quarta-feira, 15 de outubro de 2014

GARRINCHA NÃO JOGARIA NOS DIAS DE HOJE


Leandro Damião puxou a própria camisa dentro da área após cobrança de escanteio. A grande maioria entendeu que o atacante santista usou de malícia para simular uma eventual infração e induzir o árbitro a assinalar um pênalti. Mas e daí?
Fanfarrão, canastrão ou esperto, Damião usou um de uma infinidade de "recursos" que fazem parte de qualquer jogo.
Garrincha, por exemplo, um dos maiores gênios da história do futebol, teria dificuldade para jogar nos dias de hoje.
E não seria por causa do suposto jogo “mais pegado” ou de “forte marcação”. Isso não seria nenhum problema para as mágicas pernas tortas do Mané. Muito pelo contrário. Se Garrincha e tantos outros craques de sua geração tivessem a estrutura, as chuteiras, os salários e os gramados que temos hoje, certamente fariam jogadas ainda mais irreverentes e desconcertantes.
E é justamente esse o motivo da dificuldade que teriam hoje: desconcertar.
O drible mais sensacional de Garrincha seria motivo de julgamento no STJD.
Afinal de contas, como assim gingar na frente do adversário e fingir ir para um lado enquanto vai para o outro? É certo ludibriar o seu oponente? Onde já se viu Garrincha usar um artifício que faça o jogador do outro time perder a capacidade de raciocínio por uma fração de segundos, deixando-o sem graça diante de seu treinador, de seus companheiros de equipe, dos torcedores nas arquibancadas e de milhões de telespectadores? O quanto um drible malicioso como esse pode influenciar no andamento da carreira de um jogador que, por um instante, ficou “desnorteado”?
O maior de todos, Pelé, costumava tocar a bola nas pernas do adversário para recebê-la um pouco mais na frente e finalizar para o gol. Ou seja, quando não tinha nenhum companheiro a seu lado, fazia tabela com seu próprio combatente. E como fez gols dessa maneira. Imagina se hoje Pelé fizesse o mesmo?
O que pretende Ronaldinho Gaúcho ao olhar para um lado e tocar a bola para o lado oposto? E Valdívia, com seu tradicional “chute no vácuo”? Como tem coragem em fingir que vai chutar e não chutar? Como fica a cabeça do adversário?
Tão petulante quanto Robinho ao dar as famosas oito pedaladas sobre o lateral Rogério, na final do Campeonato Brasileiro de 2002. Isso não poderia ter causado um transtorno emocional no então jogador corintiano?
Seria um absurdo acreditar que um gol de mão já decidiu uma partida de quartas-de-final de Copa do Mundo, mesmo sendo "la mano de Díos" como disse Diego Maradona?
E a tal da substituição que quase todo técnico costuma fazer aos 44 minutos da etapa final para “ganhar tempo” quando o placar está favorável? Não é desleal com o time rival que tem pouquíssimo tempo para tentar mudar o resultado da partida?
Se começasse a ser exibido hoje, o seriado mexicano “Chaves” seria censurado por bullying. Por que o futebol, assim como quase tudo no mundo, está ficando cada vez mais chato.

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