segunda-feira, 18 de março de 2013

ALGO DE ERRADO NOS ARES DO MORUMBI

Alguma coisa está errada nos ares do Morumbi. O São Paulo encerrou a temporada de 2012 como campeão da Copa Sulamericana, passou pela "temida" Pré-Libertadores no começo deste ano e é o atual líder do Campeonato Paulista com uma partida a menos. Mas mesmo assim o cargo do técnico Ney Franco está na corda-bamba. Ovacionado pela torcida no fim do ano passado, o treinador é criticado menos de 4 meses depois. E o maior culpado de tudo isso chama-se Arsenal de Sarandí, um time médio da Argentina, que foi goleado em seu próprio país por 5 x 2 pelo Atlético-MG, mas que deu enorme trabalho para os são-paulinos: empatou por 1 x 1 no Morumbi e venceu por 2 x 1 dentro de seu estádio, se é que podemos chamar aquele local de estádio, pois mais parece um desses campos de escolinhas de futebol espalhados pelo Brasil.
O "todo-poderoso" Arsenal de Sarandí colocou o time do técnico Ney Franco numa encruzilhada: agora o São Paulo precisa vencer seus dois últimos jogos para não sair da Libertadores ainda na primeira fase, o que seria vergonhoso para uma equipe que antes era apontada como favorita para conquistar o torneio.
Mas Ney Franco já vem sendo questionado há algum tempo, desde que deixou o comando da seleção brasileira sub-20 para se apresentar no São Paulo. Primeiro alguns diziam que ele não treinava o time, que seu auxiliar era quem fazia essa tarefa e que ele, Ney Franco, somente escalava a equipe. Depois, o técnico teve uma discussão áspera durante uma partida com o goleiro e ídolo Rogério Ceni, por causa de uma substituição. No mesmo dia, disse em tom enfático na entrevista coletiva que "não aceitava interferências em seu trabalho e que não gostou da atitude do goleiro". Passada a turbulência com Rogério, veio a desconfiança do próprio presidente Juvenal Juvêncio, incomodado pelo fato de Paulo Henrique Ganso não ser titular nos jogos do Campeonato Paulista. Antes do clássico contra o Santos, na Vila Belmiro, Ney Franco teria dito que o meia teria uma sequência de jogos no Paulistão, para adquirir mais confiança e ritmo de jogo. Com a derrota de seu time por 3 x 1, isso não aconteceu, e já na partida seguinte Ganso foi sacado do time titular. Tal decisão irritou o presidente são-paulino. No clássico contra o Palmeiras, o próprio Ganso ficou visivelmente insatisfeito ao ser substituído no 2º tempo, o que lhe valeu uma advertência verbal "indireta" do treinador. Outro que também anda insatisfeito é o veterano zagueiro Lúcio, que saiu do campo e foi direto para o ônibus após ser substituído em jogo da Libertadores.
Mais um ponto negativo são as atitudes inesperadas do atacante Luis Fabiano que resultam em expulsões, desfalcando o time em jogos importantes da Libertadores. Parece que o lado psicológico de Ney Franco não consegue conter os ânimos e orientar seus jogadores dentro de campo em situações de pressão.
Ney Franco é um bom treinador, fez um ótimo trabalho na seleção brasileira sub-20, conquistando um Mundial da categoria e classificando o time para as Olimpíadas de 2012. Mas ao que tudo indica tem dificuldade para trabalhar sob pressão num clube de grande porte, onde as cobranças são cotidianas. Por outro lado, também não consigo entender por que não colocar um jogador como Paulo Henrique Ganso como titular pelo menos nos jogos do Paulistão. É um pouco também pedir para ser vidraça. E por quê improvisar volantes nas laterais e com isso não olhar para o time de juniores, já que o São Paulo possui um "centro de excelência" para as categorias de base, o CT de Cotia, considerado a "Ilha de Caras" do futebol junior. Principalmente se tratando de um treinador reconhecido por dar oportunidades e trabalhar com jovens jogadores. A verdade é que o técnico parece ter perdido o comando sobre seus jogadores, não tem mais o "time nas mãos" e, se caso o São Paulo não vencer o The Strongest, na altitude boliviana, Ney Franco deve deixar o clube.
E como se não bastassem os problemas internos, nos bastidores o presidente Juvenal fica trocando farpas com outro ex-técnico do time, Emerson Leão. Que fase, hein Juvenal?
O resultado de tudo isso é o descontentamento e a impaciência da torcida, que no último jogo da equipe no Paulistão, mesmo com a vitória por 3 x 2 sobre o Oeste, vaiou impiedosamente seu time.
Sim, alguma coisa está errada nos ares do Morumbi.

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