quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A ETERNA PRIVAÇÃO DO ZAGUEIRO ABSOLUTO

*por Priscila Ruiz

Olá amores, tudo bem? Quanto tempo! Feliz Ano Novo para vocês!


Eu não poderia voltar à cena com outra pauta que não fosse Diego Lugano e não só pelo fato das exaustivas especulações dos últimos dias, mas em especial pelo duro embate técnico que o retorno do zagueiro ao São Paulo tem proporcionado à minha razão e emoção.
Muito se fala que um zagueiro absoluto é aquele da velha guarda, que tenha presença de meter medo e que saia de campo sangrando ao final da partida. Inclusive, dizem que zagueiro de verdade tem que ser feio (discordo totalmente...rsrs), desarrumado e se torna um expert, quando se livra da pelota chutando para o lado em que estiver virado.
Por falar nisso, para a maioria dos zagueiros, ter a bola nos pés pode ser um caos. O tal do zagueiro é aquele cara que vai sofrer a eterna privação de ser a estrela do time, mesmo que seja a única, mas não será afetivamente reconhecido como merece. Afinal, é ele que é exaltado pela bicuda para o mato e é ele também que a torcida execra por um recuo mal feito ou um pênalti cometido.
Sim, o futebol foi e é assim e todos nós, torcedores apaixonados de ontem e hoje temos a síndrome do coração peludo. Contudo, temos até certo ponto.
Lugano é inegavelmente daqueles jogadores que podem não estar no rol de ídolos máximos, mas também é impossível esquecê-lo. O zagueiro é símbolo de entrega e traduz em campo a raça tradicionalmente portenha que tanto admiramos. Afinal, é lindo acompanhar a UCL, mas é uma delícia assistir à Libertadores.
Em tempos de um futebol brasileiro morno e principalmente, com o time do São Paulo desprovido de alma, ele vem apenas com a responsabilidade de resolver todos os problemas da defesa do time? Claro que não.
Ele vem com a árdua missão de apoiar na retomada de valores inegociáveis que o time precisa demonstrar em campo. Ele tem o compromisso de fazer valer o investimento, afinal a taxa cambial está posta, assim como a situação financeira vivida pelo clube. Ele ganha a chance de resgatar a si próprio, pois é um trintão que não tem passado recente de êxito. Ele aponta como dono do coração carente da torcida sampaulina, ávida por ter aos olhos um time honrado e novas histórias de glória para se orgulhar.
Em minha modestíssima e racional opinião, faltam a Lugano alguns requisitos técnicos que correspondam a um ideal tático de futebol, tais como imprimir velocidade no início da armação das jogadas e jogar em uma linha defensiva adiantada. Mas, qual é o ideal tático de futebol hoje em dia no Brasil? Não tenho convicção nessa resposta, só sei que não é o que jogam Lucão e sua trupe, com todo o respeito a eles. Pronto, a emoção empatou a partida.
Se o jogador do Presidente de outrora se transformou no jogador da torcida, a raça, neste caso pode e deve prevalecer à técnica. Um time não se faz de um só elemento.
Aliado a um outro cenário no clube, com novo técnico e sem a presença marcante de Rogério Ceni, que venha Lugano e que tenhamos um mínimo discernimento, pois será um trabalho que continuará exigindo paciência na busca da identidade e unidade desse time para reconquistar o caminho das vitórias.
Sozinhos, vamos rápido. Mas, juntos, vamos longe.
Bora torcer e assistir aos próximos capítulos dessa aventura.

Um beijão e até a próxima!



* Priscila Ruiz é advogada, especializada em Segurança e Direitos Humanos. E para ela "la vida es aquello que sucede cuando no hay fútbol". Ou seja, sim, ela é loucamente apaixonada pelo esporte bretão. Contribui com o AL MANAK FC através de sua opinião inteligente e analítica.

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