Disputar o Campeonato Paulista é mais lucrativo para os clubes grandes do que a tão cobiçada Copa Libertadores da América. Isso mesmo, você não leu errado. Os 4 clubes grandes de São Paulo recebem cada um R$ 7,5 milhões da Federação Paulista de Futebol para participar do torneio e o campeão ainda recebe mais um prêmio extra de R$ 2 milhões, totalizando neste caso um valor recebido de R$ 9,5 milhões. Já na Copa Libertadores, a Conmebol (Confederação Sulamericana de Futebol) paga R$ 3,080 milhões se o clube chegar às finais e mais R$ 2,310 milhões para a conquista do título, ou seja, o clube campeão sulamericano recebe R$ 5,390 milhões, quase metade do que recebe o campeão paulista. Fora o dinheiro arrecadado com renda, que somente nas semifinais e finais do Paulista chega a cerca de R$ 3 milhões para os clubes grandes. Vale lembrar também que no Paulistão, os clubes viajam somente dentro do Estado de SP, ao contrário da Libertadores, onde os clubes têm de fazer longas viagens por toda a América do Sul e algumas vezes necessitam até fretar aviões, que custam em média R$ 400 mil por frete. Um frete de avião de São Paulo até o México, por exemplo, custa aproximadamente R$ 800 mil para uma delegação.
Para se ter uma idéia de quanto o valor pago pela Conmebol é insignificante, a UEFA (Confederação Européia de Futebol) paga R$ 20 milhões para um clube que dispute somente a etapa de grupos da Copa dos Campeões da Europa, ou seja, 4 vezes mais que o campeão daqui recebe. Dos 700 milhões de euros que a UEFA arrecada anualmente com as receitas da Copa dos Campeões, 530 milhões de euros são destinados aos clubes que participam do torneio, que equivale a R$ 1,245 bilhão. Deste lado, a Conmebol arrecada e divide R$ 35 milhões entre os clubes que participam da Copa Libertadores, ou seja, o valor arrecadado anualmente na Libertadores equivale a menos de 3% do valor destinado aos clubes da Copa dos Campeões da Europa. A Conmebol tenta explicar a astronômica diferença de valores em razão da desigualdade econômica entre os dois continentes. Só que nos últimos 15 anos, o PIB da América Latina mais que dobrou, enquanto os valores repassados pela entidade sulamericana aos clubes permanecem os mesmos desde 1995. A vantagem dos clubes brasileiros é que a Libertadores possui bastante visibilidade no lado esportivo e por isso os contratos de patrocínio com empresas e as cotas de televisão são expressivos, além da arrecadação com renda, uma vez que é enorme o interesse do torcedor brasileiro pelo torneio sulamericano. Esse é um dos motivos que o Corinthians, por exemplo, cobra R$ 200 por uma numerada descoberta, R$ 300 por uma numerada coberta e R$ 500 no setor Vip quando joga pela Libertadores no estádio do Pacaembu. Na partida contra o Independiente Medellín-COL, por exemplo, o público no Pacaembu foi de "apenas" 29.541 pagantes, mas com uma renda expressiva de R$ 1,877 milhão. Tudo para salvar o lucro.
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