segunda-feira, 9 de maio de 2016

CAMPEÃO E VICE JOGANDO FUTEBOL

*por Adriano Oliveira


Santos x Audax fizeram uma grande decisão.
Futebol bem jogado, bola de pé em pé, sem chutões, sem chuveirinhos. Futebol inventado, criativo. Cheio de passes, muitos passes. Passes certos. Com velocidade, triangulações e bastante movimentação. Acima de tudo, um futebol limpo.
No fim, o Alçapão da Vila Belmiro mais uma vez cumpriu seu papel: o Santos venceu por 1 x 0 e é campeão paulista pela sétima vez nos últimos dez anos.
Na decisão, o time da casa foi humilde e soube sofrer diante do Audax. Fez 40 desarmes e roubou nove vezes a bola. Jogou no contra-ataque, sob forte pressão dentro da Vila, em contraste com sua vocação ofensiva. Dorival Júnior sabia que essa era, talvez, a maneira mais inteligente de vencer a partida e conquistar o 22º título estadual do clube.
O treinador santista armou duas linhas defensivas bem perto da área para atrair o entrosado e organizado adversário. Sem o habitual poder ofensivo, já que o time ficou sem Lucas Lima ainda no 1º tempo e depois sem Ricardo Oliveira na etapa final, a muralha na frente da área funcionou. O Audax pressionava e com isso abria mais espaços para os rápidos contra-ataques santistas. Recuperando a bola, o Santos encurralava a defesa de Fernando Diniz. Na jogada seguinte, era encurralado pelo time de vermelho.
O gol do título veio exatamente assim. O Audax trocava passes a exaustão na tentativa de achar espaço para furar o bloqueio santista. Até que Vitor Bueno (que jogou mais centralizado depois que Lucas Lima deixou o gramado) roubou a bola atrás, avançou em velocidade pelo meio e fez um lançamento preciso, em profundidade para Ricardo Oliveira. O centroavante, que após a partida confessou em lágrimas que jogou no sacrifício, driblou seu marcador e bateu rasteiro, na saída do goleiro Sidão. Era tudo o que o Santos precisava para manter a tranquilidade e prosseguir com sua estratégia fatal. A dez minutos do fim, o atacante Joel fez o segundo gol santista, porém muito mal anulado pela arbitragem. O camaronês não estava impedido. Nos acréscimos, o bom e novato Ronaldo Mendes ainda fez o torcedor santista resgatar a amarga lembrança recente de Nilson e perdeu o gol mais feito do jogo, livre de marcação e de frente para o gol aberto.


A conquista do título poderia ter sido mais fácil ou menos sofrida para os torcedores do Santos, não fossem as ausências de Lucas Lima e Ricardo Oliveira. Seria talvez o jogo para consagrar Gabriel, que é bom jogador, mas acredita que joga mais do que realmente joga.
O Audax cumpriu sua missão, mesmo sem o título. Corajoso e audacioso, divertiu quem gosta de futebol. Tchê Tchê, Bruno Paulo e Camacho não são craques, nem brilhantes. Mas são a "alma" de um conjunto vencedor. Os jogadores são desconhecidos, o time é pequeno, não tem torcida e não era favorito ao título. E é exatamente por tudo isso, por vestir essa farda de "franco-atirador irresponsável", que o time de Fernando Diniz surpreendeu tanto no Campeonato Paulista. Goleando o São Paulo, eliminando o Corinthians em pleno Itaquerão e fazendo o Santos mudar seu jeito de jogar dentro da Vila para levantar o troféu. O time todo foi aplaudido pelos santistas enquanto recebiam, no pódio, as medalhas pelo vice-campeonato. Mais que merecido. Futebol também é isso.
O Santos foi, de novo, campeão paulista. Com todos os méritos. Um time que joga com alegria, sempre para frente, que busca o gol a todo momento, que revela seus talentos dentro de casa e que, principalmente, se diverte jogando bola. No entanto, dessa vez quem fez história foi o audacioso time de Osasco. E mostrou que há esperança para o futebol brasileiro depois do 7 x 1.




Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.

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