sábado, 22 de fevereiro de 2014

SÓ OS CLÁSSICOS SALVAM OS TORNEIOS ESTADUAIS


Todo mundo sabe que os torneios estaduais não empolgam mais como antes. Baixo nível técnico, ingressos caros, horários ruins, fórmulas modorrentas. Até porque o regulamento favorece sempre os grandes, basta um mínimo de competência, já que o peso da camisa praticamente joga sozinho contra os modestos times do interior. É claro que acontece de um time pequeno surpreender um grande no meio do caminho, mas não serve como parâmetro. Os estaduais são "laboratórios" de pré-temporada, onde treinamentos são substituídos por jogos, digamos, "oficiais". Há o risco de lesões? Sim. Mas esse risco também existe em qualquer rachão.
Outra façanha dos estaduais: distanciar o torcedor de seu time. Flamengo 2 x 0 Madureira, por exemplo, jogaram diante de 2.487 pessoas dentro de um Maracanã assustadoramente vazio. Ou seja, poucos felizardos viram de perto o gol contra de Leozão a favor do time reserva do Flamengo.
Por outro lado, os Estaduais acabam se tornando um negócio complicado para os times grandes. Se for campeão, não fez mais do que a obrigação num "torneio que não vale nada". Se for mal, entra em crise.
Então do quê se pode realmente tirar proveito de um campeonato estadual?
Dos clássicos. Eles são as únicas atrações. Nos clássicos se reacendem a tradição e a rivalidade. Nos clássicos a motivação é outra, a pegada é outra, a atmosfera é outra. E é num clássico que todos podem avaliar como está a condição de uma equipe. Se o time está realmente preparado ou não para o que de fato interessa na temporada.
Estamos diante de mais um SanSão, no Morumbi. Com Luis Fabiano de um lado e Leandro Damião do outro, o clássico paulista seria promessa de muitos gols, certo? Neste momento, não. Seria se ambos não despertassem tanto a desconfiança de seus torcedores. E é justamente essa motivação que um Damião, um Luis Fabiano, um Danilo, um Guerrero, um Ganso, um Valdivia precisam. Jogar bem, fazer gols e decidir um clássico. Imagina se Paulo Henrique Ganso desencanta e faz uma grande partida contra seu ex-clube, o Santos? A impaciência dos são-paulinos fica para trás e o meia volta a cair nas graças da torcida, com apelos efusivos de "Olha o Ganso aí, Felipão!" Certamente, jogadores e comissão técnica terão bem mais tranquilidade para trabalhar depois de vencerem um rival numa tarde de domingo ou numa noite de quarta-feira. Da mesma forma que, do contrário, serão ainda mais cobrados. Vitória em clássico injeta mais confiança. Mas um revés injeta mais interrogações e mais pressão.
Como dizia o folclórico e saudoso Vicente Matheus, o mais corintiano de todos os presidentes do Corinthians, "clássico é clássico e vice-versa".

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