terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A SUPREMACIA DO JOGO BONITO E CIENTÍFICO


O River Plate bem que tentou.
Correu, lutou, se esforçou em conter o ímpeto do melhor time de futebol do mundo.
Tamanho esforço durou 35 minutos. E até que foi bastante. O time argentino não reúne condições físicas e especialmente técnicas para aguentar por mais tempo. A velha tática de destruir ao invés de construir não durou tanto. O River até conseguia com forte marcação cortar espaços e retomar a bola em algumas investidas do Barça, mas não sabia o que fazer com ela, limitando-se a mantê-la pelo menos longe de sua defesa. O Barcelona, ao contrário, sabia exatamente o que fazer com e sem a bola, usando toda a paciência desse e de outros mundos.
E poderia ser pior para o time de Marcelo Gallardo, caso fosse o Barcelona de 2011, aquele que goleou o Santos por 4 x 0 com ares de crueldade. A geração de Valdés, Abidal, Puyol, Xavi, Iniesta e Messi, comandada por Pep Guardiola, que curiosamente só não foi maior que o próprio Santos de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, o genial time brasileiro que permaneceu por muito mais tempo no auge.
O time catalão de quatro ou cinco anos atrás era mais cerebral e principalmente mais solidário. A atual equipe azul-grená com Neymar, Suárez e Messi é mais "irresponsável", o que também não a torna menos brilhante. Hoje cada estrela desse ataque dos sonhos quer fazer uma jogada de craque e deixar o seu gol de placa, seja num jogo decisivo ou apenas para cumprir tabela. No time de 2011, todos jogavam em função do coletivo, do conjunto, do esquema tático, e os gols saíam naturalmente, muitos gols. Mas o trio de ouro que hoje parece brincar em campo e que muitas vezes peca pelo excesso de preciosismo é o mesmo que faz a diferença na hora exata, que mata o adversário no momento certo. É só uma questão de tempo. Algo mais do que provado na final do Mundial de Clubes contra o esforçado River Plate, que depois de levar o primeiro gol passou somente a correr atrás da bola que, por sua vez, corria rápida de pé em pé do outro lado. Um sincronismo no toque de bola do time treinado hoje por Luiz Enrique que continua a impressionar até mesmo quem não gosta de futebol. Uma espécie de marca registrada dos catalães. Um conceito de futebol que é determinante e que faz todos os jogadores raciocinarem da mesma forma, sem falhas, mesmo com dois argentinos, dois brasileiros, um uruguaio e um chileno no time titular. O futebol no estado da arte: científico e bonito.
O placar de 3 x 0 ficou barato para o River, assim como o de 4 x 0 ficou para o Santos há quatro anos. Afinal, a supremacia do futebol mundial é, ainda, do fantástico time da Catalunha. Sorte do time sul-americano que, talvez por um capricho dos deuses da bola, não o encontrou nos últimos cinco anos perante os olhos do mundo.


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