quinta-feira, 26 de junho de 2014

DE CHUTEIRAS, UMA PÁTRIA DE VERDADE.

O brasileiro desde sempre está reclamando de alguma coisa. Ou de quase tudo.
Para o brasileiro, tudo lá fora é melhor ou mais bonito.
Fala mal do trânsito, da polícia, da televisão. Dos partidos, dos políticos, da falta de ensino decente.
Da falta de açúcar no café, do prato que está frio, do sal na comida, das estradas, dos hospitais.
Do preconceito, dos impostos, do desemprego.
Da preço da gasolina, das promessas não cumpridas, das epidemias.
Do descaso do governo e da aposentadoria.
De tudo o que se tornou normal.
Mas durante a Copa o país é outro.
Nunca se vê tanta gente nas ruas vestida de verde e amarelo cantando, dançando e berrando o nome do Brasil pelos quatro cantos do país.
E assim se compreende a importância do futebol na vida das pessoas, em um país que tanto se liberta em 90 minutos.
Durante o hino nacional, a lágrima de cada brasileiro é verdadeira, e todos cantam alto e juntos para se comemorar tantas "voltas por cima", tantas batalhas vencidas, tantas idas e vindas pela corda bamba, tanta vontade de ficar ao invés de "dizer adeus".
No futebol todos estão juntos. Todos são um só. É onde as tribos se reúnem através de um denominador comum de vibrar, de extravasar, de sentirem-se parte de uma coisa só. O médico abraça o pedreiro, o advogado pula com o gari, todos celebram a bandeira, mesmo tendo apenas um motivo para amá-la: o futebol.
Na festa da Copa, a união de todos os brasileiros. Sejam brancos ou negros. Pardos ou amarelos. Pobres ou ricos.
Em dias de jogos da seleção, o buzinaço no caos do trânsito congestionado é como um cântico de arquibancada. E todos sorridentes ao volante. Churrasco em plena segunda a tarde? Empresas, comércio e escolas fechando mais cedo em plena terça-feira? Sim. E só para ver a seleção brasileira jogar.
O futebol faz o brasileiro se sentir mais orgulhoso, mais respeitado.
É produto de exportação. Genuinamente nacional.
E o brasileiro é exigente, bem diferente com tudo aquilo que é gratuito e feio em seu cotidiano. Se a seleção empata ou ganha de pouco, o time está mal. Se vence por goleada, é porque o adversário é fraco. Perder? Entra em crise na certa.
O encanto do futebol é tão fascinante que parte dos brasileiros reclama até do craque da seleção, um dos melhores do mundo. Idolatrado por torcedores de outros países. E questionado por brasileiros.
Como se vê, o brasileiro reclama até do futebol.
Mas se não for assim, ambos se tornam comuns e perdem toda a graça.
O brasileiro e o futebol.

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