sábado, 5 de abril de 2014

QUEM MANDA NUM DOS MAIORES CLUBES DO MUNDO?

Imagine um clube de 115 anos conhecido em todo o planeta e com mais de 57 milhões de torcedores. Seus jogos são considerados eventos turísticos na região de seu país e sua filosofia constitui uma demonstração clara de nacionalismo regional. Seu futebol é sinônimo de talento e o clássico contra seu rival é exibido em rede planetária de televisão. Um clube que, até 2011, jamais havia estampado algum logotipo de empresa em sua camisa. E que, desde 2011, recebe 30 milhões de euros anuais para exibir, juntamente com a da Unicef, a marca da "Qatar Foundation", o que representa o maior contrato de patrocínio da história do futebol mundial. O clube que jamais foi rebaixado de divisão e o que mais cedeu jogadores para a sua seleção nacional. Um clube cujo faturamento anual é de 483 milhões de euros (aproximadamente R$ 1,5 bilhão), sendo 117 milhões de euros com venda de ingressos, 188 milhões de euros em cotas de televisão e 176 milhões de euros em patrocínios e licenciamento de sua marca.
E quem é o dono deste clube? Quem dá as ordens? Quem manda?
Os torcedores. Os sócios.
Uma prova? Por 72% dos votos, os sócios do Barcelona aprovaram o projeto de reforma do Camp Nou, intitulado "Novo Espaço Barça". A proposta inclui a ampliação do estádio, dos atuais 98 mil lugares para 105 mil, além de uma nova cobertura e melhorias em todo o bairro onde o Camp Nou está localizado. O custo previsto é de 600 milhões de euros (ou cerca de R$ 1,8 bilhão).
Mais de 37 mil sócios votaram, pouco mais de 30% do total. Também participaram do plebiscito jogadores como Xavi, Iniesta, Piqué e Puyol. Dirigentes e ex-dirigentes, além de autoridades públicas, também compareceram.
As obras têm data para começar e terminar. Se iniciam em maio de 2017 e finalizam em fevereiro de 2021. Até mesmo a cessão de "Naming Rights" foi decidida pelos sócios, ou seja, o direito de uma empresa explorar o nome e as dependências do estádio. Por tudo isso o Barcelona seja, talvez, um clube com números tão expressivos.
Existe algo no mínimo parecido em terras tupiniquins?
Claro que não. Por aqui, os dirigentes pensam completamente diferente e sentem-se donos dos clubes. Mandam e desmandam sem pudor e não consideram a opinião de ninguém. O que importa são os interesses em torno do futebol. Os torcedores são meros espectadores que pagam ingressos caros, em estádios desconfortáveis e sem segurança, e se quiserem são obrigados a ir aos estádios em horários ruins definidos pela emissora de TV que detém os direitos de transmissão.
No tal do "País do Futebol" os sócios e torcedores não "apitam" absolutamente nada. Não importa o tamanho da torcida ou a grandeza do clube. O interesse do torcedor ou sócio é voto vencido.

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