sábado, 1 de novembro de 2014

100 ANOS DO TIME QUE NÃO ACABA


O primeiro time Campeão Paulista do Interior em 1919, o que pouca gente sabe.
O time que revelou Zito, que depois se consagrou no Santos ao lado de Pelé. Aliás, apesar de nascer em Roseira, o craque "taubateano" foi simplesmente o jogador mais respeitado pelo Rei do Futebol dentro de campo. Fez até gol em final de Copa do Mundo.
O time que parou Zito, Pelé e Pepe em 1958. Pois quem foi ao antigo Campo do Bosque para ver Pelé, acabou vendo Zé Américo. E mais que isso, viu algo incomum naquela época: uma derrota do Santos, a então máquina de fazer gols.
O time que foi Campeão Paulista da Segunda Divisão de 1979. E, quis o destino, justamente sobre eles, 2 x 1 diante do arqui-rival São José. Com direito a final no Parque Antarctica, arbitragem de José de Assis Aragão e televisão. E eu, pivete, estava lá com meu velho.
O time que revelou Edmar, artilheiro do Campeonato Paulista de 1980, que depois jogou no Corinthians e no Palmeiras.
O time que sucumbiu à inoperância de seus dirigentes em 1984, voltando para as divisões inferiores. E que chegou ao fundo do poço em 2009, ao ser rebaixado para a 4ª divisão do futebol paulista.
Hoje o taubateano fala pouco do time da cidade. Desacreditado que dias melhores virão, o público no velho Joaquinzão em dias de jogos reflete a desconfiança dos torcedores. O "Gigante do Vale" que um dia parou Zito e Pelé, atualmente não paga salários, está sem comando e discute sua própria sobrevivência para os próximos anos. O torcedor já aceita o deboche dos rivais joseenses sem a mesma revolta do passado, onde a rivalidade era muito mais intensa.
Talvez o taubateano até acredite ainda em alguma coisa, ainda goste de caçoar do rival São José, mas a cada temporada impõe limites para sua paixão.
Afinal, o time ainda vive. Ou melhor, sobrevive. Culpa de administrações fracassadas no decorrer de um século de existência.
No entanto, é importante lembrar que, mesmo diante de todos os velhos e conhecidos problemas, o E.C. Taubaté não morreu. Pelo contrário, completa 100 anos.
Embora, a cada ano, seu próprio torcedor acredite que, no ano seguinte, o clube vai acabar. E ele não acaba.
Ainda não existiu um dirigente, por mais incompetente que fosse, capaz de por fim ao que move o futebol: o imponderável.
Se foram 100 anos de amadorismo em vez de profissionalismo, não adianta lamentar. O mais importante é que foram 100 anos de futebol, de alegrias, de tristezas, de euforia, de decepção, de rivalidade com o São José. De tardes de sol forte ou de chuvas de granizo nas arquibancadas do Joaquinzão. Do inconfundível apito do trem da Central do Brasil, cujo maquinista caprichosamente pára no alto do morro atrás de um dos gols para saborear alguns minutos de partida.
100 anos do E.C. Taubaté, do Burro da Central.
O time que não acaba.

Nenhum comentário: