terça-feira, 15 de novembro de 2016

POR QUANTO TEMPO MESSI AINDA VAI BRILHAR?

*por Adriano Oliveira

Lionel Andrés Messi, aos 29 anos, já entrou definitivamente para a história do futebol. Tem seu lugar cativo na galeria dos melhores jogadores de todos os tempos.
É atualmente a grande estrela em nível internacional e o maior artilheiro do Barcelona e da seleção argentina, com mais de 500 gols marcados. Para se ter uma ideia do que tal feito significa, basta lembrar que o segundo maior goleador da história do time catalão é Cesar Rodriguez, que atuou por 16 anos com a camisa azul-grená (entre 1939 e 1955) e contabiliza "apenas" 232 gols, ou seja, menos da metade dos gols anotados por La Pulga. Há 12 anos jogando no time principal do Barcelona, Messi já fez 469 gols, uma incrível média de pouco mais de um gol por partida. Com a camisa da Argentina, são 56 gols em 115 jogos, ou mais de dois gols por partida, marca que o consagra como o maior artilheiro da seleção de seu país.
Nada mal para um meia-atacante de 1m70 de altura. Mas até quando La Pulga vai brilhar?


Há pouco mais de dois anos, meses antes do início da última Copa do Mundo, Messi declarou que "2014 era o ano da Argentina". Tinha mesmo tudo para ser, uma vez que sua seleção navegou em maré mansa pelas Eliminatórias e obteve de forma tranquila o passaporte para o Brasil. Ademais, a seleção argentina, mesmo na escassez de títulos que dura mais de duas décadas, sempre será considerada favorita, assim como outras seleções tradicionais como Alemanha, Itália e Brasil. Em maior ou menor grau de confiança, independentemente do momento, sempre haverá respeito pelas camisas dessas seleções, que não são e nunca foram "coadjuvantes", como eram Espanha e França, por exemplo, até pouco tempo atrás.
Passou bem perto, mas 2014 não foi o ano da Argentina. Por uma questão simples: ainda não foi a "Copa do Messi". Ele até fez boas apresentações, foi o destaque do time e peça fundamental para colocar sua seleção na grande final diante da Alemanha, justamente no palco em que os argentinos mais sonharam a vida toda para serem campeões do mundo: o Maracanã. Contudo, no momento mais importante de sua vitoriosa carreira, Lionel Messi não foi decisivo. Lhe faltou o protagonismo de Diego Maradona. De Zinedine Zidane. De Romário, Ronaldo e Matthäus.
É claro que o revés na final não apaga sua trajetória brilhante no futebol. Ao mesmo tempo que não exaltar Messi soa como um absurdo tão grande quanto compará-lo a Pelé, o que faz muita gente da geração PlayStation.
Dois anos depois, Messi decidiu abandonar sua seleção após novo fracasso, dessa vez na Copa América Centenário, disputada nos Estados Unidos e decidida nas cobranças de pênalti contra o Chile. A caminhada do meio de campo até o abatedouro, à marca da cal dentro da grande área, a onze metros do gol, lhe fez repensar sua condição de "salvador da pátria" de uma grande seleção que não levanta um troféu há 23 anos. O pênalti perdido, a bola para cima, muito longe do alvo. Como se já não bastasse, o argentino vê do outro lado do oceano Cristiano Ronaldo, seu maior rival dentro das quatro linhas, se consagrar campeão europeu liderando e carregando nas costas a limitada seleção de Portugal.
Cristiano, o midiático herói lusitano com certificado de excelência. E Messi, o maior jogador do século 21 até aqui, um vilão para seus súditos argentinos?
Os Deuses da Bola estariam cometendo mais uma de suas intermináveis injustiças ao não permitir que Messi seja protagonista de uma conquista por sua seleção? Tal qual aconteceu com Zico, o maior camisa 10 brasileiro depois de Pelé, que também não conseguiu tal façanha?
Após perder três finais em três anos seguidos, Messi desistiu da seleção. Mas, de joelhos, o técnico Edgardo Bauza logo o convenceu a voltar. Eis que surge então o mais novo capítulo de um drama. Dessa vez pelas Eliminatórias, no Mineirão, local do fatídico 7 x 1 que ainda não acabou para boa parte dos brasileiros. A seleção de Tite castiga impiedosamente a Argentina de Lionel Messi por 3 x 0 com direito a festa e olé. Apagado em campo, Messi lamenta mais uma vez outro tropeço. A cada saída de bola depois de cada gol do Brasil, todos os olhares do mundo se direcionam para ele. Era inevitável não procurar a reação do argentino. Cabisbaixo, de semblante sisudo e abatido, olhando fixamente para algum lugar no vazio, talvez buscando uma explicação para seu desempenho em jogos importantes de sua seleção.


Até quando Lionel Messi vai jogar o mesmo futebol que o tornou cinco vezes o melhor do planeta? Será que Messi já chegou ao seu auge no futebol? Será que ele e a Argentina estarão na Rússia em 2018? E se ele estiver, estará desfilando o mesmo talento de hoje?
A história do futebol mostra que os grandes craques têm um período de esplendor que geralmente não dura por muito tempo. Ronaldinho Gaúcho, que também brilhou no mesmo Barcelona de 2004 a 2006, talvez seja o melhor exemplo disso.
Sendo assim, por quanto tempo Lionel ainda vai brilhar em alto nível? O que falta para o astro do Barcelona assumir seu protagonismo dentro de uma seleção recheada de craques? A Copa da Rússia tem de ser, para ele, a sua Copa do Mundo. Porque, provavelmente, será a última. Se conseguir essa proeza, La Pulga poderá finalmente conquistar a "identificação" com sua seleção e seu povo, algo que o mais europeu dos argentinos ainda não possui. Mais do que isso, Lionel ocupará para sempre seu posto no seleto grupo dos gênios da bola. Sim, pois o Olimpo do Futebol diferencia os gênios dos craques.
Além disso, gênios são decisivos. Especialmente para as suas seleções.




Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.

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