segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

NA FINAL DO BRASILEIRO DE 95, O ÁRBITRO NÃO VOLTOU ATRÁS.


Dia 17 de dezembro de 1995. Lá estava eu juntamente com mais de 45 mil pessoas no velho Pacaembu, assistindo a final do Campeonato Brasileiro entre o Santos de Giovanni e o Botafogo de Túlio. Aos 34 minutos do 2º tempo, o placar mostrava empate em 1 x 1, o que dava o título nacional ao time carioca, já que na 1ª partida, disputada no Maracanã, o Botafogo havia vencido por 2 x 1. Uma  vitória simples daria o título aos santistas, pois tinham a vantagem do empate em número de pontos por terem feito melhor campanha. O Pacaembu pulsava, uma vez que uma vitória simples era mais do que possível para um time que fez uma partida épica nas semifinais diante do Fluminense de Renato Gaúcho, conseguindo a façanha de reverter um placar adverso de 4 x 1 no Rio, vencendo depois por 3 gols de diferença (5 x 2) no mesmo Pacaembu. Sim, o Santos tinha mais time e muito mais confiança do que o Botafogo.
Falta para o Santos do lado esquerdo do ataque. Após a cobrança, a bola cruzada na área e o atacante Camanducaia cabeceia firme, estufa as redes do goleiro Wágner e sai correndo comemorando em direção à torcida que pula e vibra. Era o gol do título. Só que não. O árbitro Marcio Resende de Freitas resolve anular o lance com a marcação de um impedimento inexistente. Na lateral do campo, o assistente permanece com o braço intacto e junto ao corpo, não sinalizando o tal impedimento que somente seu colega viu. Os jogadores santistas, indignados e inconformados com a anulação do gol decisivo, pressionam o árbitro e mostram o assistente, que nada assinalou. Categoricamente, Marcio Resende afirma: “ – Eu dei o impedimento. O gol está anulado.” O jogo termina empatado e o Santos, prejudicado pela decisão do juiz, perde o título brasileiro depois de uma campanha de total superação.
Quase 20 anos depois, o Santos de Leandro Damião enfrenta o São Paulo de Luis Fabiano, no estádio do Morumbi, pela 10ª rodada do Campeonato Paulista de 2014. O clássico, apesar de bastante disputado, caminha para o fim num empate sem gols. Aos 45 minutos do 2º tempo, o atacante santista Rildo é lançado em profundidade e, já dentro da área, é derrubado pelo zagueiro são-paulino Paulo Miranda. Sem titubear e imediatamente o árbitro Marcelo Aparecido aponta a marca da cal sinalizando pênalti. Jogadores santistas comemoram o que poderia ser o gol da vitória no clássico. De repente, jogadores são-paulinos correm em direção ao assistente que levantou a bandeira. O árbitro também vai em sua direção e, influenciado mais pela forte pressão de Rogério Ceni, anula o pênalti e confirma impedimento no lance marcado pelo assistente. O jogo termina 0 x 0.
Rildo realmente estava em posição de impedimento quando recebeu a bola resvalada pela cabeça de Leandro Damião. O assistente marcou corretamente a infração. E o juiz também marcou corretamente o pênalti. É bem verdade que, mais uma vez, Rogério Ceni praticamente "apitou" a favor de seu time, influenciando na decisão do juiz de anular o pênalti marcado. Ele está errado? Claro que não, isso também faz parte do jogo.
Agora perguntas simples: Qual o critério utilizado pela arbitragem? A decisão do árbitro é de fato soberana? O árbitro deve consultar seus assistentes antes de validar qualquer decisão dentro de campo ou depende de cada apitador? A consulta depende da importância de cada jogo?
Marcio Resende de Freitas (o que não voltou atrás) encerrou a carreira em 2005, como um dos árbitros brasileiros mais bem colocados no ranking da FIFA, tendo apitado na Copa do Mundo da França de 1998, além de Jogos Olímpicos.
Marcelo Aparecido Ribeiro de Sousa (o que voltou atrás) é árbitro há 14 anos e está no quadro da CBF há 8 anos.

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