domingo, 9 de novembro de 2014

A PONTE PRETA VOLTOU. MAS FALTA O "ALGO A MAIS".


Diferentemente de boa parte das coisas da vida, o futebol é uma opção. É você quem escolhe o time que deseja torcer. Por exemplo, seria ótimo se ao nascer todos tivessem a opção de escolher ser pobre ou rico. Mas a vida é de verdade. E o futebol é uma das raras coisas na vida que nos permite essa escolha.
Sendo assim, por quê cargas d’água alguém escolhe torcer para um time pequeno, do interior, que pouca gente conhece a história, que será eternamente a “zebra”, já que você pretende amá-lo para o resto de sua vida, faça chuva ou faça sol, na alegria ou na tristeza? De certa forma, por que alguém pode escolher "sofrer"?
Mas existem as tais "coisas da coisa", aquelas que não têm explicação. E o futebol faz parte desse universo.
Longe de sofrer, torcer para a Ponte Preta é um caso de amor. E quase uma obrigação.
Afinal, em Campinas, ou se torce para a Ponte ou para o Guarani. Não há espaço para outros times, nem que sejam os considerados grandes, dos craques da televisão e dos holofotes reluzentes da mídia. Não existe torcedor misto entre ponte-pretanos e bugrinos. A cidade é dividida na metade verde e na outra metade alvinegra.
Mesmo sendo times do interior, o derbi campineiro é considerado uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro. Todo mundo conhece a tradição desse duelo.
Mas falta um "algo a mais" para a Macaca. Talvez, para muita gente, o mais importante. Falta comemorar um título. Seu rival, o Guarani, teve a petulância de ser campeão brasileiro em 1978. E da Primeira Divisão.
E a Ponte Preta?
Provavelmente sua bisavó ainda nem tinha nascido quando a Ponte Preta surgiu, no longínquo ano de 1900. É o time de futebol profissional mais antigo do país. E seu uniforme não é parecido com o do Vasco da Gama. Porque foram eles, os cariocas de São Januário, que copiaram do time de Campinas. A Ponte foi seis vezes vice-campeã paulista. Em 1997 foi a segunda colocada da Série B do Campeonato Brasileiro. E, em 2013, o clube passou muito perto do que seria uma façanha histórica e foi vice-campeão da Copa Sul-Americana. Depois de eliminar Velez-Sarsfield e São Paulo, o então time do técnico Jorginho perdeu a final para o Lanús, na Argentina. Mesmo sendo a prima pobre da Copa Libertadores da América, o título da Copa Sul-Americana seria o Olimpo dos 114 anos de existência do clube e faria morrer de inveja qualquer torcedor bugrino. Mas novamente o título não veio. E a velha galeria continua vazia e empoeirada.
Em 2014, a Ponte Preta é a atual líder da Série B do Campeonato Brasileiro e com a vitória sobre o Bragantino já conseguiu o acesso antecipado à elite do futebol nacional, exatamente um ano depois de ser rebaixada.
Agora restam quatro rodadas para a conquista do tão esperado título que pode (finalmente e oficialmente) inaugurar a sala de troféus do estádio Moisés Lucarelli. E fazer reviver os áureos tempos de Carlos, Oscar, Dicá, Polozzi e companhia.
A Nêga Véia voltou, de novo. E que dessa vez volte com "algo a mais". Porque, felizmente, o futebol é uma opção.

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