em meio à desavenças e desafetos, a lua-de-mel acabou, foi taxado de mercenário e deixou o clube que o revelou sob moedas atiradas por torcedores que tanto o idolatraram um dia. Ressentido e após uma novela quase interminável, foi jogar no rival na expectativa de logo partir para algum clube grande da Europa, o que sempre foi seu maior desejo.
Gabriel começou a aparecer quando Ganso desapareceu. Fez fama ainda na base, a Jóia sendo lapidada, a esperança sempre acesa de que existe algo de misterioso naquele lugar tão abençoado pelos deuses do futebol, onde o raio costuma cair com certa freqüência. A safra de novos meninos não era tão boa quanto a anterior do colega Paulo Henrique Ganso, mas aquele jovem tinha algo diferente, se sobressaía, era atrevido, driblava, sabia fazer gols. Tinha o DNA daquele lugar. O mesmo de Ganso.
Na tarde ensolarada de um domingo de agosto, pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro, o estádio do Morumbi aplaudiu a redenção de Paulo Henrique Ganso. E viu mais uma molecagem desses meninos tão atrevidos que sobem a serra. Meninos que já sambaram sobre o escudo e que tantas vezes dançaram em frente à torcida dos donos da casa, que bateram pênalti com irresponsável paradinha sem tomar conhecimento de quem estava a sua frente, que já fizeram gol de letra, que driblaram, que sorriram, que provocaram como Gabriel após bater o pênalti neste domingo de sol. Rogério de um lado, bola do outro. Dedo em riste pedindo silêncio à torcida. Bate-boca com o goleiro-artilheiro. A juventude desafiando a experiência. De novo. Um menino que pela ousadia tão peculiar desses que vêm da Baixada já se candidata à ídolo. Talvez ainda nem tanto pelo que faz com a bola nos pés, mas pela personalidade e o novo capítulo de audácia naquele palco tão acostumado às provocações desses indigestos visitantes.
O domingo que também foi de Ganso. O golaço, a comemoração efusiva, com raiva, gritante, que devolveu ao são-paulino o talento que havia sido trocado pela raça. O momento da libertação, da vingança contra aqueles que o rejeitaram, talvez até mesmo daquela criança que tirou a mão ao cumprimentá-lo no primeiro jogo por seu novo time em sua ex-casa. O momento de passar a borracha no jogador problemático, questionado e irregular. O momento de devolver as moedas atiradas sobre ele com juros. A hora de provar que o talento sempre prevalece. Como nos velhos tempos, quando estava do lado dos meninos abusados como ele.
O domingo em que o brilho de Ganso se libertou das amarras do rancor. Da vingança do craque incompreendido.
O domingo de um Gabriel audacioso, vilão, motivo de piada, provocador, que divide sua própria torcida. Que pretende ter uma história para contar.
Um domingo com todos os ingredientes da essência do futebol.

sábado, 23 de agosto de 2014

NO BAR DE SEMPRE, O DE QUASE SEMPRE. E UM BRINDE AO CENTENÁRIO.

E lá estavam eles, sentados no bar de sempre, falando sobre o de quase sempre.
“ - É, mermão. Aqui não é time de colina não. Aqui é Nação! E tem gente aí que vai passar o centenário na berlinda, aquela maré de novo”, disse ironicamente o que vestia uma camisa rubro-negra, aliás, o mesmo que não aparecia no bar há tempos.
- Pode ser. Eu parei de acompanhar. Não adianta ficar sofrendo enquanto um punhado de jogadores não honram a camisa que vestem. Se fosse no tempo de Dudu, Ademir e Luis Pereira, esses perebas de hoje não jogariam não”, desabafou o torcedor cujo time passaria o aniversário de 100 anos no rodapé da tabela.
- Eu sinto cheiro de título”, disse o outro de camisa tricolor, que outra vez voltou a sonhar.
“ - Título? Há uma semana você estava aqui mesmo nessa mesa pedindo a cabeça dos jogadores e do técnico porque foram eliminados da Copa do Brasil. E de novo para um time do interior”, indagou o alvinegro, eufórico com a realização do sonho da casa própria.
- Não esquenta. Na próxima derrota já voltam a criticar todos no clube, do massagista, passando pelo atacante 'fabuloso' ao presidente”, retrucou o de camisa branca, com o nome de Robinho estampado nas costas.
- É que não enxergamos as pedras menores e tropeçamos”, tentou justificar o tricolor.
- Então melhor usar óculos, brother. Porque já não haviam enxergado antes Ponte Preta e uma tal de Penapolense”, lembrou o rubro-negro a contragosto do “soberano” sentado à mesa.
" - Oi? Parece que ouvi alguém me chamando?”, perguntou o de verde.
" - Deve ser o Cruzeiro, só que está tão longe que você não consegue enxergá-lo”, tripudiou o carioca para todos rirem.
" - Mas o que estão fazendo com seu time, hein? Em busca do tri-campeonato da Segunda Divisão?”, disparou o gaúcho de vermelho ao que “segurava a lanterna” do torneio.
- Boa pergunta. Já tivemos há pouco tempo um economista dirigindo o clube. Só ilusão. Agora um presidente jovem, empreendedor, junto com um gerente renomado, especialista em gestão. Porém, estamos de novo nesse sufoco.”
- Entre o economista e esse empreendedor teve um que foi flagrado na praia, saboreando uma água de côco bem gelada, no dia seguinte ao segundo rebaixamento do time, lembram?”, comentou rindo o alvinegro de Itaquera.
- Estava bastante preocupado com a situação do time, com certeza, né?”, cornetou o gaúcho.
- Saudade da leiteria?”, provocou o tricolor para gargalhada de todos, referindo-se à Parmalat, empresa italiana que comandou o Palmeiras na década de 90, no período em que o clube mais conquistou títulos.
- Mas o nosso centroavante faz mais gols que um tal de Damião, um mico que custou a bagatela de R$ 42 milhões”, alfinetou o alviverde, para mais risada de todos.
" - Verdade. Mas falando em centroavante, que bela troca vocês fizeram, né?" rebateu o "menino da Vila", já não mais tão menino assim, claro. E emendou:
" - Trocaram o Alan Kardec pelo Alan Terna", para delírio do bar em gargalhada.
“ - Mico mesmo é o tal do Mago, aquele que desaparece quando precisa jogar. Já deve estar voltando para a Disney, de chinelinho”, cutucou o torcedor alvinegro da zona leste.
- Pelo menos estamos terminando nossa casa com nosso suor. Não recebemos estádio doado pelo programa 'Minha Casa, Minha Vida', como foi feito para a comunidade de Itaquera”, disse o torcedor alviverde, novamente para risada geral de todos.
- Somos o time do povooo!”, berrou o incomodado alvinegro.
O de camisa imaculadamente branca pediu então mais uma rodada de cerveja e convocou um brinde em homenagem ao centenário do time verde.
Antes, fez um breve discurso:
- Um brinde aos 100 anos do time que um dia já foi Verdão. Afinal, é muito mais raro e mais difícil ser tri-campeão da Segundona do que ser campeão da Libertadores!
Todos brindaram e beberam sorrindo, comemorando uma paixão que somente o futebol é capaz de proporcionar. Porque das coisas menos importantes da vida, o futebol é a mais importante.