quarta-feira, 25 de maio de 2016

AS CORES DE MIRÓ, OS TRAÇOS DE GAUDÍ – BARCELONA, MAIS QUE UM CLUBE!

*por Priscila Ruiz

Olá amores, tudo bem com vocês?

Eu me apaixonei pelo futebol como mais tarde me apaixonaria por alguém: de repente, inexplicavelmente, sem aviso, sem pensar no sofrimento e nos transtornos que aquilo ia me trazer. Há alguns anos, lendo o livro "Fever Pitch" me deparei com essa frase, a qual obviamente fiz ajustes e faz cada vez mais sentido.
E é sobre essa paixão arrebatadora que discorrerei hoje. O Futbol Club Barcelona. Mais do que uma escolha ou gosto, torcer pelo Barça está presente no DNA da minha família genuinamente catalã e que orgulhosamente também faz parte da história desse clube.
Dizer que a cidade de Barcelona é um museu ao céu aberto nunca foi um exagero. Contudo, a arte que se vê pelas ruas, nos parques, mercados e prédios foi além. A vibração das cores pulsantes das obras de arte e os traços geniais da arquitetura revivem também nas quatro linhas do Camp Nou.
Sempre se espera muito de um time desse, não só por seu retrospecto, mas por sua essência. E nessa temporada não foi diferente. Muito se falou se conseguiríamos repetir os feitos do sextete ou triplete, o que caiu por terra na derrota da Supercopa da Espanha para o Bilbao.
Mesmo assim, continuamos no centro das atenções dos que gostam e principalmente dos que não gostam. O Barça seguia irresistível até que, após o intervalo da data FIFA, no início de abril, o time sucumbiu. Os motivos claros da queda de produção? Não sei.
O sextete não veio, assim como o triplete. Contudo, a temporada não deixa de ser histórica e sim, não deixou de roubar os meus melhores sorrisos. Para poucas coisas nessa vida tenho um meio termo. Pode até ser um contraponto, mas sou o tipo de torcedora pragmática que consegue manter a chama do romantismo acesa.
Se colocar na ponta do lápis, os títulos do Barcelona ganham um sabor ainda mais especial. Perdemos Xavi e Pedro. Convivemos com as lesões de Bravo, Sergi Roberto, Iniesta, Neymar, Rafinha e Messi.
O título do campeonato espanhol foi ganho duas vezes. Na primeira, quando praticamente estabeleceu a vantagem que lhe rendeu folga e o “quase título”. E depois, nas últimas três rodadas, quando ganhou em seu cangote, os sussurros ávidos de Real e Atlético de Madrid.
E o grande destaque, de forma incontestável foi Luis Suárez para calar essa que vos escreve. Pois, eu não botei fé que o uruguaio vindo do Liverpool pudesse se encaixar no estilo de jogo blaugrano.
Desde 2009, Messi ou CR7 terminavam a liga como artilheiros, pois Luisito os superou. Mais que isso, foi o líder de assistências junto com Messi.
Messi vem sendo o protagonista máximo, mas se o Barcelona de Guardiola o fez brilhar luxuosamente com os coadjuvantes Iniesta e Xavi ao seu lado. Desta vez, ouso dizer que o trio MSN merece igualmente destaque, cada qual com a sua habilidade. Já sei que os odiadores de Neymar irão falar um monte, nem ligo... as respostas foram dadas em campo. E ele vai evoluir ainda mais.

Foram seis conquistas de título espanhol nas últimas oito disputadas. Período que coincide, quando Pep assumiu o time e estabeleceu uma filosofia que perdura, entra ano e sai ano, mesmo com vai e vem de técnicos e jogadores.
E a cereja do bolo veio no último domingo. Depois de ter sofrido horrores na quarta-feira na classificação do São Paulo frente ao Atlético Mineiro pela Libertadores, o meu pobre coração merecia melhor sorte.
O Sevilla veio babando embalado pelo tri da Liga Europa conquistado contra o Liverpool e simplesmente azedou a vida do Barcelona desde o início da partida. O tanto que o time da linda Andaluzia jogou, também bateu.
Perdemos Mascherano expulso cedo demais e Suárez lesionado. Luis Enrique fez o óbvio apavorante colocando Mathieu em lugar de Rakitic para recompor a zaga, a qual, diga-se de passagem, teve uma das melhores atuações de Piqué na temporada, assim como Ter Stegen que também fez defesas impecáveis.
Pois bem, a partida foi para a prorrogação. E eu já estava cega nessa altura. Times em igualdade numérica, pois finalmente o Sevilla teve a sua merecida baixa por expulsão.
E aí, meus amigos, o que digo, por vezes prevalece. De um time que tem Messi se pode esperar tudo, mas geralmente o que acontece é muito mais. E em duas assistências com as cores de Miró e o traçado de Gaudí, o argentino serviu os seus companheiros Alba e Neymar para sacramentar o 23 º título em oito temporadas.
Na última temporada vimos Messi como um goleador implacável, o que lhe rendeu a Bola de Ouro. Nessa tivemos o privilégio de assistir um camisa dez solidário que não deixa de marcar seus lindos gols, mas que possibilita os seus companheiros brilharem.
Se antes era comum receber a bola, jogando de costas para o seu adversário e girar para a arrancada, agora La Pulga trafega pela intermediária para colocar a sua genialidade a serviço, levantando a cabeça, enquanto carrega a bola contra o seu marcador. Calculista, preciso, frio.
Piqué em entrevista comentou que o ciclo vitorioso do Barcelona vai acabar, pois ninguém sustenta esse ritmo de sempre ganhar. Pois é.
Por mais dinâmico que o futebol seja, quando há uma filosofia que é respeitada e, na qual se busca a evolução, é possível que se sustente. Afinal, gigantes ficam minúsculos perto do desejo de ganhar que move esse time.
Aliás, não é só um time, uma camisa, uma marca. O Barcelona é mais que um clube.


Um beijão e até a próxima!


Priscila Ruiz é executiva, taurina sem meio termo e apaixonada por futebol. Possui o gosto doce do romantismo e o ácido de mulher ousada, sem jamais descer do salto. Uma indefinível lady catalã que respira e sente o esporte bretão. Para ela, "la vida es aquello que sucede cuando no hay fútbol".

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