quinta-feira, 2 de junho de 2016

O PRETO NO BRANCO DO CORINTHIANS

*por Adriano Oliveira

O gol demorou a sair. Somente aos 37 minutos do 2º tempo, através de Giovanni Augusto. E de bola parada, após muita reclamação do adversário de que a falta que originou o lance não aconteceu. Ou seja, tudo conforme a velha, boa e vencedora cartilha do Corinthians de Tite.


E foi bom assim para todos que estiveram em Itaquera.
Aos corintianos, a recuperação plena do otimismo após os fracassos no Campeonato Paulista e, principalmente, na Copa Libertadores da América, com duas eliminações dentro de casa. O time entrou em parafuso, se perdeu e parece voltar aos trilhos sob a batuta de seu "fuçado" comandante à beira do campo.
Na vitória por 1 x 0 sobre o Santos, pela 5ª rodada do Campeonato Brasileiro, o Corinthians chega à sua terceira vitória consecutiva, com 6 gols marcados e nenhum gol sofrido. O técnico Tite mostra, mais uma vez, capacidade de reinventar seu estilo de jogo dentro de campo, após o desmanche do time campeão na temporada passada. Busca se reorganizar na competição em andamento mesmo com um elenco desnivelado tecnicamente.
Aos santistas, o sinal de alerta. Nem o mais pessimista dos torcedores imaginou que o time bicampeão paulista sofreria tanto com a ausência do trio Gabriel, Ricardo Oliveira e Lucas Lima. Pior: que sofreria inclusive com o trio, principalmente fora de casa.
A vitória corintiana no clássico foi merecida, o time a buscou desde o início, pressionou, criou as melhores oportunidades e o gol, embora tardio, era somente uma questão de tempo.
O placar de 1 x 0 também foi justo para o Santos. Poderia ser pior, mas o time soube perder. Depois da pífia atuação diante do Internacional dentro da Vila Belmiro (quando também foi derrotado por 1 x 0), Dorival Júnior mostrou inteligência e simplesmente congestionou a frente de sua zaga, travando o ataque corintiano. É claro que o jogo ficou feio, truncado, modorrento. Mas é claro também que assim é o jeito que o time de Tite mais está acostumado e gosta de jogar. E, de tanto bater, o Corinthians chegou ao gol. Por outro lado, o ferrolho armado pelo treinador santista, se não resolveu, pelo menos dificultou bastante a maneira de jogar do rival. Foi a opção tática encontrada para se defender ao máximo e, num lance isolado de contra-ataque, quem sabe fazer a bola chegar até os pés ou à cabeça de Paulinho para finalizar. Não deu certo. Porém, o santista que viu a derrota anterior para o Inter certamente não ficou surpreso com o novo revés, digamos, "normal" em Itaquera. Ao melhor estilo: "1 x 0? Ufaaa!"
O Santos não sabe jogar nessa postura defensiva que Dorival Júnior foi quase que obrigado a adotar. Não vai funcionar para um time com vocação ofensiva, de futebol rápido e leve. Assim como Tite, o treinador santista precisa encontrar não apenas uma fórmula para seu time jogar sem Ricardo Oliveira, Gabriel e Lucas Lima. Mas sim para vencer sem os três jogadores, que podem nem mais voltar a vestir a camisa do clube com a chegada da próxima janela de transferências para a Europa. E não adianta o torcedor reclamar da convocação dos principais jogadores da equipe para a seleção brasileira. A CBF é implacável,  "dá de ombros" para o principal campeonato que organiza e prioriza sempre a seleção em detrimento dos clubes.
O Corinthians soma três vitórias nas últimas três partidas. Começa a subir a rampa da classificação, nem tanto com o futebol que o torcedor gostaria de ver, mas do jeito que sempre foi: como der para ser, vencer e acumular pontos. Sem o encanto de atuações brilhantes, é verdade, mas sendo consistente e jogando com solidez acima de tudo.
O grande problema para os adversários é o time do professor Tite começar a gostar do campeonato já logo no começo, como aconteceu no ano passado. E jogando como venceu o Santos em Itaquera. Simples, eficiente. Preto no Branco, literalmente.



Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns pelo texto! Sensato e realista, apesar de. Torcemos pela mudança, de forma geral.
Você sempre ensina um pouco mais nas entrelinhas :)
Beijos!

Alessandro disse...

Muito obrigado!
Mas de qualquer forma, não estou ensinando. Estamos compartilhando nossas ideias, já que gostamos demais desse esporte fascinante.
Um beijo!