sábado, 24 de maio de 2014

MANO E SEU "CONCEITO DE FUTEBOL"

Mano Menezes retornou ao Parque São Jorge com a missão de criar algo novo e motivador para um time que ganhou tudo e que passou a não ganhar nada. Diante de uma torcida ainda mais exigente, insatisfeita com a “empatite” de 2013, o técnico provavelmente está perdendo noites de sono.
Mas o que Mano Menezes tem de diferente em relação ao Tite? Por que acreditar que, com o Mano, o time voltaria a dar resultado, mesmo jogando feio? O quê Mano poderia acrescentar na continuidade de um projeto que Tite teve tanto êxito?
Tite e Mano são retranqueiros de ofício, mais ou menos equivalentes no jeito de pensar o jogo. Praticam um futebol de forte marcação, defensivo, com excesso de volantes, que prioriza o resultado no lugar do futebol bem jogado. Com o Tite, o Corinthians jogava sem brilho, sem plástica, sem graça, mas era eficiente. As vitórias eram magras, sofridas, mas engrenavam e faziam o time se sobressair. Com o Mano, o time que era difícil de se vencer passou a ser o time difícil de vencer. Mas por quê?
Porque para um time funcionar (e isso não significa necessariamente ter de jogar bonito), é preciso mais que um desenho tático na prancheta. É preciso ter um ambiente de cooperação, uma relação de confiança entre comandante e comandados.
Tite era “paizão” e Mano parece ser o “sargentão”. Tem jeito que fala pouco, que pede poucas opiniões, que prefere o estilo totalitário. Talvez por isso somente ele seja o exímio conhecedor de um “conceito de futebol” que nenhum jogador terráqueo seja capaz de compreender.
As passagens frustradas pela seleção brasileira e pelo Flamengo tornou o fardo pesado demais para Mano Menezes carregar. Para treinar e fazer seus times jogarem como quer, é preciso mais que um brilhante conceito de futebol na cabeça. É preciso ter diálogo, jogo de cintura, a confiança do vestiário, que é um ambiente sagrado no mundo dos boleiros. Sem o controle do vestiário, o treinador perde o comando. E sem comando não se acrescenta nada de novo ou motivador. Não se chega a lugar nenhum.
Porque o técnico não consegue fazer um time jogar pela autoridade. Mas pela influência que exerce sobre o elenco. E percebe-se dentro de campo se essa influência é positiva ou negativa.
Na postura do “sargentão” de cara sempre amarrada, sem conversa e sem estabelecer uma relação de confiança mútua, será difícil para o Mano fazer um time, qualquer um, assimilar seu “conceito de futebol”. Jogando feio ou bonito.

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