sexta-feira, 3 de outubro de 2014

SORTE OU AZAR, SEU JUIZ?


Você já viu alguma vez um sorteio dos árbitros para cada rodada do Campeonato Brasileiro? Você conhece os critérios utilizados para definir os tais sorteios de cada partida?
O sorteio foi instituído pela Lei Pelé justamente para isso. Ser público, explícito e tentar evitar manipulação no campo de jogo. No entanto, pouca gente conhece o processo. Mas “sortear” um árbitro resolve esse problema, elimina esse risco? Baseado em quê?
O conceito e as regras de arbitragem são estabelecidos pela FIFA. No mundo inteiro. Porém, por razões óbvias, no caso do futebol brasileiro, as informações se confundem e dentro de campo vemos um festival de interpretações erradas e duvidosas que resultam em péssimas arbitragens. Quais são as tais razões óbvias?
Em todo o planeta, abaixo da FIFA vêm as confederações continentais. Se estivéssemos na Europa, seria a UEFA. Que bom. Mas não, como estamos em terras tupiniquins, a banda que toca por aqui é a da Conmebol (e por causa disso mesmo não copiamos de quem deu certo). Abaixo da Conmebol, quem manda (e desmanda) é a CBF, de Ricardo Teixeira, José Maria Marin e agora Marco Polo Del Nero. No rodapé desse mecanismo “engenhoso” vêm finalmente as federações estaduais. Como quase tudo o que acontece nos bastidores de todas essas instituições, é natural imaginar que as comissões de arbitragem estão entupidas de dirigentes selecionados por critérios políticos, e diversas vezes o conhecimento técnico de arbitragem fica num plano secundário, sem tanta importância assim. Daí cria-se uma fórmula de “sorteio” na tentativa de evidenciar o quanto se busca eliminar algum risco de manipulação de resultados. E segue o jogo.
Outro fator que contribui bastante para que o juiz seja cada vez mais xingado pelo torcedor, é que a arbitragem não é profissionalizada. Não existe preparo, o conhecimento técnico é desprezado e longe de termos um padrão de trabalho dos árbitros, em todos os níveis de competição.
Por essas e outras razões, um pênalti é marcado a dois metros de distância da área, não existe critério para bola na mão ou mão na bola, impedimentos escandalosos são omitidos e os inexistentes são assinalados. A mesma falta que é marcada no meio de campo deixa de ser assinalada dentro da área. Qual é o critério?
Para tentar minimizar, inventaram mais dois postos (ou "postes") dentro de campo: os tais assistentes que ficam atrás de cada gol. Na verdade, torcedores privilegiados que não pagam ingresso para assistir a partida bem de perto. Na última rodada do Campeonato Brasileiro, um desses “auxiliares” não enxergou a bola quicar quase um metro para dentro do gol e sair, no jogo entre Santos x Goiás, no Pacaembu.
Na semana passada, estava em pauta a enorme polêmica sobre o toque da mão dentro da área, quando é intencional ou quando é involuntário. Choveram discussões, debates, declarações, polêmicas. Mas e se a recomendação de quem manda na arbitragem estivesse devidamente documentada? No papel, no manual de instruções dos apitadores? Mas não. Tudo é questão de interpretação subjetiva por parte dos homens de preto. E isso pode arruinar um jogo, um campeonato. A instrutora da Comissão de Arbitragem, Silvia Regina, declarou na televisão que “se o cara der azar da bola bater na mão dele, o pênalti tem que ser marcado”. Ou seja, a própria representante do universo geral dos árbitros demonstra um conhecimento técnico baseado no “azar ou na sorte” dos jogadores, de interpretação claramente subjetiva.
O árbitro brasileiro também não é orientado para privilegiar o momento mais esperado: o gol. Se um lance de impedimento gera dúvida, o assistente prefere se desobrigar da responsabilidade e assinala infração. Na dúvida, o impedimento normalmente é marcado em detrimento de uma condição clara de gol.
Pior: árbitros costumam ser caseiros. Diante de uma situação de pressão, eles geralmente optam por favorecer o time de maior torcida no estádio, mesmo diante dos holofotes e das imagens que não mentem. É quase um instinto natural de um árbitro não-profissional.
Talvez por causa do tipo de orientação passada aos apitadores, o número de pênaltis marcados no Brasil subiu 150%. E o jogo ficou mais lento, mais truncado, mais previsível, mais feio. E mais “duvidoso”.

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