sábado, 23 de março de 2013

MARADONA É MUITO MAIS QUERIDO DO QUE PELÉ


O povo brasileiro não é, como se sabe, patriota como o argentino. Ou melhor, atualmente é o povo menos patriota, politizado e ideológico da América Latina. Se tem os seus motivos ou não é uma outra história. Mas pelo menos no que diz respeito ao esporte, o brasileiro bem que poderia reverenciar um pouquinho mais os seus próprios ídolos, que são importantes e reconhecidos em todo o planeta.
Ayrton Senna, por exemplo. É bem menos querido do que poderia ser. Bem menos reverenciado. Tenho certeza de que na Europa o maior piloto de Fórmula 1 de todos os tempos deve ser bem mais badalado e homenageado até hoje do que por aqui. E no tênis? Apenas os aficcionados por esse esporte enaltecem e falam de Guga no Brasil. O cara é ídolo em Roland Garros, na França, por exemplo, mas não é querido com a mesma intensidade em seu próprio país. No boxe, no vôlei, acontece a mesma coisa.
Mas o pior mesmo é no futebol, onde o Brasil possui nada mais nada menos do que o maior nome do esporte mais popular da Terra: Edson Arantes do Nascimento, conhecido mundialmente como Pelé.
O Rei do Futebol não tem, nem de longe, o status e o reconhecimento que Diego Maradona possui na vizinha Argentina. Em jogos da seleção argentina, o que mais se vê nos estádios são bandeiras e faixas idolatrando o craque argentino. Os torcedores argentinos em geral, sejam do Boca Juniors, do River Plate, do Velez Sarsfield, do Independiente, etc, simplesmente veneram Maradona, em qualquer parte do país. No Brasil, a maioria dos torcedores parece não gostar de Pelé (até entre os boleiros parece que é assim). Na Vila Belmiro, por exemplo, em jogos do Santos não há nenhuma faixa ou placa em alusão à Pelé, maior ídolo da história do clube. Só se fala de Pelé na Vila Belmiro quando o mesmo está presente para acompanhar algum jogo importante ou decisivo, e as câmeras de TV mostram o Rei em seu camarote particular no estádio. Mais nada. Nem sequer um busto foi colocado na Vila em homenagem ao Pelé. Em partidas da seleção brasileira, amistosas ou oficiais, também não se vê nenhuma faixa na torcida em homenagem ao maior jogador de todos os tempos, que é brasileiro. E por sinal existem outros "homenageáveis". Temos também Garrincha, Didi, Rivelino, Zico, Sócrates, Falcão, Romário, Ronaldo, apenas para citar alguns nomes brasileiros expressivos do futebol internacional, que fizeram história em suas épocas. Mas não se vê nenhuma referência a qualquer um deles dentro dos estádios. Somente um pouco da "lembrança" de suas respectivas torcidas, em alguns jogos mais importantes de seus ex-clubes.
Na Argentina, mesmo com os problemas que teve em relação à dependência às drogas, Diego Armando Maradona é reverenciado como um Deus do futebol. É bastante querido também na Itália, onde jogou por muito tempo na década de 80, mas é querido principalmente em seu país. Sempre foi e será um mito.

2 comentários:

Unknown disse...

Apesar de admiradora oculta, como você sabe, dessa vez não posso deixar de comentar.
É, sem dúvida, um dos seus melhores textos. Parabéns!
Lúcido e certeiro. Muito se cobra do futebol brasileiro, do vôlei, e de outros esportes, mas o reconhecimento do brasileiro acontece apenas em eventos grandes. Coloca a camisa e quer resultado.
Não é assim. Não pode ser.
Falta reconhecimento. Daqueles que foram mito e daqueles que estão no caminho.

Um beijo!

Alessandro disse...

O brasileiro, de um modo geral, permite que a rivalidade fale mais alto e, talvez mais por causa disso, fecha os olhos para o reconhecimento de um ídolo. Se os nossos "gênios" tivessem nascido em outro lugar seriam mais bem queridos. Outro exemplo: se o papa fosse brasileiro e revelasse seu time do coração (como o papa argentino fez), muita gente não ia gostar dele só por causa disso...rs (sem contar que sobrariam "piadinhas" a respeito em redes sociais).
Muito obrigado pelo seu comentário, também concordo com você plenamente. Beijos!