quarta-feira, 16 de abril de 2014

VICENTE MATHEUS x JUVENAL JUVÊNCIO

Em mais ou menos 30 anos acompanhando futebol, me lembro de ter visto em algum lugar do rádio ou da televisão uma história bem interessante envolvendo dois ícones do mundo da bola: Vicente Matheus e Juvenal Juvêncio. Ambos são personagens do futebol, folclóricos, irreverentes, petulantes, admirados e, claro, queridos. Costumo dizer que Vicente Matheus foi o mais corintiano de todos os presidentes do Corinthians. Permaneceu no comando do clube por 18 mandatos, entre 1959 e 1989, e com toda sua influência e história dentro do Parque São Jorge, acabou por eleger sua mulher, Marlene Matheus, que o sucedeu na presidência até 1993 (a primeira mulher a ocupar o posto). Foi vencedor em várias batalhas pelo Corinthians, mas na vida pessoal foi derrotado por uma insuficiência pulmonar que lhe tirou a vida aos 88 anos, em 1997. Deixou saudades.
Juvenal Juvêncio é advogado, ex-investigador de polícia e ex-deputado estadual. Está no São Paulo FC desde 1984, quando assumiu o cargo de diretor de futebol. Presidente do clube desde 2006 (já havia ocupado o posto de 1988 a 1990), Juvenal é carismático, polêmico, provocador, conhecido por seu estilo falastrão, sem papas na língua.
Os dois dirigentes representam o futebol a moda antiga, genuíno, autêntico, cheio de rivalidade, como tem que ser.
A tal história interessante? Pois bem.

“Diz a lenda que, em certa tarde de um certo dia no fim da década de 80, os presidentes dos principais clubes do país estavam reunidos na sede da CBF, no Rio de Janeiro, para discutir e votar uma decisão importante para todos. Uma espécie de reunião do 'Clube dos 13' da época.
Faltava um só dirigente: Vicente Matheus. Porém, mesmo com o atraso do corintiano, a reunião teve que começar, pois todos tinham seus compromissos. Depois de toda a discussão, chegou a hora da votação para decidir o que seria feito e nada de Vicente Matheus aparecer. Depois de um longo período de espera e imaginando que ele não mais chegaria, todos decidiram começar a votação mesmo sem o representante do Corinthians. Quase no fim dos votos, adentra-se na sala um Vicente Matheus apressado, efusivo, derrubando papéis de sua pasta por todos os lados e falando em tom ofegante:
 – Me atrasei demais, foi a Ponte-Aérea, me desculpem... O que foi que eu perdi?
Irritado, um dos dirigentes se dirigiu a ele e disse:
 – Perdeu toda a discussão, Matheus. Mas não há mais tempo para explicações, já estamos terminando a votação. Vamos lá, você vota sim ou não?
Desconfiado, Matheus perguntou:
 – O quê o Juvenal votou?
 – O Juvenal votou ‘sim’, respondeu outro dirigente.
E Matheus, sorrindo sorrateiramente:
 – Então o meu voto é ‘não’. O que é bom para o São Paulo não é bom para o Corinthians.
Todos caíram na gargalhada e a votação, logo depois, se encerrou.”

A velha e boa rivalidade do esporte mais popular da Terra.

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