quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O "ALGO A MAIS" DO CAMPEÃO ATLÉTICO-MG


Tudo caminhava bem para o Cruzeiro desde a temporada passada. Estava até sem graça. Apesar da eliminação na Libertadores, neste ano vieram dois títulos: o estadual e o bi-campeonato brasileiro. Um time forte, entrosado, bem treinado, que jogava acima da média e contava com o tropeço quase constante de seus adversários diretos.
Mais sem graça ainda ficou quando a Copa do Brasil se tornou o sonho possível da tríplice coroa, que já havia sido conquistada pelo próprio Cruzeiro há onze anos. Um time grande daqui, um time mais ou menos dali, e deu a lógica: o Cruzeiro chegou às finais.
Até que, num estalo, alguma coisa aconteceu. Surgiu pela frente o que seria a tormenta revirando as águas calmas por onde navegava o time celeste: o arqui-rival Atlético-MG. Pior: embalado por duas viradas épicas. Um time avassalador, com o algo a mais necessário para não apenas mudar a lógica, como torná-la impensável até para o mais otimista dos atleticanos. Afinal, eliminar Corinthians e Flamengo, dois times de massa, nas mesmas circunstâncias, revertendo um placar adverso de 2 x 0 no jogo de ida com duas goleadas por 4 x 1 no jogo de volta? Não, não é apenas mérito, tampouco sorte.
E veio o primeiro título nacional a ser disputado pelos arqui-inimigos. Uma decisão inédita, entre o time mais consistente contra o time que joga o futebol mais vistoso do país. O clássico mais importante da história do futebol de Minas Gerais que confundiu o Cruzeiro. Pois talvez o Atlético-MG não seja melhor, mas o clássico histórico o tornou muito maior.
De um lado um time envolvente, porém controlado. De outro, um time agressivo e quase irresponsável. A matemática dos pontos corridos, fria e calculista, diante da empolgação dos mata-matas, que desafia o melhor e busca o que vem além da razão.
Já que perdeu o primeiro duelo por 2 x 0, só havia uma alternativa ao coeso Cruzeiro: partir para cima do Atlético-MG, se entregar, assumir o risco inerente à uma decisão como essa, sem medo de alguma contusão ou coisa do gênero, afinal, era o último jogo do ano para o vitorioso time celeste. E o principal: era contra eles.
E eles, os alvinegros, jogaram no Mineirão pintado de azul da mesma forma que os colocaram ali na grande final e com o mesmo brilho nos olhos da Libertadores de 2013. Um futebol vibrante, alegre, como se não houvesse mais amanhã depois de cada partida decisiva. Vitória por 1 x 0, o gol do título inédito com ares de crueldade, já que foi marcado por Diego Tardelli, catimbeiro, decisivo e goleador. Sim, o único gol de Tardelli nessa Copa do Brasil tinha que ser justamente na final. E, claro, contra eles.
Para ter a tríplice coroa, o Cruzeiro precisava ser o Atlético-MG das quartas-de-final e das semifinais. Precisava do “algo a mais” que não teve em nenhum momento da grande decisão, mesmo com a necessidade de ter de reverter o placar.
Torcer para o Cruzeiro continua fácil. Só que, dependendo da situação, é preciso mais que técnica, talento e disciplina.
As vezes é preciso também ligar o "foda-se".

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