quinta-feira, 19 de março de 2015

O "GRAN FINALE" COM ARES DE CRUELDADE


Luis Fabiano invade a área pela direita e chuta forte, cruzado e rasteiro. A bola passa pelo goleiro argentino e vai sair pela linha de fundo. Mas o também argentino Centurión aparece na pequena área e, oportunista, faz o gol. A torcida comemora por alguns segundos até perceber que, na lateral do campo, o bandeirinha ergue o braço e assinala o impedimento, confirmado inexistente pelas imagens de TV. O são-paulino, em desespero, levanta as mãos para o céu e se pergunta: “ Será?”
“Será” que a vitória não viria por causa da marcação equivocada de um bandeira “fora-da-lei”? “Será” que o time seria eliminado ainda na primeira fase da Copa Libertadores justamente no mesmo grupo onde também está seu maior rival? “Será” é a pergunta que não se cala na cabeça do são-paulino, acostumado com menos tormentas no torneio sul-americano.
Não havia outra opção para o São Paulo que não fosse a vitória no Morumbi. O San Lorenzo, atual campeão do continente, se defendia e até se tornava perigoso nos contra-ataques, mesmo com uma baita limitação técnica. O time de Muricy Ramalho, num misto de insegurança e coragem, pressionava e tentava encontrar a bola salvadora da noite. E ela veio somente aos 44 minutos do 2º tempo. Na cabeça de Michel Bastos, de peixinho, para o gol, em cruzamento certeiro do lateral Carlinhos, que errou quase tudo o que fez antes de acertar o pé no "gran finale" de um jogo com ares de crueldade.
Devido às circunstâncias, é quase impossível analisar taticamente o time do São Paulo no segundo tempo. Paulo Henrique Ganso, talvez a esperança de um lampejo de genialidade, mais uma vez estava apagado, confuso, perdendo bolas. Só não errou mais passes que Carlinhos e Luis Fabiano (que atingiu a marca de 72% de passes errados no jogo). Ganso, que se diz "acima da média no futebol brasileiro", foi substituído no fim da partida pelo novato Boschillia. E recebeu vaias da torcida pela primeira vez desde que chegou ao Morumbi. Um baque duro para o meia que deve sentir saudades dos tempos em que trocava passes e fazia jogadas com Robinho e Neymar. É claro que não é a mesma coisa que tabelar com Denílson e Souza, por exemplo. Depois do jogo, ele ainda tentou minimizar a sonora chuva de vaias ao declarar que "quando se está ganhando, o torcedor aplaude qualquer chutão". Não, Ganso. O torcedor sabe ler o jogo e as vaias foram pelo sufocante "Será?" e pela soma de suas recentes atuações nos jogos mais importantes. Ademais, coincidência ou não, assim que Ganso deixou o campo saiu o gol da sofrida vitória.
O São Paulo não foi brilhante, mas lutou até o fim. Nem foi a vitória ou o tal do "divisor de águas" que o são-paulino tanto esperava e gostaria de ter visto, mas o time venceu do jeito que deu e continua vivo na Libertadores. Valeu pelo resultado. O jogo contra o San Lorenzo foi angustiante, suado, tenso. Mas é importante para um time vencer mesmo quando ainda não convence seu torcedor.

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