sábado, 1 de setembro de 2012

GANSO NÃO É MERCENÁRIO. MAS TEM QUE DEIXAR A VILA BELMIRO.


Eu estava no estádio do Pacaembu lotado, dia 2 de maio, quando o Santos foi campeão paulista de 2010. Um dos melhores times que já vi jogar, com Neymar, André, Wesley, Edu Dracena, Marquinhos, Robinho, Léo e Arouca. Mas aquela final teve um personagem especial. Um jogador que, a partir dali, passou a ser visto como diferenciado, por tudo o que fez durante, mas principalmente no jogo mais importante do campeonato. Foi Paulo Henrique Lima, o Ganso. Ele participou decisivamente do jogo, pode-se até dizer que ele carregou o time nas costas nos últimos 15 ou 20 minutos, quando o Santos estava com apenas 7 jogadores na linha mais o goleiro. A brilhante partida de Ganso ofuscou outros talentos naquela tarde, como Neymar e Robinho, e o troféu estadual coroou pela primeira vez a carreira profissional desse bom jogador que veio do Pará para a Vila Belmiro, indicado por outro paraense, o ídolo Giovanni, que também brilhou com a mesma camisa 10 santista na metade dos anos 90. Entre passes perfeitos e toques geniais, Ganso segurou a bola no final do jogo, isolado na frente, sem nenhum companheiro para lhe ajudar devido à três expulsões na equipe do Santos. Foi campeão com méritos. Nenhum santista esquecerá sua participação decisiva naquela decisão. Muito menos eu, que estava na arquibancada.
De lá para cá, as coisas mudaram completamente. Atrapalhado por uma série de lesões, Ganso praticamente não jogou no 2º semestre de 2010 e durante a temporada de 2011, quando fez apenas 2 jogos na campanha vitoriosa da Copa Libertadores. Por causa de lesões e consequentemente falta de ritmo, o meia viu seu futebol cair de produção, e a torcida também. Juntou-se a isso as seguidas polêmicas em relação a sua renovação de contrato. Ganso rejeitava as propostas do clube e via, enquanto isso, seu amigo Neymar ganhar muito dinheiro com salário e publicidade. Mal assessorado e vislumbrando um salário irreal de acordo com seu futebol decadente, a relação azedou entre jogador, clube e torcida.
Ganso está visivelmente esgotado e desmotivado. Até mesmo na seleção brasileira não joga absolutamente nada e foi cortado das recentes convocações. De repente surge uma proposta de um clube rival, o São Paulo, do totalitário Juvenal Juvêncio. A multa contratual de Ganso para times brasileiros é de R$ 53 milhões. O clube do Morumbi ofereceu primeiro R$ 11 milhões, depois R$ 28 milhões. Prontamente recusadas pela diretoria santista, que avisa que o meia só deixa a Vila Belmiro mediante um depósito do valor integral da multa, em parcela única. Por outro lado, Ganso tem atuações pífias dentro de campo. Não é mais, nem de longe, aquele meia clássico e habilidoso que encantou o país com seu futebol em 2010. Há 2 anos, parecia que o Brasil tinha finalmente reencontrado o craque da camisa 10 da seleção para a Copa do Mundo de 2014. Alarme falso. Para piorar a situação, Ganso foi escolhido pelos torcedores como o culpado pela desastrosa derrota de virada para o Bahia, por 3 x 1, em plena Vila Belmiro. Em troca pelo mau futebol apresentado pelo jogador, torcedores lhe atiraram moedas das arquibancadas. Enquanto dava entrevista na saída para o vestiário, o próprio jogador via o gramado repleto de moedas e ouvia gritos de "Mercenário!".
Ganso não é mercenário. Até porque, como ele próprio disse, tem um dos menores salários do elenco santista. E tem todo o direito de se transferir para outro clube, assim como qualquer pessoa tem o direito de trabalhar onde bem quiser. É só uma questão de rescisão contratual. Mas Ganso tem que sair do Santos. Ele não quer mais jogar no Santos. Recusou uma proposta salarial de R$ 420 mil mensais no Santos e teria aceito receber R$ 280 mil mensais no São Paulo. Ganso não está jogando mais futebol no Santos. Seu desempenho se resume em tocar a bola de lado, para o jogador mais próximo, não corre e não marca sem a bola. E o fim da linha foi na derrota diante do Bahia dentro de casa. Seu tempo passou na Vila Belmiro. E não sai como ídolo, podendo até sair pela porta dos fundos.
Portanto, a saída do Santos é necessária, não há mais ambiente, e se ficar, será fortemente cobrado pela torcida. Será vaiado novamente nas derrotas, nos passes errados, nas substituições. A torcida tem o direito de protestar sim. E Ganso não tem feito nada de produtivo dentro de campo para rebater os protestos.

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