NÃO SE PODE MAIS COMEMORAR GOLS?

Há tempos o futebol vem se tornando uma coisa chata. Aliás, como quase tudo neste mundo. Sou contra todo e qualquer tipo de violência, mas tem coisas que extrapola os limites do bom senso. Não se pode fazer ou falar mais nada nos dias atuais. Se estreasse hoje, o seriado "Chaves" seria censurado por bullying.
Na 25ª rodada do Brasileirão, dois fatos inusitados. Dois jogadores levaram cartão amarelo por "comemorar" seus gols. E não foi porque tiraram a camisa. Não fizeram isso.
No jogo Coritiba 1 x 2 Santos, no estádio Couto Pereira, Neymar foi vítima de insultos e xingamentos por toda a partida, razão do recalque de torcedores adversários. As vaias eram constantes ao atacante santista, que estava bastante apagado em campo. Só que no 2º tempo Neymar fez 2 gols, um deles driblando 5 jogadores paranaenses antes de finalizar para o gol. Um golaço. E saiu comemorando em direção à torcida santista, porém retribuindo em gestos às provocações que recebeu das arquibancadas. Levou cartão amarelo que o impede de estar em campo na próxima rodada, por suspensão automática. Ou seja, o jogador é xingado e vaiado a exaustão o jogo inteiro e não pode comemorar seus gols fazendo um simples gesto de "não ouvi" para a torcida que o pilhou. Foi punido por isso.
Já no clássico Palmeiras 0 x 2 Corinthians, no Pacaembu, o alvo foi o atacante Romarinho. Verdadeiro algoz do time verde, o atacante corintiano fez o 1º gol do jogo e foi comemorar diante da torcida palmeirense, beijando o escudo de sua camisa. Tal atitude provocou a ira de parte da torcida e de alguns jogadores do Palmeiras, especialmente do atacante Luan que, enfurecido, partiu para cima do novato jogador rival. Romarinho também levou o cartão amarelo, mas quem levou a pior foi Luan. Pouco depois, depois de uma dividida no meio de campo, acabou sendo expulso pelo árbitro.
Tenho saudade da época das declarações polêmicas, das piadas, das trocas de farpas entre jogadores e dirigentes, das coreografias depois dos gols, das dancinhas, de se ter o direito de comemorar um gol, uma vitória, uma decisão e até um rebaixamento do rival.
Futebol é pura rivalidade, é tiração de sarro, é gozação. Se não puder ser mais assim, vira jogo de tênis e perde todo o seu encanto.