sábado, 8 de fevereiro de 2014

PATO POR JADSON. BOM NEGÓCIO PARA QUEM?


A inesperada troca entre Jadson e Alexandre Pato foi um bom negócio para São Paulo e Corinthians? Hoje sim. Afinal, Muricy ganhou mais um atacante e Mano Menezes conseguiu o meia que pediu, já que o desmotivado Douglas foi para o Vasco. Mas se voltarmos no tempo um pouco mais de um ano, a transação representa uma péssima relação custo-benefício para o Corinthians. O clube pagou R$ 40 milhões para repatriar uma interrogação chamada Alexandre Pato, que permanecia mais tempo na sala de fisioterapia do Milan do que dentro de campo. Apostou num projeto de marketing do jogador-galã que, para ter êxito, teria que jogar. Pois bem, a comissão técnica recuperou-o fisicamente. Mas Pato não jogou. Esteve sempre disponível, mas não jogou. Mal tecnicamente. Desinteressado profissionalmente. Um ano depois de sua apresentação com pompa e circunstância, Pato chegou ao fim da linha e agora vai reforçar o São Paulo, um dos maiores rivais do Corinthians, e o "bando de loucos" do Parque São Jorge ainda se comprometeu a pagar metade de seus salários até o fim do empréstimo, em dezembro de 2015. Tudo isso pode ser classificado como "bom negócio"? Claro que não. Os investidores que trouxeram Alexandre Pato da Itália para o Brasil devem estar decepcionados, bem mais do que os próprios corintianos. Até mesmo a passagem de Adriano pelo Corinthians foi mais favorável do que a de Pato. Por exemplo, muita gente se lembra do gol de Adriano contra o Atlético-MG que praticamente assegurou o título brasileiro de 2011 para o Corinthians. E alguém se lembra de um gol de Pato, marcante ou não? Quase ninguém. No entanto, todos se lembram do polêmico e displicente pênalti perdido contra o Grêmio, que eliminou o Corinthians da fase final da Copa do Brasil de 2013.
Pato esteve sempre disponível, mas seu futebol esteve sempre ausente. A torcida passou então a exigir, no mínimo, a tradicional disposição, raça, carrinhos, marcação. Em vão. Afinal, esse não é o estilo de jogo de Alexandre Pato. Nunca foi.
Além disso, e o dinheiro-extra do marketing, fruto da forte exposição de Pato na mídia? Não veio como se esperava. Pior: principalmente por causa do tal pênalti perdido contra o Grêmio, Alexandre Pato se tornou o símbolo da decadência de um time que teve um 2012 carimbado de títulos expressivos. Ao lado de Emerson Sheik, foi talvez o jogador mais perseguido e cobrado por boa parte dos corintianos na temporada passada.
Com a saída de Paulinho para o futebol europeu, o Corinthians ficou carente de um jogador que chamasse a responsabilidade para si, como fazia o volante-artilheiro "salvador". Desde então, o futebol da equipe foi ficando cada vez mais previsível e os resultados desapareceram. A escassez de vitórias e o excesso de empates fez Tite, o treinador mais vitorioso do clube, sucumbir ao cargo e entregá-lo novamente a Mano Menezes, que assumiu em 2014. Desmotivado e bastante pressionado por todos os lados (até mesmo pelos próprios companheiros de equipe), Pato "se entregou" e enfim foi negociado com o São Paulo de Juvenal Juvêncio e Muricy Ramalho. Aí sim passou a ser um bom negócio quando, sem nenhum clima favorável, praticamente teve que deixar o Corinthians.
Prejuízo? Isso é assunto para os dirigentes. Para os torcedores isso não importa. O que o torcedor quer na verdade são vitórias e, principalmente, comemorar títulos. Mesmo que o futebol seja feio, no caso do Corinthians da "era Tite".
Do outro lado, a mudança de ares pode fazer bem para Alexandre Pato no Morumbi. E se ele se mostrar mais focado e interessado, pode cair nas graças do técnico Muricy Ramalho e jogar um futebol que ainda é uma cara e enorme interrogação. Será um desafio de motivação, pois nem a possibilidade de disputar uma Copa do Mundo parece animar o atacante de R$ 40 milhões.
Jadson é bom jogador e chega ao Parque São Jorge sem pressão. Afinal, entra no lugar de uma "estrela" que o Corinthians apostou numa ressaca pós-títulos e que depois foi obrigado a se desfazer dela. Não chega com a missão de ser o craque do time, como se esperava de Pato (para os cofres do clube, uma boa notícia: pagar o salário integral de Jadson mais metade dos vencimentos de Pato será mais barato. Jadson recebia R$ 300 mil no São Paulo e Pato ganhava R$ 800 mil no Corinthians. Dessa forma, o Corinthians agora deve desembolsar R$ 700 mil mensais, ou seja, R$ 100 mil a menos que antes).
Diferentemente de Jadson, Pato continua pressionado. Pelos dirigentes corintianos (já que ele foi apenas emprestado), pelos seus investidores (que não querem perder dinheiro) e agora também pelos são-paulinos, que estão desconfiados e não se mostram tão confiantes com sua chegada. Menos mal assim, pelo menos não se cria a mesma expectativa que o são-paulino teve com outra ave, o Ganso.
O Corinthians pelo menos fez alguma coisa. Não tinha como ficar parado de braços cruzados aguardando a partida em que Pato resolvesse de fato brilhar. Decidiu agir. A diretoria precisava dar uma satisfação para si própria. E assim o fez.
Eis uma nova chance para Pato e Jadson. Só depende deles. Como se viu, ou as pessoas mudam ou serão mudadas. E ambos já devem ter percebido  que a paciência tem limite.